sexta-feira, 26 de maio de 2023

3.132 - A BRUXA DO PAU OCO.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 26 05 2023 e música:

 

 

Era uma vez uma bruxa

Que vivia na floresta

Era uma bruxa malvada

Que a tudo ela detesta

Mesmo com tanta ruindade

Gostava muito de festa.

 

Tinha o nome de Pau Oco

Vivia da bruxaria

O oco de um pau grosso

Era a sua moradia

Ela morava sozinha

Companhia não queria.

 

Ela tinha uma receita

Gravada em sua memória

Fazer o mal as péssoas

O seu ofício de glória

O povo da redondeza

Conhecia sua história.

 

Ela tinha olhos grandes

De formatos arregalados

Com os dentes entramelados

Quase todos estragados

Tinha as orelhas enormes

E os pés atarrachados.

 

Nariz longo e arrebitado

Estava sempre arrepiada

Chapéu preto aba longa

Cabeça desconformada

Vestia sempre de preto

Assombrava a meninada.

 

A bruxa tinha receita

De fazer transformação

Se transformava em princesa

Em pau caído no chão

Se transformava em tocos

Em cachorro e pavão.

 

Pra cada transformação

Ela tinha uma receita

Envultava-se do nada

Uma bruxa imperfeita

Tinha pacto com satanás

Mas não causava suspeita.

 

 

Muita genta a procurava

Pra algum trabalho fazer

Com sua varinha mágica

Exercia grande poder

Uma bruxa de nascênça

E vai ser bruxa até morrer.

 

Voar era o seu lazer

No cabo duma vassoura

Ela só falava aos gritos

Se armava de tesoura

Uma bruxa escandalosa

Gostava comer cenoura.

 

Uma bruxa traidora

Não gostava de criança

Em suas conversações

Fazia muita lambança

Alcoolotra viciada

Amava fazer vingança.

 

Fumava que enchia a pança

E soltava um fumaceiro

Dias nublados e chuvosos

Sumia no nevoeiro

Criava uma cascavel

E um bode pai de chiqueiro.

 

Trapaçava por dinheiro

Fedia mais que carnice

Latia igual cachorro

Sua casa uma imundice

Desconjurava os pobres

E odiava a velhice.

 

Ela tinha a fala rouca

Gagueijava igual peru

Falava da vida aleia

Os olhos de cururu

Odiava travesti

Só comia carne cru

 

Nunca namorou na vida

Até odiava homem

Nas noites de lua cheia

Ela virava lobsomem

Quando ficava nervosa

Se amarrava com milhomem.

 

Certa vez ela saiu

Para atender um chamado

Dum homem muito doente

Por uma cobra picado

Levou a sua tesoura

Para o lugar infprmado.

 

 

Ao deparar com o doente

Ela lhe diz camarada

Deixe eu ver a tua perna

Não parece está enchada

A picada foi de leve

Não vai te afetar em nada.

 

O rapaz lhe respondeu

A picada foi no braço

Olhe aqui está vermelho

E eu já sinto cansaço

Tô com minha vista turva

Pra andar tenho embaraço.

 

Ela lhe diz me desculpe

Eu não prestei atenção

Vou fazer o curativo

Com a casca do limão

Segure esta tesoura

E me dê a sua mão.

 

Chupou o veneno da cobra

Ele se sentiu melhor

Ela diz tu estás curado

Agora quero o melhor

O pagamento da cura

Pra dor não voltar pior.

 

O rapaz pagou na hora

E ela saiu a pé

Sorrindo e falando assim

Veja a coisa como é

Eu enganei mais um troxa

Quem o curou foi a fé.

 

Logo ao chegar em seu rancho

Viu alguém lhe esperando

O que é que você quer

Sem pensar foi perguntando

A moça lhe respondeu

Mamãe está lhe chamando.

 

O que é que ela quer

A bruxa lhe perguntou

Meu irmão está doente

A moça lhe replicou

Não se aprece sinhá moça

Que agora mesmo eu vou.

