sexta-feira, 27 de abril de 2012

1.079 – ZÉ PEIDÃO

Autor; Erivaldo Alencar.

Letra; 07 01 2010 e música; 11 02 2011.


Meu caro leitor amigo
Exijo sua atenção
Vou descrever a história
Dum cara lá di sertão
Que foi muito conhecido
Pelo nome Zé Peidão.

O Zé era engraçado
Peidava por brincadeira
Peidava no sol e na sombra
Em casa e na capoeira
Peidava em pé e sentado
Para do e na carreira.

Inda hoje tenho lembrança
Quando tudo começou
Num salão cheio de gente
O primeiro peido soltou
Este peido feder tanto
Que quase que nos matou.

Tentando privar o peido
Foi peidando espremido
Estupidamente alto
Por sair muito fedido
Por causa dum simples peido
Quase que foi agredido.

Outro dia numa festa
Ele não se segurou                                                                                                                                                                          Quando chegou á vontade
As pregas ele soltou
O foreba se afrouxou
E o peido liberou.

Certa vez ele comeu
Um mungunzá preparado
Com milho branco com fava
E toucinho bem torrado
Cheiro verde e cebola
Farofa de ovo fritado.

Depois que ele jantou
Foi pra cama se deitar
Acordou de madrugada
Com vontade de cagar
Passou a mão na barriga
E já começou peidar.

Foi correndo pro banheiro
Todo intriçado de dor
Um peido atrás do outro
Igualmente um trator
Quanto mais peido soltava
Mais aumentava o fedor

Num outro dia estava
Sentado em uma praça
Numa roda de amigos
E três moças do Fumaça
Sem que ele esperasse
Já se deu uma desgraça.

Alguém disse uma piada
Sem fazer grande alarido
Ele uma gargalhada
Peido saiu espremido
Fino igual um apito
Ferindo nosso ouvido.

O Zé saiu rapidinho
Tristonho envergonhado
Deixando atrás o fedor
E o povo assustado                                                                                                                                                                              Passava a mão no foreba
Pra ver se tava cagado.

Outra vez lá na capela
Da vila de São Paulinho
Na hora do Evangelho
O Zé ali bem quietinho
Pra que ninguém percebesse
Soltou um bem de mansinho.

Mas a catinga do peido
Na capela se espalhou
O peidão desconfiado
Sua cabeça baixou
O povo asfixiado
Tapando o nariz gritou.

Quem foi que bufou tão podre
Bote a carnice pra fora
O padre sem suportar
Parou a missa na hora
Com medo de ser lixado
De fininho foi embora.

Na cidade ele foi
Ver um filme sem problema
Na hora do tiroteio
Ele causou mais um dilema
Com medo saiu correndo
Apodrecendo o cinema.

E o povo sufocado
Perguntou que aconteceu
Sem ninguém entender nada
Um gaiato respondeu
A briga foi tão violenta
Que o cinema fedeu.

Na festa de São Gonçalo
Dançando e se divertindo
Cada passada que dava
O peido ía saindo
Com o fedor exalado
De mansinho foi saindo.

Meu amigo Zé Peidão
Sem saber o que fazer
Procurou uma rezadeira
Pra seu problema resolver
Contou seu caso pra ela
E ela começou dizer.

Eu vou fazer pra você
Uma santa garrafada
Com mucunã e babosa
Com quiboa preparada
Quina quina, quebra pedra,
E pimenta bem pilada.

Prepararei com velame
Maniçoba, imburana,
Mulungu e oiticica,
Marmeleiro, cajarana,
Sabonete e fedegoso,
Muçambê e Jitirana.

Jurema preta, castanhola,
E três olhos de goiaba,
Três folhas de abacate,
Raízes de catuaba
Com matrus e Jenipapo
Sua peidaria acaba.

Recebeu a garrafada
Contente saiu ligeiro
Ao levantar da cadeira
Já exalou um mau cheiro
Ela disse vai carnice
Pra morrer noutro terreiro.

Antes de chegar a casa
Já tomou uma golada
Em casa a segunda dose
E sem efeito de nada
Em menos de duas horas
Tomou toda garrafada.

Depois de alguns minutos
A garrafada fez efeito
Estremeceu a barriga
Soltou um peido no jeito
O fedor tomando conta
E a merda caindo de eito.

Com sua calça cagada
Correu para um murundu
Cagando se abraçou
Com um pé de mulungu
A merda tava tão podre
Que a até baixou urubu.

No final da caganeira
Sentiu-se aliviado
Com suas pernas tremendo
E o corpo todo suado
Respirou fundo e disse
Eita purgante danado.

O efeito da garrafada
Durou vinte e quatro horas
Ficou bem pior que antes
Ele falou, e agora?
Tomei droga pra parar
E a situação piora.

Foi a outro rezador
Que prometeu lhe curar
Tomou todos os remédios
Para deixar de peidar
O seu foreba peidão
Não pode mais dominar

Para trabalhar conosco
Chamemos o Zé Peidão
Com outros trabalhadores
Fomos catar algodão
Peidou tanto que parecia
O ronco dum avião.

O Zé disse tá danado
Não sei mais o que fazer
Já tomei tanto remédio
E não paro de feder
Só falta eu ir ao médico
Pra meu problema resolver.

No dia seguinte foi
Ao médico se receitar   
Depois de examiná-lo
Começou lhe aconselhar
Pra ti só há um remédio
Numa corda se enforcar.



Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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