sábado, 21 de abril de 2012

1.024 - O TOURO MANDINGUEIRO

Autor; Erivaldo Alencar.

Letra; 30 09 2009 e música; 20 12 2009.

Vou contar uma história
Que há muito ouvi contar
Pelos meus antepassados
Que puderam presenciar
De um Touro Mandingueiro
E dum valente vaqueiro
Que tinha no meu lugar.

Assim meu avô contava
Em tempos que longe vão
Havia no Comboeiro
Um Fazendeiro ricão
O dono daquelas terras
Baixio, chapada e serras.
E de muita criação

Este ricão atendia
Pelo nome Fazendeiro
Um cidadão respeitado
Dono de muito dinheiro
Por todos muito querido
Bem quisto e destemido
Cidadão hospitaleiro.

Este Fazendeiro tinha
Uma filha muito bela
Dona de beleza rara
Uma charmosa donzela
A mais belíssima flor
Da campina do amor
Katiene Florisbela

Este Fazendeiro tinha
Nas terras do Comboeiro
Um touro valente brabo
Chamado de Mandingueiro
Pois este touro de fato
Para pega-lo no mato
Não apareceu Vaqueiro

Este touro mandingueiro
Não entrava no curral
Pois jamais se conseguia
Chegar perto do animal
Ninguém alcançava seu passo
Só ouvia o regaço
No mato e bamburral

Fazendeiro aborrecido
Querendo pegar o touro
Disse eu faço contrato
Dou uma mala de ouro
E minha filha pro vaqueiro
Que pegar o Mandingueiro
E dele só quero o couro

Com poucos dias depois
Um vaqueiro apareceu
Dizendo pegar o touro
Ele se comprometeu
Ele veio de outra terra
Do outro lado da serra
Se chamando de Alceu

Ele disse meu patrão
Eu venho lá do Pereiro
Deram-me informação
Que aqui no Comboeiro
Tem um touro muito brabo
Eu juro que me acabo
Se não pegar o Mandingueiro

O Fazendeiro lhe disse
Não quero aborrecer
O touro tá lá na serra
Descendo para beber
O capanga vai mostrar
Se o touro você pegar
Dou minha filha pra você

Quando chegaram na mata
Ouviram um reboliço
O capanga diz vaqueiro
Estar ali o mestiço
Você já o conheceu
Ele é todinho seu
Boa sorte no serviço

O Alceu disse tá bem
Já sei o que vou fazer
Quebrou o chapéu na testa
Ali sem nada temer
Montado em seu cavalo
No meio do mato ralo
Já começou a correr

O touro se espantou
Com a presença do vaqueiro
Saiu a toda carreira
Pra serra do Comboeiro
Levando tudo no eito
Rasgando melosa no peito
Regaçando marmeleiro

O Alceu saiu a traz
Com fama de bom vaqueiro
Mas se enlinhou no mato
E perdeu o Mandingueiro
Perdeu-se nos matagais
Quase que não chega mais
Na casa do Fazendeiro

O Fazendeiro zangado
Sorriu um pouco sem graça
Disse pra todos presentes
Isto é uma desgraça
O que há com os vaqueiros
Que não pegam o Mandingueiro
Estes caras não têm raça

Não demorou muitos dias
Chegou lá no Comboeiro
Um cara de boa pinta
Um jovem hospitaleiro
Ele veio doutra terra
Para em cima da serra
Pegar o boi Mandingueiro

Este vaqueiro disposto
Chamava-se João Monteiro
Saiu lá de Cariús
Foi parar no Comboeiro
Ele foi bem recebido
Dizendo tou resolvido
Pegar este Mandingueiro

O Fazendeiro lhe disse
Preste-me bem atenção
O Mandingueiro é brabo
E conhece este chão
Ele é muito ligeiro
Na serra do Comboeiro
Ele é o campeão

João Monteiro lhe disse
Já conheço o seu boato
A fama do Mandingueiro
Já chegou até o Crato
Vim ao mito desfazer
Vou mostrar pra vocês que
Sou vaqueiro bom no mato

Eu sou vaqueiro corrido
Com fama de campeão
Com o meu chapéu de couro
Perneira, luvas e gibão.
Par de esporas prateada
Cela bem esquadrinhada                                                                                                                                                                             E o meu cavalo alazão

Eu quero amanhã cedo
Conhecer a região
Onde pasta o Mandingueiro
Tipo de vegetação
Eu não dou murro em faca
Mas quebro Arapiraca.
Montado no alazão.

No outro dia bem cedo
O João se levantou
Pegou o seu alazão
E se uniformizou
Saiu com o Fazendeiro
Para ver o Mandingueiro
Que há muitos derrotou.

Andou por todos os cantos
Daquela vasta região
Montado em seu cavalo
Percorreu todo sertão
Dizendo pro Fazendeiro
Amanhã o Mandingueiro
Eu vou derrubar no chão.

Voltaram pra casa grande
Pro vaqueiro descansar
A filha do Fazendeiro
Também foi lhe visitar
Fez a recomendação
Bote o touro no mourão
Para comigo casar.

No outro dia João
Levantou-se muito cedo
O povo se reuniu
Embaixo do arvoredo
Para ver João Monteiro
Ir pegar o Mandingueiro
Que pastava no rochedo

Monteiro foi para o campo
Em busca do Mandingueiro
Ele estava malhado
Na sombra do Juazeiro
Quando ele viu João
Botou as patas no chão
Correu no despenhadeiro.

Monteiro não perdeu tempo
E aproveitando o embalo
Deu um aboio saudoso
Açoitando seu cavalo                                                                                                                                                                    Afoitamente ele foi
Correndo atrás do boi
Rápido como um estalo

O boi correndo na frente
Atrás corria o vaqueiro
Quebrando jurema no peito
Regaçando marmeleiro
Mato abria e fechava
E o vaqueiro gritava
Eu te pego Mandingueiro.

Ao longe o povo sentia
O estremecer da terra
No mato a quebradeira
Pior que tiros na guerra
Correndo o boi uivava
Atrás o João gritava
Que o son soava na serra.

Na passagem duma grota
O touro se atrapalhou
João pegou-lhe no rabo
E com raiva o derrubou
Botou careta e chocalho
Seguindo menor atalho
Pra o curral o levou

João disse ao Fazendeiro
Cumpri com minha promessa
O prêmio e sua filha
Dai-me logo tenho pressa
Tenho urgência pra voltar
Ela comigo vou levar
Para ficar não me peça.

Francisco Erivaldo Pereira Alencar

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