 

A bruxa se envultou

Chegou lá em um segundo

O que a criança tem

Respondeu um morimbundo

Tá sentindo muitas dores

E dorme um sono profundo.

 

 

Ao ver o menino diz

Tenho pena do coitado

Dai-me três ramos de plantas

Que ele está com mau olhado

Vou fazer a benzedura

Logo ficará curado.

 

Pegou três ramos de planta

Pra fazer o curamento

Disse umas palavras estranhas

Naquele mesmo momento

O menino abriu os olhos

E ela diz ele está bento.

 

Até pareceu milagre

O menino foi curado

Ela diz foi uma moça

Que botou um mau olhado

Só não vou dizer quem foi

Pra ninguém ficar zangado.

 

A dejastrada da bruxa

Foi sair muito apressada

Não viu o batente da porta

E deu uma tropeçada

Desequilibrou e caiu

Teve uma perna quebrada.

 

A bruxa gritava aos berros

Levem-me pra o hospital

Chamem logo a ambulância

Não veem que passo mal?

Por que tão rindo de mim

Nunca senti dor igual.

 

Os presentes responderam

É pela sua loucura

Tu és bruxa poderosa

Isso tudo é frescura

Ocê diz que cura os outros

E a si mesma não cura.

 

Levaram a Bruxa louca

As pressas ao hospital

Passou pela atendente

Fez a ficha cadastral

Em seguida até o médico

Que também passava mal.

 

O médico diz a Bruxa

O que é que você sente

Estar rindo ou chorando

Fale pra mim e não mente

Também preciso de médico

Pois me encontro doente.

 

 

Fazendo muita careta

A Bruxa lhe respondeu

Estou com a perna quebrado

Este é o problema meu

O senhor é muito lento

Nem sequer olhou pra eu.

 

O doutor fala aos gritos

Vem depressa enfermeira

Leve-a pra emergência

Rápido sem brincadeira

Sem nestesia enfaixe

A perna desta topeira.

 

Feito o prossedimento

A Bruxa caiu em si

Vou pra casa pois não tenho

O que mais fazer aqui

Pulando com a pé só

Parecendo um saci.

 

Pegaram a pobre Bruxa

Puseram na ambulância

Levaram-a com cuidado

Más ela com arrogância

Diz, vai devagar motorista

Pra que esta ignorância.

 

Más depois de uma semana

Ela tem uma convução

Sem ninguém pra protegê-la

Caiu da rede no chão

Gritou pedinso socorro

Dizendo isto é maldição.

 

Novamente ao hospital

Levaram a feiticeira

Diz o doutor assustado

Só pode ser brincadeira

Esta Bruxa aqui de novo

Não suporto esta caveira.

 

Novamente medicada

Pra casa de pé voltou

Com mastruz e outras plantas

A sua perna curou

Eu sou médica de mim mesma

Orgulhosamente falou.

 

Ela voltou ao trabalho

E com a sua bruxaria

Das pessoas inocentes

A Bruxa se divertia

Em fazer medo as crianças

O que ela mais queria.

 

 

Ela usando de má fé

Atraia multidão

Com sua magia negra

Roubava a população

Da consulta que cobrava

Fazia o seu ganha pão.

 

Fingia fazer trabalhos

Pra quem quisesse enricar

Separações de casais

E separados voltar

E pra aqueles que quisessem

Um novo amor conquistar.

 

Que fazia aparecer

O que tivesse sumido

Também fazia encontrar

O que houvesse perdido

Fazia chover sem nuvens

Voltar o desaparecido.

 

Com sua oração forte

O morto ressucitar

O dia escurecer

E a noite clarear

Com o objeto do uso

O doente se curar.

 

Descoberta as falcatruas

Ela foi denunciada

A ciência comprovou

Que ela não sabia nada

Levada pela polícia

Ela foi presa algemada.

