Autor: Erivaldo Alencar.
Letra: 28 03 023 e música:
Peço licença ao leitor
Pra fazer a narração
De Jesus Cris e Deus
Eu quero inspiração
Bem-te-vi e o Gavião.
Eu amo a natureza
Tenho prazer em dizer
Amo os animais e faço
Tudo pra os defender
O que eu faço por eles
Faço com muito prazer.
Foram criados por Deus
Pra viver em liberdade
Pois cada animalzinho
Tem sua utilidade
Eles não foram criados
Pra viver presos na grade.
Tenho admiração
Por todos os animais
Merecem nosso respeito
E tratados por iguais
Se não podem ajudá-los
Más maltratá-los jamais.
Hoje escolhi duas aves
Conhecidas no sertão
Diferentes uma da outra
Que merece atenção
Vou falar das peripécias
Do Bem-te-vi e o Gavião.
Onze espécies existem
De Bem-te-vis no Brasil
Povoa o continente
Esta ave varonil
Uma ale corajosa
Valente, veloz e sutil.
Família dos Tiranídeos
Com habitat na campina
Ele tem por predador
Cobras e aves de rapina
Gosta de pegar insetos
Na chuva fina e neblina.
É uma ave esperta
Que vive em sociedade
Tanto habita no campo
Como também na cidade
Se alimenta de sementes
Tem amor a liberdade.
Mundo afora existem muitos
Espécies de gaviões
Da família Acipitrídeos
São centros das atenções
Como ave de rapina
Tem fama de valentão.
O Bem-te-vi e o Gavião
Nunca se entenderam bem
O Gavião predador
Quando a presa detém
Faz dela seu alimento
Da forma que lhe convém.
O Bem-te-vi ao contrário
Um excelente cantor
Canta o seu próprio nome
Um pássaro bom voador
Amigo das outras aves
Tá sempre de bom humor.
Sempre que se encontravam
Era aquela confusão
Com indiretas e insultos
Cada qual mais valentão
O encontro das duas aves
Terminava em discursão.
Gavião tinha vontade
De pegar o Bem-te-vi
Certa vez ao vê-lo longe
Disse, cara vem aqui
Quero falar com você
Más não posso ir ai.
Balançando a cabeça
Bem-te-vi disse não vou
Se quiser falar comigo
Você sabe aonde estou
Não confio em você
Saiba que trouxa não sou.
Gavião se levantou
Com a cara de zangado
Dizendo vou te pegar
Seu Bem-te-vi depenado
Eu vou te estraçalhar
E vou te comer assado.
O Bem-te-vi respondeu
Não é a primeira vez
Que você quer me pegar
Más de mim virou freguês
Com o meu bico afiado
Acaba tua estupidez.
O Gavião voou rápido
Para o Bem-te-vi pegar
Disse você não tem chance
Desta não vai escapar
Eu vou fazer de você
Delicioso jantar.
O Bem-te-vi mui esperto
Tirou o corpo de lado
Gavião passou direto
E caiu estatelado
Ainda gritou raivoso
Eita Bem-te-vi danado.
Bem-te-vi olhou pra ele
E de uma gargalhada
Bem que eu disse Gavião
Você não tá mais com nada
Com outra desta tu vais
Ficar de cara inchada.
O Gavião respondeu
Você se acha esperto
Diz que é um valentão
Más de mim não anda perto
No dia que eu te pegar
Vou te comer no deserto.
Bem-te-vi disse coitado
De valente só tem nome
Por que que não aproveita
Do meu caminho se some
Se ficar me perseguindo
Você vai morrer de fome.
O Gavião revoltado
É melhor eu ir embora
Tou cansado de você
Não vou te pegar agora
Não se preocupe cara
Que minha volta tem hora.
O Gavião se mandou
Pela mata capengando
O Bem-te-vi sorridente
Ficou da fera mangando
Desta escapei por pouco
E daqui vou me mandando.
Depois de um mês passado
Do incidente ocorrido
Gavião recuperado
Más inda não esquecido
Já é chegado o momento
De eu pegar o atrevido.
Eu sei onde ele passa
Todo dia pra caçar
Vou pegar o Bem-te-vi
Desta vez não vou falhar
Tou com meu papo vazio
Dele vou me alimentar.
Gavião se exercitou
Voou e partiu ligeiro
Vou armar uma tocalha
Na folhagem do juazeiro
Quando Bem-te-vi chegar
Darei o bote certeiro.
Ele não vai perceber
De estar sendo tocalhado
Estou morrendo de fome
Eu tenho que ir vexado
Lá pra o pé de juazeiro
Vou logo tou atrasado.
Assim foi o Bem-te-vi
Sem nada desconfiar
Que o maldito Gavião
Estava a lhe esperar
Com as garras afiadas
Para o Bem-te-vi pegar.
Ao chegar ao juazeiro
Tudo parece normal
De repente o Gavião
Com instinto infernal
Saiu do esconderijo
Com cara de bicho mal.
Atrapalhou na folhagem
E saiu da direção
Atropelou sua caça
E se estendeu no chão
Bem-te-vi diz assim não
vale
Querer pegar-me a traição.
Gavião inconformado
Depressa se levantou
Bem-te-vi da mesma forma
Para o galho voltou
Disse monstro traiçoeiro
Outra vez não me pegou.
Gavião desnorteada
Pôs a voar sem destino
Bem-te-vi voou atrás
Foi bicando o assassino
Se torcendo o gavião diz
Para com isto menino.
Bem-te-vi não dava chance
Ao pobre do Gavião
Fazia malabarismo
Ao levava tanto bicão
Tu hoje vais aprender
Deixar de ser valentão.
