Autor: Erivaldo Alencar.
Letra: 26 05 2023 e
música:
Era uma vez uma bruxa
Que vivia na floresta
Era uma bruxa malvada
Que a tudo ela detesta
Mesmo com tanta ruindade
Gostava muito de festa.
Tinha o nome de Pau Oco
Vivia da bruxaria
O oco de um pau grosso
Era a sua moradia
Ela morava sozinha
Companhia não queria.
Ela tinha uma receita
Gravada em sua memória
Fazer o mal as péssoas
O seu ofício de glória
O povo da redondeza
Conhecia sua história.
Ela tinha olhos grandes
De formatos arregalados
Com os dentes entramelados
Quase todos estragados
Tinha as orelhas enormes
E os pés atarrachados.
Nariz longo e arrebitado
Estava sempre arrepiada
Chapéu preto aba longa
Cabeça desconformada
Vestia sempre de preto
Assombrava a meninada.
A bruxa tinha receita
De fazer transformação
Se transformava em
princesa
Em pau caído no chão
Se transformava em tocos
Em cachorro e pavão.
Pra cada transformação
Ela tinha uma receita
Envultava-se do nada
Uma bruxa imperfeita
Tinha pacto com satanás
Mas não causava suspeita.
Muita genta a procurava
Pra algum trabalho fazer
Com sua varinha mágica
Exercia grande poder
Uma bruxa de nascênça
E vai ser bruxa até
morrer.
Voar era o seu lazer
No cabo duma vassoura
Ela só falava aos gritos
Se armava de tesoura
Uma bruxa escandalosa
Gostava comer cenoura.
Uma bruxa traidora
Não gostava de criança
Em suas conversações
Fazia muita lambança
Alcoolotra viciada
Amava fazer vingança.
Fumava que enchia a pança
E soltava um fumaceiro
Dias nublados e chuvosos
Sumia no nevoeiro
Criava uma cascavel
E um bode pai de
chiqueiro.
Trapaçava por dinheiro
Fedia mais que carnice
Latia igual cachorro
Sua casa uma imundice
Desconjurava os pobres
E odiava a velhice.
Ela tinha a fala rouca
Gagueijava igual peru
Falava da vida aleia
Os olhos de cururu
Odiava travesti
Só comia carne cru
Nunca namorou na vida
Até odiava homem
Nas noites de lua cheia
Ela virava lobsomem
Quando ficava nervosa
Se amarrava com milhomem.
Certa vez ela saiu
Para atender um chamado
Dum homem muito doente
Por uma cobra picado
Levou a sua tesoura
Para o lugar infprmado.
Ao deparar com o doente
Ela lhe diz camarada
Deixe eu ver a tua perna
Não parece está enchada
A picada foi de leve
Não vai te afetar em nada.
O rapaz lhe respondeu
A picada foi no braço
Olhe aqui está vermelho
E eu já sinto cansaço
Tô com minha vista turva
Pra andar tenho embaraço.
Ela lhe diz me desculpe
Eu não prestei atenção
Vou fazer o curativo
Com a casca do limão
Segure esta tesoura
E me dê a sua mão.
Chupou o veneno da cobra
Ele se sentiu melhor
Ela diz tu estás curado
Agora quero o melhor
O pagamento da cura
Pra dor não voltar pior.
O rapaz pagou na hora
E ela saiu a pé
Sorrindo e falando assim
Veja a coisa como é
Eu enganei mais um troxa
Quem o curou foi a fé.
Logo ao chegar em seu
rancho
Viu alguém lhe esperando
O que é que você quer
Sem pensar foi perguntando
A moça lhe respondeu
Mamãe está lhe chamando.
O que é que ela quer
A bruxa lhe perguntou
Meu irmão está doente
A moça lhe replicou
Não se aprece sinhá moça
Que agora mesmo eu vou.
A bruxa se envultou
Chegou lá em um segundo
O que a criança tem
Respondeu um morimbundo
Tá sentindo muitas dores
E dorme um sono profundo.
