sábado, 21 de abril de 2012

1.023 – UMA ARROBADA

Autor; Erivaldo Alencar.

Letra ; 30 09 2009 e música; 20 12 2009.


Há muitos anos atrás
Eu saí do meu lugar
Fui parar lá em São Paulo
Pensando em trabalhar
Depois de ganhar dinheiro
Pra minha terra voltar.

Eu cheguei lá em São Paulo
Longe do meu aconchego
No outro dia bem cedo
Eu fui procurar emprego
Onde eu ía ouvia
Falar só em desemprego

Bati de porta em porta
De casas comerciais
Prestadoras de serviços
Empresas industriais
Buscando qualquer emprego
Nos mais diversos locais

Eu levei pouco dinheiro
E já estava acabando
Sem saber o que fazer
Um amigo foi falando
Veja nos classificados
Que tem emprego sobrando.

No outro dia bem cedo
Saí com disposição
Eu fui comprar um jornal
E já vi de antemão
Um breve comunicado
Que me chamou atenção.

Este jornal estampava
Precisa de empregado
Não precisa experiência
O trabalho é ensinado
Para ganhar dez salários
Não precisa ser formado

Dali eu saí às pressas
Para o endereço tal
O escritório ficava
Na Praça da Catedral
O número esqueci
Mas inda lembro o local.

Chegando lá o rapaz
Atendeu-me muito bem
O emprego é garantido
Somente tem um, porém.
Uma taxa de matrícula
Terá de pagar também.

A taxa paguei a vista
As apostilhas peguei
Por quinze dias seguidos
Por treinamento passei
Junto com outros colegas
Ansioso me preparei.

Quando foi na sexta feira
O rapaz nos avisou
Amanhã haverá testes
Para saber quem passou
Pra quem passar uma carta
De apresentação eu dou.

Com este aviso nós
Fiquemos mui revoltados
Os testes que você diz
Não consta nos classificados
Mas que daqui sairíamos
Todos nós já empregados.

No sábado eu voltei
Para os testes fazer
Encontrei os meus colegas
Revoltados pude ver
Fizemos combinação
Como íamos proceder

Quando adentremos a sala
Para os testes fazer
Pra cada um de nós uma
Máquina de escrever
Desmanteladas e sem fitas
Um abuso pode crer.

Propositalmente todos
Fizemos os testes errados
Deixemos o responsável
Do escritório assustado
Para falar com o chefe
Nós fomos orientados.

Nós éramos dezesseis
Na mesma situação
Todos diante do chefe
Começou a discursão
Falando ao mesmo tempo
Foi grande a confusão.

Naquele momento o chefe
Pra conter a confusão
Mandou a moça fazer
Cartas recomendação
Para todos envolvidos
Naquela insurreição

Dali nós saímos todos
Com uma carta na mão
Cada um para seu lado
Com a recomendação
Em busca do falso emprego
Prometido pelo chefão.

No escritório da fábrica
Disseram-me pra entrar
Eu preenchi um cadastro
Pra noutro dia voltar
Eu só seria empregado
Caso no teste passar.

Eu saí aborrecido
Vendo que fui enganado
Na Praça da Catedral
Os outros tinham chegados
Reunimos-nos lá mesmo
Sobre o assunto citado.

Em passeata saímos
Para denúncia fazer
Fomos parar no Degran
Pro problema resolver
Exigíamos de volta
Dinheiro pago receber.

No Parque Pedro Segundo
Nós fomos bem recebidos
Naquela repartição
Um a um fomos ouvidos
Lá na justiça tivemos
O direito defendido.

Depois de sermos ouvidos
Pelo doutor delegado
O chefe do escritório
Por ele foi intimado
Para ir falar com ele
No mesmo dia marcado

Com pouco tempo depois
O chefe apareceu
Perante o delegado
O chefe se defendeu
Mas nada do que ele disse
A justiça não convenceu

O delegado propôs
Pra um acordo fazer
A taxa que nós paguemos
Em dinheiro devolver                                                                                                                                                                            Que o escritório nenhuma
Pena iria sofrer

O chefe do escritório
Sem nenhuma resistência
Garantiu nos pagar tudo
Mas exigiu paciência
Marcando pra outro dia
Cumprir com a anuência.

No dia marcado nós fomos
Receber nosso dinheiro
Entremos no escritório
Ouvimos o chefe primeiro
Foi preenchendo os cheques
Do primeiro ao derradeiro

Com o cheque preenchido
E pelo chefe assinado
Eu fui lá para Santana
Andando um pouco apressado
Eu fui trocar o meu cheque
Lá no banco indicado.

Com o dinheiro no bolso
Para a Praça voltei
Nenhum dos meus companheiros
Lá eu não os encontrei
E naquele escritório
Nunca mais lá eu pisei.

Quando o nordestino sai
Do seu querido natal
O seu ponto de apoio
Na Praça da Catedral
Desnorteado procura
Emprego pelo jornal

Que aconteceu comigo
Pra mim serviu de lição
Nunca mais eu cairei
Em mãos de espertalhão
Eu analiso primeiro
Para tomar decisão

Cuidado com os empregos
Com promessas avantajadas
Onde há muitas vantagens
Poderá ser marmeladas
É preciso ter cautela
Pra não cair em arroubadas.


                Francisco Erivaldo Pereira Alencar

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