 

Depois dos dez anos presa

A Bruxa foi condenada

E com a prisão perpétua

A Bruxa foi contemplada

E sem direito a visitas

Em uma cela isolada.

 

Derrubaram o pau oco

Aonde a Bruxa morava

Que foi transformada em cisas

Com ele mistério acabava

Sem a Bruxa e o pau oco

Voltou a paz que faltava.

 

O povo esqueceu a Bruxa

Nela ninguém mais falou

O mistério ali existente

Para sempre se acabou

Presa a Bruxa morreu

Más sua história ficou.

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

3.131 - SEM DEMAGOGIA.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 26 05 2023 e música:

 

Sou Erivaldo Alencar

Falo sem demagogia

Sou poeta escritor

Amante da cantoria

Eu agradeço a Deus

Pelo o dom da poesia.

 

Escrevo e dou garantia

Gosto muito do que faço

Minha inspiração é fértil

E escrevo sem embaraço

Com a caneta na mão

Comigo não há cansaço.

 

Do meu dom não me desfaço

Por ser ele um dom divino

Dado pelo o Criador

Desde o tempo de menino

Na profissão do repente

Vou cumprir com meu destino.

 

Sou poeta de bom tino

A todos faço saber

Eu faço da poesia

Meu esporte meu lazer

Tenho bom conhecimento

Muito mais quero aprender.

 

Eu gosto de escrever

Poesia nordestina

Desde de criança eu sei

Escrever é minha sina

A minha veia poética

Jorra igualmente uma mina.

 

É uma fonte divina

Que faz jorrar poesia

Com caneta e com papel

Faço e dou garantia

Fazendo versos rimados

Aumenta minha alegria.

 

Digo sem demagogia

Sou poeta poemista

Como poeta escritor

Até me sinto artista

Na profissão do repente

Sou poeta cordelista.

 

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

3.129 – EU NÃO TENHO JEITO A DAR.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 12 05 2023 e música:

 

 

E vivo desesperado

Más não si o que fazer

Pra mim tem sido difícil

Esta situação conter

Com a mulher que eu tenho

Estar difícil viver.

 

Faço tudo pra agradar

A mulher de minha vida

Más de um tempo pra cá

Ela vive aborrecida

Ela faz o impossível

Para estragar minha vida.

 

Eu não sei o que deu nela

Para mudar tanto assim

Se acha superiora

Diz que tem nojo de mim

Tudo que ela faz na vida

É pensando em me dar fim.

 

La distorce o que digo

Só ela tá com a verdade

Blasfema e desconjura

Fere a minha dignidade

Com o coração odioso

Só pensa em fazer maldade.

 

Eu tento manter a calma

Más nem sempre eu consigo

Ela diz que eu não presto

E não escuta o que digo

Ameaça ir embora

Nem quer mais viver comigo.

 

Vive a me detratar

Me chama de vagabundo

Que eu vivo as custas dela

Que sou um cara imundo

Que homem nenhum não presta

Sou pior homem do mundo.

 

Vezes penso em ir embora

E pra sempre a esquecer

Más por me faltar coragem

Tento com ela viver

Somente eu e mais ninguém

Sabe o que eu vivo a sofrer.

 

 

Quando ela está com raiva

Começa com a quebradeira

Quebra pratos quebra xícaras

Quebra cama e cadeira

Eu não posso dizer nada

Só assisto a bagaceira.

 

Fica em estado de loucura

Uma fera indomável

As vezes eu me retiro

Pois ela é intocável

Ela deixa de ser ela

Se torna incontrolável.

 

Fala mal de todo mundo

Diz que a todos vai matar

Judia dos animais

Se arrepende e vai chorar

Por mais que eu me esforce

Eu não tenho jeito a dar.

 

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

 

 

terça-feira, 9 de maio de 2023

3.128 - RAFAEL E DIMABEL.

 

AUTOR: Erivaldo Alencar.

