sexta-feira, 30 de março de 2012

806 – ENTERRO DE POBRE

Autor; Erivaldo Alencar.


Letra; 04 02 2008 e música; 15 07 2009.


É muito triste amigo
O que vou dizer agora
É triste, mas é verdade.
Sei que ninguém ignora
Falar de enterro de pobre
É coisa que me deplora.

Pois quando um pobre morre
É triste a situação
Nem sequer tem o dinheiro
Para comprar o caixão
Pra fazer o seu enterro
Quase não há divulgação.

Em muitos casos se toma
Caixão das almas emprestado
E na hora do velório
É por poucos visitado
E por parentes e amigos
Quase que não é lembrado

Não tem imobiliária
Pro velório organizar
Chega até faltar velas
Pro defunto iluminar
Não há bancos nem cadeiras
Para o povo se sentar.

Lá também não há um livro
Pros visitantes assinar
Só há um caderno velho
Que mal dar pra rabiscar
Ou uma folha de papel
Almaço ou nada há.

Não aparece ninguém
À noite para velar
Só um ou dois da família
Ficam ao caixão pastorar
É um silêncio total
Não há ninguém pra chorar

Não há café não há chá
Pro visitante tomar
A família se apressa
Pro defunto enterrar
Alguém diz o leve logo
Não há por quem esperar.

Não aparece ninguém
Para o caixão carregar
Quatro ou cinco parentes
Que se encontrar por lá
Não tem fila não tem carro
Nem moto pra acompanhar.

Quando chegar na igreja                                                                                                                                                                      Fechada vão encontrar
Botam o caixão no chão
E ao padre vão chamar
Logo vem uma beata
Pra alma recomendar.

Música não é tocada
Não há ninguém pra cantar
Diz-se algumas palavras
Pede a Deus pra abençoar
O molham com água benta
E o mandam pra enterrar.

Também não se tira foto
Nem o caixão é aberto
Uns dois ou três da família
O acompanha de perto
O batedor ganhando pouco
Não bate o sino certo

Quando pra cavar a cova
Sem dinheiro pra pagar
O Coveiro cava fiado
Nervoso a resmungar
E quando o corpo chega
Mau a cova vai mostrar.

Quando pegam o caixão
Pro defunto enterrar
Ele não cabe na cova
Ficou pequena não dar
Tiram o caixão de volta
E voltam à cova cavar.

Pois só há uma maneira
De ajuntar muita gente
Em um enterro de pobre
Quando morre de acidente
É nesta hora que, o.
Curioso se faz presente.

Mas quando um pobre morre
Por acidente vitimado
O curioso vai pra ver
O morto acidentado
Vão ao local do acidente
E o hospital que foi levado

A Casa onde o corpo
For velado, fica lotada.
Pois todo mundo quer ver
A pessoa vitimada
Acompanham a igreja
Deixando-a abarrotada.

Vão até o cemitério
Pra jogar terrinha nele
Pobre que quiser enterro
Igual ao enterro dele
Morra em um acidente
Pra se enterrar como ele.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário