terça-feira, 5 de julho de 2022

2.955 - BARBA AZUL

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 05 07 2022 e música:

 

 

Peço licença a todos

Para em versos contar

Por muitas vezes ouvi

Meu velho avô narrar

Histórias muito engraçadas

E gostosas de escutar.

 

No alpendre de sua casa

Nas noites enluaradas

No clarão da lamparina

Até altas madrugadas

Parávamo pra dormir

Ao cantar das passaradas.

 

Em uma de suas histórias

Uma chamava atenção

De um tal de Barba Azul

Um sujeito esquesitão

Que existiu no passado

Em uma outra nação.

 

Por ele ter barba azul

Assim ficou conhecido

Careca de olhos grandes

O nariz muito comprido

Muito rico e arrogante

Por todos muito temido.

 

 Morava em um castelo

O maaaior da região

Ele era alto e gordo

Cara de má intensão

Da forma que se vestia

Té causava assombração.

 

Tinha os cabelos enormes

Vivia em privacidade

Tinha cabra, ovelha e gado

Muitas casas na cidade

Muitos escravos e criados

Em sua propriedade.

 

Era estranaha sua origem

De seus pais ninguém sabia

Homem de pouco diálogo

Pouca gente o conhecia

Apareceu por acaso

E lá fixou moradia.

 

 

Barba Azul não ia festas

Nem gostava aparecer

Um dia se achou só

Consigo pôs a dizer

Preeciso duma mulher

Para comigo viver.

 

Então disse pro mordomo

Estou indo a cidade

Preciso me distrair

Fora da comunidade

Buscar alguém com quem possa

Divirtir-me a vontade.

 

Chegando lá na cidade

Causou muita estranheza

Desmontou-se do cavalo

E sentou junto a mesa

E disse para o garçon

Vou afogar minha tristeza.

 

Traz algo pra eu beber

Um tiragosto também

Para degustar comigo

Estou preciso de alguém

Ao passar uma linda jovem

Ele diz vem cá meu bem.

 

Ela aceitou  convite

E assentou-se junto a mesa

Ele disse para a jovem

Nunca vi tanta beleza

Respondeu muito obrigada

Por tão grata gentileza.

 

Inda era ,muito jovem

De olhos incandescentes

Cabelos longos e loiros

De expressão inocente

Tinha a candura da lua

De elegância atraente.

 

Ele perguntou seu nome

Ela disse é Catarina

Ela perguntou o seu

Ele respondeu menina

Meu nome é Barba Azul

Solidão é minha sina.

 

Barba Azul lhe perguntou

É solteira ou casad

Ela respondeu senhor

Eu não sou compromissada

Sequer tenho namorado

Sou uma jovem despresada.

 

 

Elçe arregalou os olhos

Este é meu maior castigo

Pegou suas mãos macias

Preciso falar contigo

Responda-me Catarina

Você quer morar comigo.

 

Catarina respondeu

Quero com muito prazer

Ele disse está na hora

Não tenho tempo a perder

Preciso chegar em casa

Antes do anoitecer.

 

Ela montou na garupa

E partiram da cidade

Rumo ao castelo dele

Em alta velocidade

Ao anoitecer chegara

Em sua localidade.

 

Catarina sastifeita

Por um marido arranjar

Entrou em casa com ele

Sem nada desconfiar

Depóis da janta eles foram

Para o quarto repousar.

 

Passou a noite de núpsias

E o tempo foi se passando

Tudo era maravilhas

Até certo dia quando

Ele disse Catarina

No castelo eu que mando.

 

De agora por diante

Acabou a liberdade

É do quarto pra cozinha

Sem nenhuma amisade

Renderas-me obdiências

E a minha autoridade.

 

Eu também não quero filhos

Não me faça aborrecer

Lembre-se que me pertence

Terá que me obedecer

Será punida com a morte

Se me desobedecer.

 

Ela disse não foi isso

Que o senhor me prometeu

Prometi por prometer

Ele assim a respondeu

Tu és só minha mulher

E eu sou o dono seu.

 

 

Ela disse sim senhor

Não tenho alternativa

Serei sempre sua escrava

Farei como quer que eu viva

Sendo eu uma viva morta

Jamais terei voz altiva.