Ao ver o menino diz
Tenho pena do coitado
Dai-me três ramos de plantas
Que ele está com mau olhado
Vou fazer a benzedura
Logo ficará curado.
Pegou três ramos de planta
Pra fazer o curamento
Disse umas palavras
estranhas
Naquele mesmo momento
O menino abriu os olhos
E ela diz ele está bento.
Até pareceu milagre
O menino foi curado
Ela diz foi uma moça
Que botou um mau olhado
Só não vou dizer quem foi
Pra ninguém ficar zangado.
A dejastrada da bruxa
Foi sair muito apressada
Não viu o batente da porta
E deu uma tropeçada
Desequilibrou e caiu
Teve uma perna quebrada.
A bruxa gritava aos berros
Levem-me pra o hospital
Chamem logo a ambulância
Não veem que passo mal?
Por que tão rindo de mim
Nunca senti dor igual.
Os presentes responderam
É pela sua loucura
Tu és bruxa poderosa
Isso tudo é frescura
Ocê diz que cura os outros
E a si mesma não cura.
Levaram a Bruxa louca
As pressas ao hospital
Passou pela atendente
Fez a ficha cadastral
Em seguida até o médico
Que também passava mal.
O médico diz a Bruxa
O que é que você sente
Estar rindo ou chorando
Fale pra mim e não mente
Também preciso de médico
Pois me encontro doente.
Fazendo muita careta
A Bruxa lhe respondeu
Estou com a perna quebrado
Este é o problema meu
O senhor é muito lento
Nem sequer olhou pra eu.
O doutor fala aos gritos
Vem depressa enfermeira
Leve-a pra emergência
Rápido sem brincadeira
Sem nestesia enfaixe
A perna desta topeira.
Feito o prossedimento
A Bruxa caiu em si
Vou pra casa pois não
tenho
O que mais fazer aqui
Pulando com a pé só
Parecendo um saci.
Pegaram a pobre Bruxa
Puseram na ambulância
Levaram-a com cuidado
Más ela com arrogância
Diz, vai devagar motorista
Pra que esta ignorância.
Más depois de uma semana
Ela tem uma convução
Sem ninguém pra protegê-la
Caiu da rede no chão
Gritou pedinso socorro
Dizendo isto é maldição.
Novamente ao hospital
Levaram a feiticeira
Diz o doutor assustado
Só pode ser brincadeira
Esta Bruxa aqui de novo
Não suporto esta caveira.
Novamente medicada
Pra casa de pé voltou
Com mastruz e outras
plantas
A sua perna curou
Eu sou médica de mim mesma
Orgulhosamente falou.
Ela voltou ao trabalho
E com a sua bruxaria
Das pessoas inocentes
A Bruxa se divertia
Em fazer medo as crianças
O que ela mais queria.
Ela usando de má fé
Atraia multidão
Com sua magia negra
Roubava a população
Da consulta que cobrava
Fazia o seu ganha pão.
Fingia fazer trabalhos
Pra quem quisesse enricar
Separações de casais
E separados voltar
E pra aqueles que
quisessem
Um novo amor conquistar.
Que fazia aparecer
O que tivesse sumido
Também fazia encontrar
O que houvesse perdido
Fazia chover sem nuvens
Voltar o desaparecido.
Com sua oração forte
O morto ressucitar
O dia escurecer
E a noite clarear
Com o objeto do uso
O doente se curar.
Descoberta as falcatruas
Ela foi denunciada
A ciência comprovou
Que ela não sabia nada
Levada pela polícia
Ela foi presa algemada.
Depois dos dez anos presa
A Bruxa foi condenada
E com a prisão perpétua
A Bruxa foi contemplada
E sem direito a visitas
Em uma cela isolada.
Derrubaram o pau oco
Aonde a Bruxa morava
Que foi transformada em
cisas
Com ele mistério acabava
Sem a Bruxa e o pau oco
Voltou a paz que faltava.
O povo esqueceu a Bruxa
Nela ninguém mais falou
O mistério ali existente
Para sempre se acabou
Presa a Bruxa morreu
Más sua história ficou.
Francisco Erivaldo Pereira
Alencar.