 

Letra; 08 05 2023 e música:

 

 

Havia um fazendeiro

No interior do Nordeste

Região localizada

Entre o Norte e o Sudeste

Próximo da África entre

Atlântico e Centro Oeste.

 

Este fazendeiro era

O mais rico da região

Dono de gado e escravos

E metido a valentão

Felisberto é seu nome

Conhecido por Barão.

 

Dono de quinze fazendas

Próprias pra criação

Ovelhas, cabras e porcos

Ele tinha de montão

Galinha, peru, capote

Ganso, pato e carão.

 

Muita criação de gado

Muitas casas na cidade

De uma rede de bancos

Loja de variedade

Duas minas e carruagens

Um homem sem piedade.

 

Dono de muitos cavalos

De campeio e montaria

Burros e jumentos de cargas

O chefão da freguesia

A sua ordem era lei

De nada ele temia.

 

O Barão era perverso

Um homem sem coração

Dono de grande arsenal

Maior de toda nação

Um ateu inveterado

Não cria na salvação.

 

Achava-se o próprio deus

Homem de grande poder

Até mesmo o governo

Tinha de lhe obedecer

Ai daquele que ousasse

Em lhe desobedecer.

 

Veio lá de Portugal

Por ser ele um desertor

Ele fugiu pra o Brasil

Aportou em Salvador

Partiu pra o desconhecido

Com destino ao interior.

 

No interior do nordeste

Uma fazenda comprou

Construiu um casarão

Com uma índia se juntou

De nome Panacabi

Dezoito filhos criou.

 

Era um monstro sem escrúpulos

Metido a conquistador

Estuprava as crianças

Nulheres de morador

Não respeitava ninguém

Causava medo e terror.

 

Dos dezoito filhos dele

Cinco eram femeninas

Todas muito educadas

Eram bonitas meninas

Ai de quem se aproximasse

Das suas cinco boninas.

 

A mais velha Carmelita

A segunda Isabel

A terceira Mariquinha

A quarta era Raquel

A mais bonita das cinco

Chamava-se Dimabel.

 

Os treze filhos do Barão

O mais velho era João

Henrique foi o segundo

Pedro, Joab e Sansão

Malaquias, Eleutério,

Juarêz e Jamelão.

 

Tibúrcio e Jeremias

Judas e Benedito

Benedito o caçula

Mais elegante e bonito

O mais amado e mais sábio

Não gostava de atrito.

 

Sua esposa Panacabi

Uma índia cearense

Da tribo dos tabajaras

Da região ipuense

Amiga de toda gente

Que ao nordeste pertece.

 

 

A Fazenda Pedra Azul

No Estado do Maranhão

Era a maior fazenda

Que possuia o Barão

Lugar onde residia

E causava assombração.

 

Tinha ciúmes das filhas

Não cansava de avisar

Nenhuma de minhas filhas

Não adianta pensar

Ter amizades com pobres

Com pobretão se casar.

 

Principalmente a caçula

A tratava com dureza

Não se atreva Dimabel

Querer rapaz da pobreza

Só se casará  um dia

Com um rapaz da nobreza.

 

Ai daquele pobretão

Que de ti se aproximar

Mandarei o acorrentá-lo

E o madarei castrar

O botarei na fogueira

E vivo mandarei queimar.

 

As quatro filhas mais velhas

Casaram-se muito bem

Com rapazes muito ricos

E foram morar além

E os treze filhos homens

Casaram-se bem também.

 

Dimabel vivia presa

Pela sua rebeldia

Os pretendentes que o pai

Para Dimabel trazia

Nenhum fazia seu gosto

E espragueijando dizia.

 

Eu só me caso um dia

Com o rapaz que eu gostar

Não quero saber de rico

Deixe que sei procurar

Com rapaz de sua escolha

Eu jamais vou me casar.

 

Ou eu caso com quem quero

Ou não caso com ninguém

Nenhum dos que me arranja

Não servem, nem me convém,

Quero um marido pra mim

Por todo o sempre amém.

