Autor: Erivaldo Alencar.
Letra: 05 07 2022 e
música:
Peço licença a todos
Para em versos contar
Por muitas vezes ouvi
Meu velho avô narrar
Histórias muito engraçadas
E gostosas de escutar.
No alpendre de sua casa
Nas noites enluaradas
No clarão da lamparina
Até altas madrugadas
Parávamo pra dormir
Ao cantar das passaradas.
Em uma de suas histórias
Uma chamava atenção
De um tal de Barba Azul
Um sujeito esquesitão
Que existiu no passado
Em uma outra nação.
Por ele ter barba azul
Assim ficou conhecido
Careca de olhos grandes
O nariz muito comprido
Muito rico e arrogante
Por todos muito temido.
Morava em um castelo
O maaaior da região
Ele era alto e gordo
Cara de má intensão
Da forma que se vestia
Té causava assombração.
Tinha os cabelos enormes
Vivia em privacidade
Tinha cabra, ovelha e gado
Muitas casas na cidade
Muitos escravos e criados
Em sua propriedade.
Era estranaha sua origem
De seus pais ninguém sabia
Homem de pouco diálogo
Pouca gente o conhecia
Apareceu por acaso
E lá fixou moradia.
Barba Azul não ia festas
Nem gostava aparecer
Um dia se achou só
Consigo pôs a dizer
Preeciso duma mulher
Para comigo viver.
Então disse pro mordomo
Estou indo a cidade
Preciso me distrair
Fora da comunidade
Buscar alguém com quem
possa
Divirtir-me a vontade.
Chegando lá na cidade
Causou muita estranheza
Desmontou-se do cavalo
E sentou junto a mesa
E disse para o garçon
Vou afogar minha tristeza.
Traz algo pra eu beber
Um tiragosto também
Para degustar comigo
Estou preciso de alguém
Ao passar uma linda jovem
Ele diz vem cá meu bem.
Ela aceitou convite
E assentou-se junto a mesa
Ele disse para a jovem
Nunca vi tanta beleza
Respondeu muito obrigada
Por tão grata gentileza.
Inda era ,muito jovem
De olhos incandescentes
Cabelos longos e loiros
De expressão inocente
Tinha a candura da lua
De elegância atraente.
Ele perguntou seu nome
Ela disse é Catarina
Ela perguntou o seu
Ele respondeu menina
Meu nome é Barba Azul
Solidão é minha sina.
Barba Azul lhe perguntou
É solteira ou casad
Ela respondeu senhor
Eu não sou compromissada
Sequer tenho namorado
Sou uma jovem despresada.
Elçe arregalou os olhos
Este é meu maior castigo
Pegou suas mãos macias
Preciso falar contigo
Responda-me Catarina
Você quer morar comigo.
Catarina respondeu
Quero com muito prazer
Ele disse está na hora
Não tenho tempo a perder
Preciso chegar em casa
Antes do anoitecer.
Ela montou na garupa
E partiram da cidade
Rumo ao castelo dele
Em alta velocidade
Ao anoitecer chegara
Em sua localidade.
Catarina sastifeita
Por um marido arranjar
Entrou em casa com ele
Sem nada desconfiar
Depóis da janta eles foram
Para o quarto repousar.
Passou a noite de núpsias
E o tempo foi se passando
Tudo era maravilhas
Até certo dia quando
Ele disse Catarina
No castelo eu que mando.
De agora por diante
Acabou a liberdade
É do quarto pra cozinha
Sem nenhuma amisade
Renderas-me obdiências
E a minha autoridade.
Eu também não quero filhos
Não me faça aborrecer
Lembre-se que me pertence
Terá que me obedecer
Será punida com a morte
Se me desobedecer.
Ela disse não foi isso
Que o senhor me prometeu
Prometi por prometer
Ele assim a respondeu
Tu és só minha mulher
E eu sou o dono seu.
Ela disse sim senhor
Não tenho alternativa
Serei sempre sua escrava
Farei como quer que eu
viva
Sendo eu uma viva morta
Jamais terei voz altiva.