 

Depois de um tempo ela disse

Eu estou grávida paixão

Ele levantou zangado

Eu lhe avisei que não

Puxou-a pelos cabelos

Do quarto até o porão.

 

Pendurou-a numa corda

Você vai morrer agora

Matando-a enforcada

E saindo sem demora

Trancou a porta com a chave

Deixou ela e foi embora.

 

Ao sentir a sua falta

Alguém pra ele indagou

O que fez com Catarina

Sem gagueijar murmurou

Disse não gostar de mim

Foi embora e me deixou.

 

Ninguém ali no castelo

Tinha acesso ao porão

Somente o Barba Azul

Com cuidado e atenção

Tinha acesso ao local

De medo e assombração.

 

Alguns anos se passaram

Ele se achando sozinho

Diz consigo não dar mais

Pra viver sem carinho

Vou procurar uma mina

E trazê-la pro meu ninho.

 

Foi para outra cidade

Onde não o conhecia

Observa o movimento

Dia e noi faz vigia

Buscava encontrar alguém

Para a sua companhia.

 

Nisto passou uma jovem

Que lhe chamou atenção

Ele esta mexeu

Com negro coração

Esta vai ter que ser minha

Ela queira ou que não.

 

 

Era uma morena esbelta

Duma perfeição sem par

Fala macia e dengosa

A mais bonita do lugar

É com esta morena linda

Que o Barba vai se casar.

 

Ele diz vem cá morena

Daí-me honra e o prazer

Vem deliciar comigo

Do meu comer e beber

Simptizei por você

Para comigo viver.

 

De início exitou

Mas logo voltou atrás

Se aproximou e falou

O que quer de mim rapaz

Ele disse eu sou viuvo

Quero de você a paz.

 

Sente-se aqui por favor

Precisamos conversar

Gostei muito de você

E pretendo me casar

Re4sponda-me se aceita

Ser a dona do meu lar.

 

Ela diz não te conheço

Daí-me um tempo por favor

Sequer eu sei o seu nome

Nem sei quem é o senhor

Para no primeiro encontro

Aceitá-lo como amor.

 

Ele respondeu sorrindo

Barba Azul é o nome eu

Responda-me por favor

Como é o nome seu

Preciso te conhecer

E você conhecer eu.

 

O meu nome é Mariquinha

Já que quer me conhecer

Eu sou de família pobre

Assim lhe faço saber

Eu jamais amei alguém

A minha vida é sofrer.

 

Amor não fique nervosa

Não corre nenhum perigo

Responda-me senhorita

Aceita casar comigo?

Não sei que será de mim

Se n~]ao me casar contigo.

 

 

Mariquinha respondeu

Eu aceito com prazer

Ele disse então vamos

Não há tempo a perder

Arrumar a papelada

Antes do entardecer.

 

Dali sairam os dois

Pra igreja da cidade

Aos beijo de mãos dadas

E jurando lealdade

Projetando o futuro

Riam de felicidade.

 

Finalmenteé chegado

Dia do grande momento

A noiva bem arrumada

E o seu noivo atento

Ao pé do altar de Deus

Celebrou-se o casamento.

 

Diante dos convidados

Houve a celebração

Os dois sairam felizes

Em meio a multidão

Tomaram a carroagem

Rumo a sua habitação.

 

Ao chegarem ao castelo

Entre beijos e abraços

Ao descer da carroagem

Ele a tomou em seus braços

Foram diretos pro quarto

Apressados em largos passos.

 

Alguns meses se passaram

Em grande felicidade

Té que Mariquinha disse

Amor eu vou a cidade

Quero visitar meus pais

Tou morrendo de saudade.

 

Barba Azul lhe respondeu

Não tem minha permissão

Se bvocê teimar e for

Darei-le uma punição

Arrasto pelos cabelos

E lhe tranco no prão.

 

Vou agora olhar o gado

Que se encontra na pastagem

Mas antes do anoitecer

Eu voltarei da viagem

Não descumpra minhas ordens

Nem me faça sacanagem.

