sábado, 23 de junho de 2012

1.449 – FAÇO

Autor; Erivaldo Alencar.

Letra; 15 04 2012 e música do quadrão.

Vou mostrar pra minha gente
Que eu sou bom no repente
Só faço verso descente
Com muita inspiração
Não sou poeta tranqueira
Que cantando diz besteira
Escrevendo faz asneira
Nos oito pés de quadrão.

Quando pego a caneta
Despedaço o planeta
Corto a cauda do cometa
Derramo chuva no chão
Provoco tremor de terra
Deslizamento na serra
Entre nações faço guerra
Nos oito pés de quadrão.

Faço vulcão despertar
O oceano esquentar
O tsunami no mar
Na terra o furacão
A lua do céu descer
Sem chuva trovão gemer
E o dia escurecer
Nos oito pés de quadrão.

Faço relâmpago cortar
O riacho transbordar
O açude arrombar
A serra virar sertão                                                                                                                                                                          Baixio virar chapada
Sangue virar coalhada
Granfino levar topada
Nos oito pés de quadrão.

Alimento encarecer
Milho no seco nascer
E o chifre florescer
Na cabeça do cornão
Faço a terra inundar
A tempestade parar
E o oceano secar
Nos oito pés de quadrão.

Faço galo virar pato
A cidade virar mato
E sopa de carrapato
E dou para o valentão
O trem virar carruagem
Ferrovia em rodagem
O frouxo criar coragem
Nos oito pés de quadrão.

Faço o bode escrever
Teú aprender a ler
O ateu se converter
E a Cristo pedir perdão
Faço jumento falar
A curicaca dançar
E o urubu cantar
Nos oito pões de quadrão.

Faço o calor congelar
Fogo ardente não queimar
Incêndio não fumaçar
O arroz virar feijão
O crente perder a fé
O boi comer jacaré
Gambá virar chimpanzé
Nos oito pés de quadrão.

Não sou nenhum cantador
Instrumentista nem doutor
Cientista, professor,
Sou apenas um cidadão
Que por bons tempos espero
Poeta fraco não tolero
Eu só faço o que quero
Nos oito pés de quadrão.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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