 

 

A vida é minha meu pai

O senhor concorde ou não

Não vou casar com um cara

Pra lhe dar satisfação

Pode achar bom ou ruim

Sou dona do meu coração.

 

Não se atreva Dimabel

Há me desobecer

Sei que você tem juizo

Más se isto acontecer

Dou uma surra de chicote

Depois lhe mando prender.

 

Não é com ignorância

Que o senhor vai me domar

Eu não vou fazer seu gosto

Busque se conscientizar

Só casarei com rapaz

De quem eu muito gostar.

 

Virou as costas e saiu

Dizendo eu vou sair

Não lhe direi onde vou

E nem tente me seguir

Vou fazer o que eu quero

E não tente me impidir.

 

O velho ficou bufando

Diz: não posso acreditar

Esta moleca atrevida

Não vai me derrespeitar

Viro o mundo pelo averso

Se com pobre se casar.

 

Dimabel foi pra cidade

Dizendo hoje é meu dia

Não vou ficar pra donzela

Vou casar a revelia

Se não encontrar aqui

Busco noutra freguesia.

 

Entrou em uma pensão

Numa cadeira sentou

Pediu um lance a gosto

Quando um moço ali chegou

Para merendar com ela

Ao jovem convidou.

 

O moço muito acanhado

Respondeu-lhe obrigado

Ela lhe diz vem meu jovem

Não se faça de acanhado

Venha merendar comigo

E sente-se ao meu lado.

 

 

O rapaz sentou com ela

Um tanto quanto sem jeito

Dimabel olhou pra ele

E lhe diz tu és perfeito

Você é meu escolhido

Pra mim tu não tens defeito.

 

Ela diz para o rapaz

Eu me chamo Dimabel

Diga-me como se chama

Ele diz sou Rafael

Sou um pobre potiguar

Das bandas de São Miguel.

 

Fixando os olhos no moço

Começou a lhe falar

Sou solteira e bonita

A mais rica deste lugar

Responda-me com franqueza

Quer comigo se casar?

 

Rafael lhe respondeu

Eu sou um pobre lascado

Eu sai da minha terra

Aqui sou recemchegado

Não tenho nada na vida

E estou desempregado.

 

Ela diz não é problema

Gostei muito de você

Pobreza não é defeito

Também não vejo o porquê

De me recusar assim

Está querendo o quê.

 

Um jovem que ali estava

Começou a replicar

Não entre nessa meu jovem

Se não quer se encrencar

O pai dela não aceita

Ela com pobre casar.

 

O pai dela é perverso

Um homem sem coração

Se você ficar com ela

Vai arranjar confuzão

Afaste-se quanto é tempo

Dos capangas do Barão.

 

Ele baixou a cxabeça

Sem saber o que dizer

Ela lhe diz Rafael

O que tu vais resolver

Tô pra o que der e vier

Más jamais vou te perder.

 

 

Vamos levante a cabeça

Enfrente o meu pai Barão

Você não gostou de mim?

Não sirvo pra você então

Juro-te fidelidade

Aceite o meu coração.

 

O meu pai é violento

Isto não vou te negar

Que jamais vai permitir

De com pobre me casar

Más jamais vai impedir

De com pobre me juntar.

 

Rafael ficou vermelho

Não tenho medo de nada

Para casar com você

Toparei qualquer parada

Vou enfrentar o seu pai

Com toda sua cabrarada.

 

Muito bem diz Dimabel

Tu podes contar comigo

Eu preciso me casar

Viver sem ti não consigo

O meu pai queira ou não

Só caso se for contigo.

 

Vou te levar lá em casa

Pois é chagado o momento

Gosto de homem valente

Prove seu atreveento

Enfrente o velho meu pai

E me peça em casamento.

 

Rafael diz vou agora

Falar com teu pai Barão

Vou pedir ao seu pai em

Casamento a sua mão

Se ele não consentir

Está feito a confusão.