Depois de um tempo ela
disse
Eu estou grávida paixão
Ele levantou zangado
Eu lhe avisei que não
Puxou-a pelos cabelos
Do quarto até o porão.
Pendurou-a numa corda
Você vai morrer agora
Matando-a enforcada
E saindo sem demora
Trancou a porta com a
chave
Deixou ela e foi embora.
Ao sentir a sua falta
Alguém pra ele indagou
O que fez com Catarina
Sem gagueijar murmurou
Disse não gostar de mim
Foi embora e me deixou.
Ninguém ali no castelo
Tinha acesso ao porão
Somente o Barba Azul
Com cuidado e atenção
Tinha acesso ao local
De medo e assombração.
Alguns anos se passaram
Ele se achando sozinho
Diz consigo não dar mais
Pra viver sem carinho
Vou procurar uma mina
E trazê-la pro meu ninho.
Foi para outra cidade
Onde não o conhecia
Observa o movimento
Dia e noi faz vigia
Buscava encontrar alguém
Para a sua companhia.
Nisto passou uma jovem
Que lhe chamou atenção
Ele esta mexeu
Com negro coração
Esta vai ter que ser minha
Ela queira ou que não.
Era uma morena esbelta
Duma perfeição sem par
Fala macia e dengosa
A mais bonita do lugar
É com esta morena linda
Que o Barba vai se casar.
Ele diz vem cá morena
Daí-me honra e o prazer
Vem deliciar comigo
Do meu comer e beber
Simptizei por você
Para comigo viver.
De início exitou
Mas logo voltou atrás
Se aproximou e falou
O que quer de mim rapaz
Ele disse eu sou viuvo
Quero de você a paz.
Sente-se aqui por favor
Precisamos conversar
Gostei muito de você
E pretendo me casar
Re4sponda-me se aceita
Ser a dona do meu lar.
Ela diz não te conheço
Daí-me um tempo por favor
Sequer eu sei o seu nome
Nem sei quem é o senhor
Para no primeiro encontro
Aceitá-lo como amor.
Ele respondeu sorrindo
Barba Azul é o nome eu
Responda-me por favor
Como é o nome seu
Preciso te conhecer
E você conhecer eu.
O meu nome é Mariquinha
Já que quer me conhecer
Eu sou de família pobre
Assim lhe faço saber
Eu jamais amei alguém
A minha vida é sofrer.
Amor não fique nervosa
Não corre nenhum perigo
Responda-me senhorita
Aceita casar comigo?
Não sei que será de mim
Se n~]ao me casar contigo.
Mariquinha respondeu
Eu aceito com prazer
Ele disse então vamos
Não há tempo a perder
Arrumar a papelada
Antes do entardecer.
Dali sairam os dois
Pra igreja da cidade
Aos beijo de mãos dadas
E jurando lealdade
Projetando o futuro
Riam de felicidade.
Finalmenteé chegado
Dia do grande momento
A noiva bem arrumada
E o seu noivo atento
Ao pé do altar de Deus
Celebrou-se o casamento.
Diante dos convidados
Houve a celebração
Os dois sairam felizes
Em meio a multidão
Tomaram a carroagem
Rumo a sua habitação.
Ao chegarem ao castelo
Entre beijos e abraços
Ao descer da carroagem
Ele a tomou em seus braços
Foram diretos pro quarto
Apressados em largos
passos.
Alguns meses se passaram
Em grande felicidade
Té que Mariquinha disse
Amor eu vou a cidade
Quero visitar meus pais
Tou morrendo de saudade.
Barba Azul lhe respondeu
Não tem minha permissão
Se bvocê teimar e for
Darei-le uma punição
Arrasto pelos cabelos
E lhe tranco no prão.
Vou agora olhar o gado
Que se encontra na
pastagem
Mas antes do anoitecer
Eu voltarei da viagem
Não descumpra minhas
ordens
Nem me faça sacanagem.
Assim que ele saiu
Ela disse vou agora
Para a casa dos meus pais
E voltarei sem demora
Só espero que o Barba
Não volte antes da hora.