 

 

Assim que ele saiu

Ela disse vou agora

Para a casa dos meus pais

E voltarei sem demora

Só espero que o Barba

Não volte antes da hora.

 

Lá na casa dos seus pais

Tudo era alegria

Pois não esperavam a filha

Visitar-lhes neste dia

Contou da felicidade

Que com o esposo vivia.

 

Quando deu conta de si

Ela disse tenho agora

Urgente voltar pra casa

Isto farei sem demora

Enquanto que seu marido

Voltava antes da hora.

 

O Barba ao chegar em casa

Qua a mulher não encontrou

Disse a si enfurecido

Ela me desrespeitou

Não quero ouvir desculpas

Matar Mariquinha eu vou.

 

AQo chegar em sua casa

Ele ouviu sem esperar

Barba Azul enlouquecido

Gritando lhe ameaçar

Vagabunda sem futuro

Entre que eu vou te matar.

 

Puxou-a pelos cabelos

Já lhe deu um safanão

Ela disse meu amor

Não me faça isto não

Babando de raiva disse

Eu não quero explicação.

 

Proibi-lhe de sair

Você desobedeceu

A´punhalou-a no peito

Ela suspirou e gemeu

Esvaindo-se em sangue

Caiu no chão e morreui.

 

Jogou-a lá no porão

Saiu e fechou a porta

Foi divertir na cidade

Enquanto a mulher morta

Pregada numa parede

Pra ele nada importa.

 

 

Bebendo com os amigos

Já bastante embriagado

Conversando heresias

Em nada preocupado

Sem nenhum constangimento

De umj crime praticado.

 

Nisto passa uma morena

O deixando atordoado

Levantando ele diz

Eu estou apaixonado

Moça sente-=se a vontade

Sente-se aqi ao meu lado

 

Respondendo ela lhe diz

Senhor se dê a respeito

Eu não quem você pensa

E nãolhe dei o direito

Portar-se assim comigo

Esqueça-me viu sujeito.

 

A morena foi embora

Logo veio uma loirinha

Ele disse pros amigos

Esta loira vai ser minha

Sem perder tempo lhe disse

Aproxime-se gatinha.

 

A jovem se aproximou

Com muita educação

O que o senhor quer comigo

Estou atrasada emtão

Se não tem o que fazer

Pare de perturbação.

 

Barba Azul falou irado

Provocação não aceito

Jonas seu amigo disse

Amigo pense direito

Augusto lhe replicou

Reconheça seu defeito.

 

A loiirinha foi embora

Enquanto o Barba brigava

Outra jovem que ouvia

O que Barba Azul falava

Mata a curiosidade

Dele se aproximava.

 

O senhor está nervoso

O que lhe aconteceu

De forma muita grosseira

Baeba Azul lhe respondeu

Eu nunca em minha vida

Alquem se disfez de eu.

 

 

Como se chama o senhor

A jovem lhe perguntou

Meu nome é Estelita

Sorrateiramente falou

Sou doutora em medicina

Assim se identificou

 

Ele disse eu lhe respondo

Barba Azul o seu criado

Desculpe minha ausadia

Anão me ache arrogado

Aceite o meu convite

Favor sentar-se ao meu lado.

 

Doutora estou doente

Estou pra não aguentar

O momento é oportuno

Vou auto me consultar

A doutora é o remédio

Que agora vai me curar.

 

Estelita disse calma

Não queira se afoitar

Na verdade sou veneno

Que poderá lhe matar

Não queira brincar com fogo

Pra puder não se queimar.

 

Barba Azul fechou a cara

Disse presada doutora

Tu és uma jovem linda

Educada encantadora

Sou viuvo solitário

Tenho vida promissora.

 

Sou um homem muito rico

Sem filhos para herdar

Preciso uma companheira

Para bem de mim cuidar

Faço-lhe uma proposta

Queres comigo casar?

 

As portas dop meu castelo

Estão abertas pra ti

Eu sou um viuvo idoso

Homem mais rico daqui

Portanto, quanto eu morrer

Tudo ficará pra si.

 

Estelita respondeu

Também pertenço a npbreza

Sou filha de Julião

Homem de grande riqueza

A minha mãe Julieta

Grande mulher com certeza.