Vem me pegar Gavião
Tu não reages porquê?
Cadê sua valentia
Não tenho medo de você
Você só tem arruaça
Eu tenho ódio de ocê.
O Gavião foi embora
Com ódio e revoltado
Corpo todo dolorido
Por muito ter apanhado
Jurando consigo mesmo
Um dia eu serei vingado.
O Bem-te-vi nem aí
Curtia sua liberdade
Observava consigo
Movimento da cidade
Caçando, cantarolando
Sem responsabilidade.
O Gavião não cansava
De arquitetar vingança
De pegar o Bem-te-vi
Sua última esperança
Eu estou passando fome
Preciso encher minha
pança.
Eu sou maior e mais forte
Porque que eu perco pra
ele?
Vou esmagar o Bem-te-vi
Não vou mais apanhar dele
De uma forma ou de outra
Vou botar as garras nele.
Eu irei agora mesmo
Procurar o Bem-te-vi
A fome está demais
Eu vou sair por ai
Hoje mato minha fome
Fome igual nunca senti.
Gavião saiu às pressas
Quando de longe avistou
O Bem-te-vi entretido
Pro Gavião não ligou
Cauteloso o Gavião
Dele se aproximou.
Gritou para o Bem-te-vi
Dai-me um pouco de atenção
Eu vim marcar um duelo
Já que tu és valentão
Vamos fazer uma aposta
Quem vencer é campeão.
Caso você me vencer
Eu te faço um juramento
Não te perseguirei mais
Meu compromisso sustento
Eu serei o teu escravo
Vou sofrer más eu aguento.
Se por acaso o duelo
Para mim você perder
Farei de ti um almoço
Gotoso pra eu comer
Aceita ou não duelo?
Responda quero saber.
Más é claro que aceito
O Bem-te-vi respondeu
Precisamos dum juiz
Que não seja meu nem teu
Juiz imparcial que não
Favoreça tu nem eu.
Gavião disse tá certo
Pode ser o Carcará
Bem-te-vi se espantou
Pior que ele não há
Nós vivemos em conflitos
Carcará não servirá.
Sugeriu o Urubu
Um sujeito cauteloso
O Gavião disse não
Urubu é preguiçoso
Ele não dar pra juiz
Pelo o mesmo ser medroso.
Vamos chamar a Cauã
É uma ave mui fina
Bem-te-vi diz Deus me
livre
Para juiz não combina
Ela é igual a tu
Uma ave de rapina.
Gavião fica nervoso
Diz: Você é um problema
Sei que não vai descordar
Da cantora Seriema
Ela é forte e tem pulso
A honradez é seu lema.
O Bem-te-vi cantarola
Tai, gostei da proposta
A Seriema é séria
De arbitrar ela gosta
Temos que falar com ela
Ver se ela tá disposta.
Dali saíram os dois
Pra falar com a Seriema
Depois da proposta feita
Ela diz há um problema
Não faço apadrinhamento
Seriedade é meu lema.
Eles marcaram a data
Dia vinte de janeiro
As duas horas da tarde
Partindo do juazeiro
Pra o desfecho do duelo
A rinha, o sertão inteiro.
Também ficou decidido
Em caso de haver empate
Em duas horas de luta
Se encerrava o embate
Os dois selavam a paz
Pondo fim todo debate.
Dali os dois se mandaram
Cada um pra seu reduto
O Bem-te-vi saltitante
Dos pássaros o mais astuto
Dia vinte de janeiro
Vou matar aquele bruto.
Gavião diz pra si mesmo
Pensam que eu sou menino
Vou fazer o impossível
Sem jamais perder o tino
No duelo vou comer
Este Bem-te-vi granfino.
Os dias foram passando
E a data se aproximando
Enquanto trocavam farpas
Seriema se preparava
Pra arbitrar o duelo
Coisa que ela mais amava.
Na véspera do evento
Seriema foi lembrar
O duelo é amanhã
Vocês não vão atrasar
Lá sou eu que dar as
ordens
O melhor quem vai ganhar.
É chegado o grande dia
Do grande acontecimento
Gavião e Bem-te-vi
Chegaram para o evento
Seriema também chegou
Naquele mesmo momento.
Ela uniformizada
Toda cheia de razão
Disse: vem cá Bem-te-vi
E vai pra ali Gavião
Logo que eu apitar
Comecem a competição.
Seriema em seguida
Com muita força apitou
No juazeiro então
O duelo começou
Os dois se engalfinharam
Um no outro se grudou.
Os dois caíram do galho
Passaram a rolar no chão
Uma hora o Bem-te-vi
Em cima do Gavião
Outra hora o Gavião
Em cima do valentão.
O Gavião se soltou
E começou a voar
O Bem-te-vi em cima dele
Sem dele se desgarrar
Gavião deu corrupio
Para o Bem-te-vi pegar.
A briga continuava
Os dois brigavam igual
Os xingamentos se ouviam
No espaço sideral
Seriema diz meu Deus que
Duelo fenomenal.
Os dois muito machucados
Sem forças caíram ao chão
Seriema fez a contagem
Os dois sem mover ação
O juiz deu porte empate
Duelo se campeão.
Gavião e o Bem-te-vi
Continuaram no chão
Seriema diz deu empate
Acabou competição
Não terá mais brigas entre
Bem-te-vi e Gavião.
Levantem e vão pra casa
Cada um pra seus abrigos
Por favor, derem as asas
Pois não são mais inimigos
Vivam em paz e felizes
Eternamente amigos.
Francisco Erivaldo Pereira
Alencar.
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