Lá na casa dos seus pais
Tudo era alegria
Pois não esperavam a filha
Visitar-lhes neste dia
Contou da felicidade
Que com o esposo vivia.
Quando deu conta de si
Ela disse tenho agora
Urgente voltar pra casa
Isto farei sem demora
Enquanto que seu marido
Voltava antes da hora.
O Barba ao chegar em casa
Qua a mulher não encontrou
Disse a si enfurecido
Ela me desrespeitou
Não quero ouvir desculpas
Matar Mariquinha eu vou.
AQo chegar em sua casa
Ele ouviu sem esperar
Barba Azul enlouquecido
Gritando lhe ameaçar
Vagabunda sem futuro
Entre que eu vou te matar.
Puxou-a pelos cabelos
Já lhe deu um safanão
Ela disse meu amor
Não me faça isto não
Babando de raiva disse
Eu não quero explicação.
Proibi-lhe de sair
Você desobedeceu
A´punhalou-a no peito
Ela suspirou e gemeu
Esvaindo-se em sangue
Caiu no chão e morreui.
Jogou-a lá no porão
Saiu e fechou a porta
Foi divertir na cidade
Enquanto a mulher morta
Pregada numa parede
Pra ele nada importa.
Bebendo com os amigos
Já bastante embriagado
Conversando heresias
Em nada preocupado
Sem nenhum constangimento
De umj crime praticado.
Nisto passa uma morena
O deixando atordoado
Levantando ele diz
Eu estou apaixonado
Moça sente-=se a vontade
Sente-se aqi ao meu lado
Respondendo ela lhe diz
Senhor se dê a respeito
Eu não quem você pensa
E nãolhe dei o direito
Portar-se assim comigo
Esqueça-me viu sujeito.
A morena foi embora
Logo veio uma loirinha
Ele disse pros amigos
Esta loira vai ser minha
Sem perder tempo lhe disse
Aproxime-se gatinha.
A jovem se aproximou
Com muita educação
O que o senhor quer comigo
Estou atrasada emtão
Se não tem o que fazer
Pare de perturbação.
Barba Azul falou irado
Provocação não aceito
Jonas seu amigo disse
Amigo pense direito
Augusto lhe replicou
Reconheça seu defeito.
A loiirinha foi embora
Enquanto o Barba brigava
Outra jovem que ouvia
O que Barba Azul falava
Mata a curiosidade
Dele se aproximava.
O senhor está nervoso
O que lhe aconteceu
De forma muita grosseira
Baeba Azul lhe respondeu
Eu nunca em minha vida
Alquem se disfez de eu.
Como se chama o senhor
A jovem lhe perguntou
Meu nome é Estelita
Sorrateiramente falou
Sou doutora em medicina
Assim se identificou
Ele disse eu lhe respondo
Barba Azul o seu criado
Desculpe minha ausadia
Anão me ache arrogado
Aceite o meu convite
Favor sentar-se ao meu
lado.
Doutora estou doente
Estou pra não aguentar
O momento é oportuno
Vou auto me consultar
A doutora é o remédio
Que agora vai me curar.
Estelita disse calma
Não queira se afoitar
Na verdade sou veneno
Que poderá lhe matar
Não queira brincar com
fogo
Pra puder não se queimar.
Barba Azul fechou a cara
Disse presada doutora
Tu és uma jovem linda
Educada encantadora
Sou viuvo solitário
Tenho vida promissora.
Sou um homem muito rico
Sem filhos para herdar
Preciso uma companheira
Para bem de mim cuidar
Faço-lhe uma proposta
Queres comigo casar?
As portas dop meu castelo
Estão abertas pra ti
Eu sou um viuvo idoso
Homem mais rico daqui
Portanto, quanto eu morrer
Tudo ficará pra si.
Estelita respondeu
Também pertenço a npbreza
Sou filha de Julião
Homem de grande riqueza
A minha mãe Julieta
Grande mulher com certeza.