 

 

Eu tenho como irmãos

Três jovens inteligentes

Joãozinho e Bernardo

São jovens muito valentes

Expedito e Jovita

Pessoas polivalentes.

 

Sou jovem estudiosa

E permaneço solteira

Aceito casar contigo

Ma não de brincadeira

Se me acveitar como sou

Serei sua companheira.

 

Tu terás minha palavra

Fez questão de responder

Vamos agora ao cartório

Não há tempo a perder

Arrumar a papelada

Pro casório acontecer.

 

Ela disse não se aprece

Vamos sim neste momento

A fazenda dos meus pais

Me pedir em casamento

Só me caso com você

Se me der consentimento.

 

Ele disse está certo

Eu gosto tudo direito

Foi a casa dos pais dela

Pediu com muito respeito

Estelita em casamento

O velho disseeu aceito.

 

Já marcaram o casamento

Para a semana seguinte

A festa foi preparada

Com sutileza e requinte

O casório acointeceu

A tarde do dia vinte.

 

Tomaram a carruagem

Com destino ao castelo

Em plena lua de mel

Houve o primeiro duelo

Ela acertou o marido

Na cabeça com martelo.

 

Também no dia seguinte

Outra briga aconteceu

Disse pra esposa quem

Manda no castelo é eu

Aqui só eu dou as ordens

Escreveu não leu, pau comeu.

 

 

Barba disse a Estelita

Acabou a liberdade

Tudo aqui é como eu quero

Nada de ir a cidade

Se me desobedecer

Irá pra eternidade.

 

As criadas fazem tudo

Não precisa trabalhar

Tu terás todo conforto

Não há de que reclamar

Te acesso ao castelo

No porão não pode entrar

 

Ela disse tudo bem

Pode confiar em eu

Lembre-se que não foi isso

Que você me prometeu

Não esqueça que a metade

Do que você tem é meu.

 

O Bar Azul retirou-se

Deois desta discursão

Ela foi até o chaveiro

E com a chave na mão

Disse eu vou descobrir

O segredo do porão.

 

Quando ela abriu a porta

Já sentiu o podredão

Olhou pra todos os lados

Embora na escuridão

Avistou dois esqueletos

Pendurados num cordão.

 

Ela gritou pras criadas

Venham todas aqui ver

Tragam o candeeiro aceso

Pricisam ver para cre

Elas chegaram correndo

Sem de nada entender.

 

Todas ficam perplexas

Com a grande descoberta

Nisto Estelita diz

Tenho que ficar esperta

Para denunciar o Barba

Esta é a hora certa.

 

Mandou chamar a polícia

E aos seus pais avisar

Nisto chega Barba Azul

E já começa brigar

Que você faz aqui fora

Trate logo de entrar.

 

 

Estelita disse monstro

Denunciei voz-mercê

Hoje eu abri o porão

E descobri o porque

De mantê-lo em segredo

Hoje eu vou prender você.

 

Você não está com o diabo

Barba Azul a treplicou

Investiu contra a mulher

Pelos cabelos puxou

Nisto seu pai e irmãos

Com a polícia chegou.

 

Deram-lhe voz de prisão

Ele não se entregou

Gritou para os capangas

E a briga começou

Na confusão Estelita

Do Barba Azul se soltou.

 

Barba Azul muito valente

Diz eu não vou me entregar

Ela também foi pra briga

Gritou sem se intimidar

Se entrega Barba azul

Você não vai escapar.

 

Barba Azul gritava alto

Vocês não vão me prender

Sou pior que o diabo

Só paro quando morrer

Não vão ser vocês bostas

Que vão fazer me render.

 

Num descuido Barba Azul

Tombou sem vida no chão

Os cangaceiros presentes

Vendo morre seu patrão

Desistiram de lutar

E acabou a confusão.

 

Com a morte do marido

Estelita viuvou

Como não tinha herdeiros

Toda fortuna herdou

E não passou muito tempo

Com outro ela se casou.

 

Construiu nova família

Com segurança ela diz

Eu realizei o meu sonho

Fazendo o que sempre quis

Viverei em paz comigo

Pra sempre serei feliz.

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar

Nenhum comentário:

Postar um comentário