segunda-feira, 19 de março de 2012

726 – CARLOS E JOÃO

AUTOR; Erivaldo Alencar.

Letra; 25 05 2007 e musica; 09 03 2009.


Dai-me licença leitor
Para um caso contar
É um caso verdadeiro
Que pude presenciar                                                                                                                                                                                  A muitos anos atrás
Hoje que eu vou narrar.

Infelizmente não vou
Dizer qual foi o lugar
Nem os nomes das pessoas
Eu não vou mencionar
Darei nomes diferentes
Pra problemas não causar.

Em um lugar bem distante
Interior do estado
Morava uma família
Dum pessoal bem letrado
Entre os filhos da casa
Um era doutor formado.

Juvenal era casado
Com dona da Conceição
Eram pais de oito filhos
José, Pedro e João,
Ana, Josefa, Cristina,
Lourdes e Sebastião.

Juvenal um bom sujeito
Culto e bem preparado
Dono de muita riqueza
Na região respeitado
Muitas tarefas de terras
Muita criação de gado.

A esposa Conceição
Mulher de boa aparência
Dum carrancismo extremo
Não aceitava prudência
Dum temperamento forte
Não media conseqüência.

O João era nervoso
Metido a valentão
Pra todo lugar que ia
Entrava em confusão
Ele aterrorizava
Ao povo da região

O jovem Pedro também
Cometia travessura
De vês em quando ele
Entrava em aventura
Um sujeito violento
Arrogante sem postura

Outra família morava
Em um sítio bem pertinho
Justino e Antonina
Lá construíram seu ninho
Donos de terras e gado
E de um velho carrinho.

Seus filhos Jonas e Carlos
Lindalva e Ribamar
Carlos instalou no sítio
Uma bodega com bar
Um sujeito agressivo
Pagava pra bagunçar.

Ribamar, Jonas e Carlos.
Três sujeitos sem cultura
Pra qualquer lugar que iam
Levavam armas na cintura
Brigavam por qualquer coisa
Eram homens sem postura.

Em uma noite qualquer
João foi beber cachaça
Lá na bodega do Carlos
Bebendo fez arruaça
Ele plantou a semente
Da sua própria desgraça.

Com fama de valentão
Começou a insultar
Carlos juntou os irmãos
Ordenou vamos pegar
João você te prepara
Pra morrer de apanhar.

João disse venham todos
Para comer do qu’eu der
Se nunca  viram um louco
Hoje vão ver como é
Na ponta da minha faca
Vocês vão virar filé.

O Carlos com seus irmãos
Partiram igual capote
Mas o João foi ligeiro
Defendeu-se num pinote
Os irmãos não desistiram
Golpearam-lhe no cangote.

Tomaram a faca dele
O derrubaram no chão
Com murros e ponta pés
Bateram no valentão
Só deixaram de bater
A pedido dum cidadão.

João bateu a poeira
Um ultimato lhes deu
Eu vou depois voltarei
Pra vingar quem bateu neu
Mato e bebo o sangue
Um a um que me bateu.

Chegando a casa disse
Mamãe hoje apanhei
Dos filhos do seu Justino
Não sei como escapei
Ou mais cedo ou mais tarde
Deles eu me vingarei.

A sua mãe respondeu
Assim não pode ficar
Não tem homem nesta casa
Pra surra dele vingar?
Pois eu mesma vingarei
Não cansem por esperar.

Mas depois de alguns dias
Que o João foi surrado
Botaram fogo na broca
E todos embriagados
Conceição disse é hoje
Do meu filho ser  vingado.

Ela disse pro João
Você hoje vai vingar
O Pedro e o Joaquim
Irão te acompanhar
Eu quero o Carlos morto
Custe o que me custar.

Dali partiram os três
Para fazer a vingança
Em alta velocidade
Eles faziam lambança
Prepara-te Carlos que
Hoje vai haver matança.

Carlos respondeu de lá
Pode vir quando quiser
Já estamos preparados
Para o que der e vier
Com seus irmãos e Nestor
Entrincheiram no chalé.

Em menos de um minuto
O tiroteio começou
Balas cruzando espaços
Mas logo silenciou
Carlos disse desta vez
A desavença terminou.

Vamos com muito cuidado
Ver o que resta então
Encontraram o João
Morto tombado no chão
Joaquim eliminaram
De roçadeira e facão.

O Pedro fugiu correndo
Com um balaço na mão
Em casa disse mamãe
Veja que situação
Por sua culpa morreram
Joaquim e o João.

A velha disse meu filho
A guerra não terminou
Foi só mais uma batalha
Que ele de mim ganhou
Eu juro que não desisto
Mostro pra ele quem sou.

O Carlos com a família
Fugiu pra outro lugar
Passados os trinta dias
Ele foi se entregar
E um bom advogado
Ele mandou arrumar.

Com pouco tempo depois
Carlos com os envolvidos
Por um bom advogado
Eles foram defendidos
E na sentença final
Eles foram absolvidos.

Ao saírem da cadeia
Tudo que tinham venderam
Mas antes de viajarem
Outros fatos sucederam
Sofreram um atentado
E por pouco não morreram.

Correndo risco de morte
Não tiveram mais demora
Os envolvidos saíram
Antes do romper da aurora
Escoltados pelo vento
Pra sempre foram embora.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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