Eu tenho como irmãos
Três jovens inteligentes
Joãozinho e Bernardo
São jovens muito valentes
Expedito e Jovita
Pessoas polivalentes.
Sou jovem estudiosa
E permaneço solteira
Aceito casar contigo
Ma não de brincadeira
Se me acveitar como sou
Serei sua companheira.
Tu terás minha palavra
Fez questão de responder
Vamos agora ao cartório
Não há tempo a perder
Arrumar a papelada
Pro casório acontecer.
Ela disse não se aprece
Vamos sim neste momento
A fazenda dos meus pais
Me pedir em casamento
Só me caso com você
Se me der consentimento.
Ele disse está certo
Eu gosto tudo direito
Foi a casa dos pais dela
Pediu com muito respeito
Estelita em casamento
O velho disseeu aceito.
Já marcaram o casamento
Para a semana seguinte
A festa foi preparada
Com sutileza e requinte
O casório acointeceu
A tarde do dia vinte.
Tomaram a carruagem
Com destino ao castelo
Em plena lua de mel
Houve o primeiro duelo
Ela acertou o marido
Na cabeça com martelo.
Também no dia seguinte
Outra briga aconteceu
Disse pra esposa quem
Manda no castelo é eu
Aqui só eu dou as ordens
Escreveu não leu, pau
comeu.
Barba disse a Estelita
Acabou a liberdade
Tudo aqui é como eu quero
Nada de ir a cidade
Se me desobedecer
Irá pra eternidade.
As criadas fazem tudo
Não precisa trabalhar
Tu terás todo conforto
Não há de que reclamar
Te acesso ao castelo
No porão não pode entrar
Ela disse tudo bem
Pode confiar em eu
Lembre-se que não foi isso
Que você me prometeu
Não esqueça que a metade
Do que você tem é meu.
O Bar Azul retirou-se
Deois desta discursão
Ela foi até o chaveiro
E com a chave na mão
Disse eu vou descobrir
O segredo do porão.
Quando ela abriu a porta
Já sentiu o podredão
Olhou pra todos os lados
Embora na escuridão
Avistou dois esqueletos
Pendurados num cordão.
Ela gritou pras criadas
Venham todas aqui ver
Tragam o candeeiro aceso
Pricisam ver para cre
Elas chegaram correndo
Sem de nada entender.
Todas ficam perplexas
Com a grande descoberta
Nisto Estelita diz
Tenho que ficar esperta
Para denunciar o Barba
Esta é a hora certa.
Mandou chamar a polícia
E aos seus pais avisar
Nisto chega Barba Azul
E já começa brigar
Que você faz aqui fora
Trate logo de entrar.
Estelita disse monstro
Denunciei voz-mercê
Hoje eu abri o porão
E descobri o porque
De mantê-lo em segredo
Hoje eu vou prender você.
Você não está com o diabo
Barba Azul a treplicou
Investiu contra a mulher
Pelos cabelos puxou
Nisto seu pai e irmãos
Com a polícia chegou.
Deram-lhe voz de prisão
Ele não se entregou
Gritou para os capangas
E a briga começou
Na confusão Estelita
Do Barba Azul se soltou.
Barba Azul muito valente
Diz eu não vou me entregar
Ela também foi pra briga
Gritou sem se intimidar
Se entrega Barba azul
Você não vai escapar.
Barba Azul gritava alto
Vocês não vão me prender
Sou pior que o diabo
Só paro quando morrer
Não vão ser vocês bostas
Que vão fazer me render.
Num descuido Barba Azul
Tombou sem vida no chão
Os cangaceiros presentes
Vendo morre seu patrão
Desistiram de lutar
E acabou a confusão.
Com a morte do marido
Estelita viuvou
Como não tinha herdeiros
Toda fortuna herdou
E não passou muito tempo
Com outro ela se casou.
Construiu nova família
Com segurança ela diz
Eu realizei o meu sonho
Fazendo o que sempre quis
Viverei em paz comigo
Pra sempre serei feliz.
Francisco Erivaldo Pereira
Alencar
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