domingo, 19 de junho de 2022

2.936 - ANTONIO MARACAJÁ.

 

Autor: erivaldo Alencar.

 

Letra:  19 06 2022 e música:

 

 

Desta vez eu vou narrar

A história dum repentista

Na profissão do repente

Ele foi grande artista

Um exímio cantador

Que jamais fugiu da pista.

 

Antonio Alves Pereira

Este é o nome seu

Antonio Maracajá

Para o repente nasceu

Sítio Liso, Acopiara

Onde nasceu e cresceu.

 

O dia cinco de maio

Data do seu nascimento

Mil novecentos vinte e dois

Naquele justo momento

A família alegrou-se

Com seu aparecimento.

 

Filho biológico de

Senhor Antonio Moreira

E Ana Pereira Lima

Doméstica e companheira

Seu pai foi agricultor

Ensinou-lhe a lição primeira.

 

Ele só tinha uma irmã

Sua amiga do coração

Maria Alves Pereira

Casou com Elias Romão

Além de primo e cunhado

Tinha-o como irmão.

 

Maracajá foi bom filho

E no Liso se criou

Com a irmã e seus pais

Lá muito tempo morou

E para ajudar seus pais

Na roça ele trabalhou.

 

Ele iniciou na arte

Aos três anos de idade

Tocando em oito baixos

Em sua comunidade

Já mostrava ter domínio

E muita capacidade.

 

 

Aos dezoito de idade

Sua querida mãe lhe deu

Sua primeira viola

Que com prazer recebeu

Rapidamente a tocar

E a cantar aprendeu.

 

Em quarenta e cinco compôs

O seu primeiro poema

Título (Trite Partida)

Ao seu modo e sistema

Contando a dor da partida

Este foi o principal tema.

 

No ano sessenta e quatro

(Martírio da minha vida)

(minha infância) veio depois

(Mulher bonita) em seguida

(Separação de nós dois)

Compôs em contra partida.

 

Despedida de Zé Jales

É de sua Autoria

Conta a história dum vaqueiro

Que nos deu tanta alegria

Num acidente em vaquejada

A sua vida perdia.

 

Com Maria Alves de Lima

Casou em nupcia primeira

Com Maria Pereira Matos

Isto em nupcia derradeira

Apelidada de Neném

Sua última companheira.

 

Cinco filhos biológicos

Em ambos os casamentos

Quatro foram no primeiro

E um no segundo evento

Mais um que foi adotado

São verdades não invento.

 

Cícero Alves Pereira

Adauto Alves Pereira

Raimundo Alves Pereira

Foi aumentando a fileira

E José Alves Pereira

Filhos da mulher primeira.

 

Da última o Nicodemus

Um rapaz bem preparado

Geraldo José de Souza

Único filho adotado

Sendo Geraldo seu primo

Pelo primo foi criado.

 

 

Antonio Maracajá

Em vários morou lugares

Além do Liso e São Paulo

Acopiara em vários lares

Bonome, Piquet Carneiro

Quixoá e outros ares.

 

Barro Alto em Iguatu

Campina Grande também

Ele fez programas em rádios

E se saiu muito bem

Representando sua terra

Ele foi muito além.

 

No ano cinquenta e oito

Por José Gonçalves levado

Cantou em programa de rádio

Na Paraíba o estado

Cidade Campina Grande

Onde foi ovacionado.

 

Cantou  em um auditório

De quatrocentos lugares

Nesta apresentação ganhou

Muitos aplauso populares

Também ganhou o apelido

Que atravessou os mares.

 

Do jornalista Dinaldo

O vulgo Maracajá

Por tá pintando de branco

Os pelos aqui e acolá

Pelos da cabeça e cara

Os braços pintavam já.

 

Antonio Maracajá

Um repentista completo

Também poe escritor

Escreveu certo e reto

Na poesia matuta

Foi um cantador repleto.

 

O Gato Maracajá

Na profissão cantador

Carinhosamente chamado

Exerceu com muito amor

Representou muito bem

A terra do lavrador.

 

Na profissão do repente

Cantou com Cego Mangabeira

Julio Aires e Zé Tota

Manoel de Oliveira

Zé Gonçalves de Várzea Alegre

João e Pedro Bandeira.

 

 

Cantou com Zé Alexandre

Chico Alves de Iguatu

Higino Gomes de Melo

Zé de Souza digo a tu

Com Osmarino de Freitas

Ele cantou sem lundu.

 

Com o João Vitorino

Chico Crisanto e Azulão

Com Chico Guedes também

Canytou para a multidão

E com Genival Limeira

Ele desbravou o sertão.

 

Como cantador repentista

Antonio Maracajá

Percorreu vários estados

Além do seu Ceará

O Rio Grande do Norte

Paraíba morou lá.

 

Pernambuco e São Paulo

O Piauí conheceu

Esteve em muitas cidades

Cumprindo o que prometeu

Sem jamais decepcionar

O povo que o acolheu.

 

Lá em São Paulo foi

Pelo Azulão levado

Programa do Téo Azevedo

Ele foi apresentado

Lá na Rádio Atual

Deu conta do seu recado.

 

Na viagem a São Paulo

Ele gravou em cantoria

O seu primeiro CD

Num disco em parceria

Realizar este sonho

Sua maior alegria.

 

No festival de cantadores

Em noventa e seis o ano

Ele perdeu a viola

Foi seu maior desengano

Ficou vários meses parado

Atrapalhando seu plano.

 

Com o Toinho Buchudo

Certa vez ele cantando

Para ir pra sua casa

A sua mulher chamando

Provando ser bom poeta

Ele lhe respondeu versando.

 

 

Maracajá mesmo bêbado

Não faz um verso perdido

Em outra ocasião

O nosso poeta querido

Fez uma estrofe dormindo

Em tema pré-escolhido.

 

Em primeiro de novembro

De dois mil e dez o ano

Partiu de Piquet Carneiro

Pra morar com o suberano

Deixou o mundos vivos

Foi viver em outro plano.

 

Como era seu desejo

Nosso nobre cantador

Por amar a sua terra

Pediu um grande favor

Seu corpo descansa em paz

Na terra do lavrador.

 

Maracajá foi exemplo

Na arte de cantador

Um poeta extrovertido

Do público animador

Orgulho dos repentistas

Da terra do lavrador.

 

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar

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