 

Dali sairam os dois

Para a casa do pai dela

Planejando o futuro

Tanto pra ele e pra ela

Encontraram o Barão

Deburçado na janela.

 

O velho olhou pra os dois

Diz-me quem tu és rapaz

Eu me chamo Rafael

E vim em missão de paz

Trazido por minha filha?

Não coisa que se faz.

Diz o velho o que tu queres

Falar de tão importante

Fale logo tenho pressa

Más não seja arrogante

Faça favor, não gagueje

Despresível viajante.

 

Rafael diz estar bem

Pois é chegado o momento

Eu vim pedir ao senhor

Dimabel em casamento

Não venha com lerolero

Quero seu consentimento.

 

O Barão diz nem em sonho

Vou lhe dizer o porquê

Não aceito o casamento

Pois você não tem com que

Minha filha não se casa

Com pobre igual a você.

 

Rafael diz eu sou pobre

Más sou homem de respeito

Me caso com Dimabel

O senhor não vai dar jeito

Dimabel e eu formamos

Um casalzinho perfeito.

 

Nisto o velho levantou-se

Não estar no seu querer

Você só casa com ela

Só depois que eu perecer

Não suporto desaforo

Fuja se não quer morrer.

 

Já gritou pra cabroeira

Peguem logo este safado

Cortem sua língua atrevida

Depois de tê-lo castrado

Pendurem-o lá na forca

Para morrer enforcado.

 

Rafael pulou de costas

Já com uma faca na mão

Deu um grito estarrecedor

Vem enfrentar-me Barão

Por Dimabel mato e morro

Comigo não há perdão.

 

Dimabel amarra a saia

Com um facão amolado

Com ódio entrou na briga

Ao lado do namorado

Enfrentando os cangaceiros

Meio ao sangue derramado.

 

 

 

Rafael gritou pros cabras

Com vocês vou divertir

Seus bonecos do Barão

Mortos no chão vão cair

Pra não brigar dou dez pulos

Dou cem para não sair.

 

Com duas horas de briga

Cem mortos tinha no chão

O restante foi embora

Naquele momento então

Rafael partiu pra cima

E aberturou o Barão.

 

Dimabel disse meu bem

Provastes que é valentão

Largue meu pai e descanse

Deixe comigo o Barão

Pai o senhor foi vencido

Dá ou não a permissão?

 

Barão tremendo de medo

Sem levantar do assento

Minha filha não me mate

Dou-lhe  o consentimento

Cuide dos preparativos

Para o seu casamento.

 

Eu vou convidar o povo

Para se fazer presente

Farei uma grande festa

Só pra lhe deichar contente

A fazenda Pedra Azul  

Eu lhe darei de presente.

 

Com menos de uma semana

Já se deu o casamento

Foram três dias de festas

Com intenso movimento

O velho os abençoou

Logo após o sacramento.

 

O Barão diz Rafael

Tu serás meu genro amado

Cuide bem da minha filha

Da fazenda e do gado

Mesmo contra a vontade

Me sinto velho e cansado.

 

Foram pra lua de mel

Na cidade Salvador

Longe de tudo e de todos

Com alegria e fervor

Em um hotel cinco estrelas

Fazendo juras de amor

 

 

Depois de duas semanas

Retornaram pra fazenda

Rafael muito feliz

Ao lado de sua prenda

Ela sonhando falava

Este  veio de encomenda.

 

Com pouco tempo depois

Panacabi faleceu

O Barão ficou cordeiro

Primeiro neto nasceu

Com dois anos o Barão

Bateu as botas e morreu.

 

Anos foram se passando

E muitos filhos nasceram

Rafael e Dimabel

Muito felizes viveram

Cuidando de todos bens

Que do Barão receberam.

 

A vida deste casal

Foi sempre lua de mel

Ele um esposo leal

E ela esposa fiel

Essa é a história de

Rafael e Dimabel.

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar.