Autor; Erivaldo Alencar.
Letra e música; 10 09 2005.
Sou poeta escritor
Vou me identificar
Sou Francisco Erivaldo
Pereira Alencar.
Nasci em Acopiara
No meu velho Ceará.
Lá no sítio Comboeiro
Lugar chamado Fechado
Distrito de São Paulinho
Pedaço de chão amado
Na velha casa de taipa
Num quarto bem apertado.
Sou filho de Julio Aires
Repentista cantador
Agricultor, comerciante
Político vereador.
E de Maria de Lourdes
Que estar com Nosso Senhor.
Eu tenho dez irmãos vivos Mais três que já faleceram
Sou casado separado
Mais outras comigo viveram
Pai de quatro filhos vivos
E outros quatro que morreram.
Com cinco anos de vida
Fui pra roça trabalhar
Levar o gado, as cabras.
As ovelhas pra pastar
Botar rações par’os porcos
E as vacas desleitar.
Levar os bichos pra beber
O cavalo pra banhar
À tarde a criação
Para o chiqueiro levar
Os cabritos e borregos
Pegar um a um pra curar.
Levava o gado pro curral
Os bezerros separava
Me levantava bem cedo
Logo um galão pegava
No ombro ou no jumento
A água eu que botava.
Eu quem ia pro boteco
Para as compras fazer
Aos onze anos de vida
Aprendi o ABC
Tive três meses de aulas
Para aprender a ler.
Ainda muito criança
Eu nem sabia montar
Levei um coice na testa
Cicatriz posso mostrar
Meu tio me levou pra casa
Só à tarde fui acordar.
Com dez anos tomei conta
Dos bens que nós possuía
Com o meu irmão mais moço
Tudo nós dois assumia
Enquanto nós trabalhava
Papai fazia cantoria.
Quando nós desobedecia
As ordens que ela dava
Mandava levar um cipó
De joelhos nos botava
Nós rezava um pai nosso
E da surra se livrava.
Eu fiz muitas travessuras
Que já nem me lembro mais
Brincava com meus amigos
Como toda criança faz
Fui menino introvertido.
Mas traquinagem jamais.
Eu sempre tive vontade
Na escola estudar
Num convento pra ser padre
Evangelho ensinar
Só quase os dezoito anos
Comecei a namorar.
Já aos dezenove anos
O meu sertão eu deixei
Eu fui lá para São Paulo
Eu trabalhei na Diana
Um ano depois voltei
Aqui em Acopiara
Na feira fui trabalhar
E por causa dum menino
Seu pai tentou me matar
Quinze dias internado
Saí sem poder andar.
Com meus dezenove anos
Com Maria eu noivei
Por causa de um retrato
Meu noivado acabei
Mas aos vinte e quatro anos
Com Liduina casei.
Eu me sentindo em crise
Para São Paulo voltei
Lá trabalhei na Tostines
Sete anos por lá fiquei
Deixei a velha Suzano
Minha terra retornei.
Ao retornar de São Paulo
Uma oficina montei
Um clube de futebol
E a liga eu fundei
Presidente por três vezes
Bom trabalho realizei.
Alcancei grande sucesso
Concertando televisão
A minha casa de peças
Cobria toda região
Atendia com prazer
Trabalhava com perfeição.
Mas um dia fracassado
Para a roça voltei
Mas na roça não deu certo
Pra Juazeiro rumei
Eu fui parar na Bahia
De lá pior retornei.
Eu também testei Guarulhos
Tio Neuton me ajudou
E para Ribeirão Preto
Meu cunhado me levou
Voltei pra Acopiara
Até hoje inda tou.
Tentei feira tentei roça
Mas nada pra mim deu certo
Outra vez na oficina
Meu mundo ficou deserto
Perdi tudo quanto tinha
Vi a miséria de perto.
Eu confiei no prefeito
Mas ele me enganou
Desiludido no Esporte
A voz de Deus me chamou
Com o dom da poesia
Jesus Cristo me confortou
Hoje faço sete anos
Que fiz a primeira canção
Seiscentas e nove letras
Inda não me deu um tostão
Vendo picolé na rua
Pra poder ganhar o pão.
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Francisco Erivaldo Pereira Alencar.
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