Autor; Erivaldo Alencar.
Letra; 22 07 2008 e música; 10 08 2008
Peço autorização
Para uma história contar
Uma história verdadeira
Que me prazo em narrar
Citarei só a verdade
Sem nada acrescentar
Eu contarei o romance
De Josefa e Aderaldo
É minha própria história
Contada por Erivaldo
18 anos de vivência
E alguns meses de saldo
Aderaldo jovem simples
Que padre queria ser
Filho de agricultor
Na roça se fez crescer
Casou-se com Genuína
Oito filhos viu nascer.
Depois de anos de casado
Ele se aventurou
E com uma moça Julia
Seus trapos ele juntou
Viveu com ela até quando
A mesma se suicidou.
Josefa também morava
Nesta mesma região
Nasceu em Baturité
Mas casou neste sertão
Mulher mãe de quatro filhos
Médium mas sem profissão.
O destino traiçoeiro
Uma peça lhe pregou
Quando menos esperava
Josefa enviuvou
Um irmão de sua amiga
A seu marido matou
Com a morte do marido
A sua casa deixou
Todos pertences que tinha
Veio alguém e roubou
Recorreu a previdência
E logo se aposentou.
Ela foi para cidade
Um emprego arranjou
E quando viu Aderaldo
Logo se apaixonou
Amor a primeira vista
O romance começou.
A Josefa e a Julia
Eram amigas de verdade
Nem a morte do marido
Fez perder sua amizade
Pois ela não teve culpa
Daquela fatalidade.
Com as duas Aderaldo
Ir as festas costumava
Ele gostava das duas
Mas pra Julia não demonstrava
Josefa sabia que
De Julia ele gostava.
Mas quando Julia não ia
Pra Josefa recomendava
Cuidado com Aderaldo
Nela ela confiava
Não sonhava que Josefa
Com Aderaldo ficava
Certa vez o Aderaldo
Foi com Josefa pra festa
Mas em um descuido dela
Bem no meio da seresta
Aderaldo sai com Brígida
Em seu carro pra floresta.
Josefa o viu sair
Dali com uma mulher
Correu mas não alcançou
Por se encontrar a pé
Esperou qu’ele voltasse
Pra começar o funaré.
Aderaldo ao voltar
Ela se aproximou
Quem é esta negra suja
Que em seu carro levou
Eu quero saber por quê
Por este lixo me trocou.
Aderaldo assustado
Pensou consigo tou perdido
Que desculpa vou lhe dar
Antes qu’eu seja ferido
Bem feito qu’ela me bata
Quem manda ser enxerido
Disse-lhe me acompanhe
Vamos até ali na frente
Lá nós nos entenderemos
Não precisa ser valente
Controle-se não vá brigar
No meio de tanta gente.
Da festa os dois saíram
Pra um lugar isolado Entraram os dois no carro
E o tempo ficou fechado
Ele salvou-se do pior
Mas passou um mal bocado.
Pra encerrar discursão
Aderaldo apressou
Virou pra ela e disse
Embora agora eu vou.
Se quer ir comigo vamos
Festa pra mim acabou
Josefa lhe respondeu
Veja que coisa engraçada
É você que faz as coisas
E eu que sou a culpada
Saiu com uma vagabunda
E me deixa desprezada.
Não há que fazer aqui
É melhor queu vá embora
Só tive decepções
Me leva pra casa agora
Estou pra morrer de ódio
Não suporto mais demora.
Os dois saíram dali
Sem um pro outro olhar
Josefa cuspindo fogo
Ele triste a pensar
Tudo indicava que
O mundo ia acabar
Chegando a casa dela
Do carro ela desceu
Com a raiva qu’ela tava
Nenhum beijinho lhe deu
Lhe disse vai me pagar
Tudo o que fez com eu.
Josefa muito nervosa
Chegou à porta chutando
E tudo que encontrava
Em sua frente foi quebrando
E decepcionada
Ela chorava brigando
A sua mãe assustada De medo estremeceu
Fez da fraqueza a força
Sem saber que aconteceu
Sem entender perguntou
Menina quem te mordeu
Josefa aos rebates
Respondeu indignada
Aderaldo saiu com outra
Uma qualquer desbundada
Mas ele vai me pagar Sua cama tá armada.
Aderaldo arrependido
Sem mais tempo a perder
Bateu de volta pra casa
Começou consigo dizer
Quantas besteiras que fiz
Em que eu fui me meter
Com o que fiz a Josefa
Não vai me dar seu perdão
Quem sabe pensando bem
Mude de opinião
Reconheça que me ama
Devolva-me seu coração.
No dia seguinte ela
Bem cedo se arrumou
Foi para a casa da Julia
Contou tudo que passou
Só que ela gostava dele
Isto ela não contou
Disse Josefa pra Júlia
Preste-me bem atenção
Ontem na festa passei
A maior decepção
Eu fiquei envergonhada
Do que fez seu garanhão.
