quarta-feira, 21 de março de 2012

741 - O GAVIÃO E O URUBU

Autor; Erivaldo Alencar.

Letra; 25 07 2007 e musica; 29 03 2009.


Certa vez o Gavião
Andando bem empapado
Encontrou o Urubu
Triste num galho trepado
Faminto e sem comida
Da vida desenganado.

Ele disse Urubu
Amigo vai me dizendo
Porque estar tão triste
Que você andou fazendo
Pra você está assim
Algo estar acontecendo.

Respondeu o Urubu
De fome estou morrendo
Os bichos não morrem mais
O que morre é enterrado
Se eu não comer jajá
Logo vou virar finado,

Gavião disse seu besta
Passa fome porque quer
Na mata tem muita caça
Tu pegas o que quiser
Deixe de ser preguiçoso
Vai caçar seu pangaré.

Ele disse você sabe
Que eu só como carnice
Eu não como carne fresca
Eu vivo da imundice
Faço limpeza no mundo
Desde minha criancice.

Nisto o Gavião falou
Só como carne fresquinha
De caça pega na hora
Sadia e bem quentinha
Eu não como carne podre
Só como carne limpinha.

Respondeu o Urubu
Não aprendi a caçar
Espero o bicho morrer
Pra poder o devorar
Eu não tenho Professor
Pra caçar me ensinar.

O Gavião retrucou
Eu posso lhe ensinar
As técnicas usadas
Na profissão de caçar
Farei-te um caçador
Sem nada lhe cobrar.

Basta que você me siga
Por onde que eu andar
Prestando muita atenção
Em tudo qu’eu te falar
Se fizer como lhe digo
Logo vai se alimentar.

Urubu disse ta certo
Vou fazer o que falou
Já chega de passar fome
A paciência acabou
Enfrento qualquer perigo
Onde você for eu vou.

Nisto saíram os dois
Voando tranquilamente
Procurando uma caça
O Gavião foi na frente
Urubu logo atrás
O seguia prontamente.

Bem longe em uma árvore
O Gavião avistou
Uma rolinha pousada
E pro Urubu falou
Acompanhe-me carniceiro
Que pegar a bicha vou.

O Gavião partiu veloz
Urubu seguiu atrás
Quando ela os viu disse
Roubaram a minha paz
Se não fugir vou virar
Comida pra este sagaz.

Rolinha não perdeu tempo
Já fugiu do Gavião
Voou fazendo piruetas
Sem rumo nem direção
E o Gavião feroz
Seguiu em perseguição.

Quando mais ela fugia
Ele se aproximava
Rolinha em desespero
Só em escapar pensava
E o Urubu de perto
A eles acompanhava.

Depois de muito voar
A rolinha já cansada
O Gavião encostou
Com as garras afiadas
Diz se entregue rolinha.
Sua hora é chegada.

Ela disse para ele
Eu não vou me entregar
Fugirei até a morte
Não vou me acovardar
Enquanto poder voar
Você não vai me pegar.

Ele disse estar bem
Faça como bem quiser
Estar fugindo a-toa
Mas se é isto que quer
O mundo é dos mis forme                                                                                                                                                                            E vemos Deus por que é.

A coitada da rolinha
Já quase sem opção
Não como me livrar
Das garras do Gavião
Pois os fracos não vez
O Gavião tem razão.

Mas ainda há um jeito
De ele eu me livrar
Se der certo como penso
Ele não vai me pegar
Girando rápido pra traz
Dele eu vou escapar.

Ela fez como pensou
Girou e voltou pra traz
O Gavião ia rápido
E girar não foi capaz
Livre dela a rolinha
Novos planos ela faz.

O Gavião passou reto
Muito desequilibrado
Na frente tinha uma ponta
Dum galho quebrado
E de todo corpo ele
Ficou no pau estrepado

A Rolinha quando viu.
Aquela situação
Disse pra ele bem feito
Vai morrer o valentão
E disse pro Urubu
Não o tire daí não.

Gavião em desespero
Foi pro Urubu falando
Tire-me logo daqui
Eu estou agonizando
Vamos, se mexe malandro.
Por que estar esperando.

Vou atender a rolinha
Saiba disto Gavião
Tu vais morrer espetado
Pois não vou lhe tirar não
Quando você esfriar
Farei minha refeição.

O Gavião disse parceiro
Não faça isto comigo
Estou aqui espetado
Correndo grande perigo
Só tu podes me salvar
Dê-me a asa amigo.

Ele disse, seu amigo?                                                                                                                                                                            Desculpe assim falar
Eu quero que você morra
Não canso de esperar
Pois carne de Gavião
É boa de se tragar.

Ó que Urubu maldito
Você não tem coração
Tentei pegar a rolinha
Pra tua alimentação
Agora me abandona
Quando tenho precisão.

Gavião eu sinto muito
A sentença foi expedida
Hoje fraco ficou forte
O forte virou comida
É preciso que um morra
Pra que outro tenha vida.

Em uma ponta de pau
O Gavião espirou
E o Urubu faminto
Mui alegre respirou
Hoje vou encher o papo
O Urubu murmurou.

O Gavião é uma ave
De rapina do sertão
Pois o Urubu também
Ta em toda região
Rolinha vive em bandos
Nas campinas do meu rincão.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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