Que aconteceu Josefa
A Júlia lhe perguntou
Favor, não esconda nada.
Diz-me tudo que passou
Não admito mentiras
Toda ouvido eu sou.
A Josefa disse Júlia O Aderaldo não presta
Ele estava feliz Com outra mulher na festa
Botou ela no seu carro
E a levou pra floresta.
Era uma mulher de transa
Muito feia magricela
Mulher de pele escura
Não tinha nada de bela
Parecia um canhão
Se abraçando com ela.
Disse Julia está bem
Deixe Aderaldo comigo
Ele vai me pagar caro
Ouça bem o que te digo
Pelo que você me disse
Estou correndo perigo.
Quando inda conversavam
O Aderaldo chegou
Sem perceber a visita
Abriu a porta, entrou.
E abraçando a Júlia
Fortemente a beijou.
Fingiu não ficar surpreso
Com Josefa deparar
Tudo bem contigo Josefa
Que bom em te encontrar
Graças ao bom deus eu vejo
Que a paz voltou reinar
Julia não comentou nada
Que Josefa lhe contou
Alguns dias se passaram
Quando ela preparou
Para ir a uma festa
A amiga convidou
Elas preparam um plano
Para Brígida pegar
Sem que Aderaldo soubesse
Foram com ele farrar
Elas bebiam com ele
Sem ele desconfiar.
A certas horas da noite
Cansaram de esperar
Pediram licença a ele
Foram Brígida procurar
Mas ela não foi pra festa
Desta pode escapar
Júlia ficou encucada
Pela Brígida não pegar
Inconformada ela disse
Isto a limpo vou tirar
Vou forçar o Aderaldo
A mim tudo confessar.
Certo dia ela disse
Aderaldo venha cá
Quero saber a verdade
Não adianta negar
Quem é esta mulher de transa
Pode começar contar.
Aderaldo lhe respondeu
Não sei de quem tá falando
Você acredita em toda
Besteira que andam contando
Eu não sou nada do que
Andam de mim fofocando.
Júlia disse Aderaldo
Estou de tudo sabendo
Tudo o que você diz
E o que anda fazendo
Quem é essa tal de Brígida
Vamos vai logo dizendo.
Aderaldo lhe perguntou
Diz quem foi que lhe contou
Quem foi esta fofoqueira
Que a isto inventou
Só pode ser um alguém
Que mim de apaixonou.
A Júlia sorrindo disse
Que coisa mais engraçada
Com este jeito sinistro
Fez de mim mulher cifrada
Foi Josefa quem contou
Toda esta palhaçada.
Aderaldo sussurrou
Tu confias muito nela
Está com mais de dois anos
Que tenho um caso com ela
Mas ela não te contou
Que eu sou o homem dela
A Júlia não se conteve
Investiu contra ele sim
Deu de garra duma faca
Disse pra ele assim
Desta vez a Josefa vai
Pagar tim-tim por tim-tim.
Correndo de rua abaixo
Ela foi em disparada
Aderaldo correu atrás
Até chegar na baixada
Quando por felicidade
A Júlia foi alcançada.
Aderaldo a segurou
Com muito cuidado e trato
Tomou a faca da Júlia
E a jogou lá no mato
E disse Júlia agora
Iremos firmar um trato.
Ela respondeu zangada
Josefa vai me pagar Sai da minha frente cara
Não queira me enfrentar
Eu só descanso um dia
Quando ela eu matar.
Aderaldo disse Júlia
Não se meta em confusão
Se for para casa dela
Tu me perderás então
Se não voltares pra casa
Não serás mais minha paixão.
Júlia disse está bem
Eu irei voltar agora
Não quero mais discutir
Vamos meu bem sem demora
A última coisa que quero
É que você vá embora.
Daquele dia por diante
Júlia não se conformou
Ser traída pela amiga
Ela nunca aceitou
Mas de pegar a Josefa
Um plano ela traçou.
Josefa foi uma festa
E com Júlia encontrou
Júlia agrediu a Josefa
Uma briga se formou
Meio a tantos palavrões
Forte temporal fechou.
Após alguns meses depois
A Júlia não satisfeita
Foi à casa da Josefa
Cheia de maus suspeita
Armada e preparada
Para vingar a desfeita.
Ao chegar a casa dela
Josefa tinha saído
Ameaçou a mãe dela
Fez horrendo alarido
Mas jurou não desistir
De cumprir o prometido.
Quando as coisas arruinaram
Aderaldo foi pro roçado
Tomar conta da fazenda
E da criação de gado
Julia também foi pro sítio
Para ficar do seu lado
Com algum tempo depois
Aderaldo viajou
Pras bandas do Mato Grosso
E Júlia no sítio ficou
Do sitio e da criação
Conta de tudo tomou
Júlia se vendo sozinha
Outro homem arranjou
Quando Aderaldo voltou
Alguém tudo lhe contou
Arrependida do que fez
Júlia se suicidou.
Com o suicídio dela
A Josefa foi pra lá
Pra ficar com Aderaldo
E dos bens dele cuidar
Mas depois para a cidade
Eles tiveram que voltar
Depois disto Aderaldo
Para São Paulo viajou
Mas nada para ele deu certo
Pra sua terra voltou
Depois para Juazeiro
Com Josefa arribou
Depois foram pra Bahia
Mas tiveram que voltar
Tudo estava errado
E começaram brigar
Como não se entendiam
O jeito foi se separar.
Aderaldo arrependeu-se
Pra ela pediu perdão
Josefa lhe perdoou
Deu de volta seu coração
Aderaldo voltou pra casa
Pra viver em comunhão
Com pouco tempo depois
Ela começou beber
Deixou de cuidar bem dele
Brigas vieram ocorrer
Ela falava pra ele
Tenho nojo de você
Dizia pro Aderaldo
Não gosto mais de você
Vai embora desta casa
Nunca mais quero te ver
Se é de viver contigo É preferível morrer.
Quando Aderaldo chegava
De casa ela saía
Encostar-se perto dela
Ela não admitia
E nesta história toda
Aderaldo quem sofria.
Certo dia ele chegou
Em casa ela não estava
Procurou com as vizinha
Onde ela se encontrava
Logo ele percebeu
Que ela em casa chegava.
Mas nem em casa entrou
Voltou sair novamente
Deu sete, oito da noite.
E ele impaciente
Nove, dez, onze da noite.
Ele aborrecidamente
Mandou avisar pra ela
Pra casa não mais voltar
Tinha 24 horas
Pra de casa se mudar
Foi pra casa da sua mãe
E com ela foi morar
Ela caiu na bebida
Passou a falar mau dele
Tudo que aconteceu
Botava toda culpa nele
Dizia pra todo mundo
Não quero mais nada com ele.
Ela formou uma viagem
Pra capital do Ceará
Ele foi falar com ela
Pensando poder reatar
Ela disse vou embora
Para nunca mais voltar
Mas ele ficou sozinho Na sua casa morando
Inda ficou muitos meses
Por Josefa esperando
Não perdia a esperança
De logo vê-la voltando
Um dia estando sozinho
Um alguém apareceu
Com desculpa de um coco
Seu Coração ofereceu
Aderaldo não resistiu
Com gratidão recebeu
Ele se juntou com Rosa
Uma viúva vizinha
Mas quando Josefa soube
Quase que perdeu a linha
Voltou imediatamente
Para enfrentar a rinha
Logo ao chegar de volta
Foi com Rosa encontrar
Como você é covarde
Querer meu marido tomar
Pra você ficar com ele
Vai ter que me enfrentar.
Rosa disse pra Josefa
Eu não sou covarde não
Deixou ele, foi embora.
Em triste situação
Sou uma viúva livre
E dele não abro mão
Eu quero que saiba Rosa
Ele eu não vou perder
Eu apenas dei um tempo
Pra poder me refazer
Agora voltei pra ele
E vou tomá-lo de você
Disse Rosa vamos ver
Quem vai ganhar de nós duas
Tenho minha casa própria
E você mora nas ruas
Ele não vai me deixar
Pra viver nas garras suas
Josefa saiu de lá
Foi Aderaldo procurar
Disse Aderaldo quero
Com você voltar morar
Faço tudo que quiser
Custe o que me custar
Aderaldo calmamente
Tenha um pouco de prudência
Estou morando com Rosa
Tenha santa paciência
Não posso sair assim
De toda esta turbulência.
Quero saber Aderaldo
Ainda gosta de mim?
Quero saber não me negue.
Sem ti seria meu fim
Se contigo não era bom
Sem ii é bem mais ruim.
Disse Aderaldo pra ela
Você sabe muito bem
Tu és tudo que eu quero
E tu me amas também
Você estando comigo
Eu não quero mais ninguém.
A Rosa ficou sabendo
Pra Aderaldo falou
Tá saindo com Josefa
Alguém já me avisou
Pra sair da minha casa
São três dias que lhe dou.
Passado o prazo dado
Uma casa alugou
Pegou a sua bagagem
Pra nova casa mudou
Foi procurar a Josefa
Pra sua casa levou.
Aderaldo e Josefa
Se juntaram novamente
Estão vivendo felizes
Curtindo a vida contente
São mais felizes que antes
Formam um casal descente
O que aqui escrevi
Tirei dum caso verdade
Onde há amor perfeito
Reinará felicidade
Não há intrigas que separe
Amor com fidelidade.
Francisco Erivaldo Pereira Alencar.
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