sexta-feira, 17 de junho de 2022

2.935 - AINDA TENHO LEMBRANÇA DAS COISAS DO MEU SERTÃO.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 17 06 2022 e música:

 

 

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão

Lá cresci na esperança

Tive boa formação

Eu nunca que esqueci

Os bons tempos que vivi

Lá no meu velho rincção

Copm amor e na bonança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Era de taipa a casinha

Onde nasci me criei

Humilde e simplesinha

Nela bom tempo passei

Virada para o nascente

Os fundos para o poente

As margens do estradão

Mas cheia de esperança

Ainda tenho lembrança

Das coisa do meu sertão.

 

A casa era formada

Por uma sala na frente

Com a porta da entrada

E a janela no nascente

Com a sala de jantar

Como se pode notar

Era tijolada o chão

Janela dava segurança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Tinha uma grande cosinha

Com porta para o poente

Ao sul uma janela tinha

Ligada ao quarto da frente

Um quarto junto a cosnha

Pequena janela tinha

Pra extinguir a escuridão

Vivíamos em festança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

O quarto onde nasci

Com porta para cosinha

Janela pro oitão eu vi

Mas um outro quarto tinha

Que ficava lá na frente

Um alpendre no nascente

Completava a mansão

Que nos dava segurança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Na frente um grande terreiro

Lá jogávamos futebol

Tinha um grande juazeiro

Que nos livramos do sol

Nos seus galhos nós subia

Seus frutos a gente colhia

E fazia a degustação

Que bons tempos de criança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Tinha um pé de cajarana

Que tinha a minha idade

Pasasámos a semana

Curtindo a felicidade

Tinha um outro terreiro

Outro pé de juazeiro

E um enorme poleirão

Galinhas faziam festança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Aquela casa singela

As margens do estradão

Saudades eu sinto dela

Faz doer meu coração

Também tinha dois chiqueiros

Para as cabras e carneiros

Bem ao lado no oitão

Com leite eu enchia a pança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Chiqueirava os cabritos

Botava mochila e boqueira

Naqueles bichos bonitos

Fazia cura da bicheira

Sem tempo pra descansar

Os porcos pra engordar

Botava no chiqueirão

Matava-os em festança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Eu lembro o curral do gado

Lá no final do terreiro

No centro um tronco enfincado

Saudoso aboio do vaqueiro

As vacas eu disleitava

Leite mogido eu tomava

Com Arlindo meu irmão

Vaquejava sem lambança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Eu ainda estou lembrado

O cachorro de estimação

Que foi mui bem educado

Luck, o seu nome então

Dormia junto com o gado

Que foi morto degolado

No roço do estradão

Sem puder fazer vingança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Ainda lembros as estradas

Quando criança passei

Das noites enluaradas

Veredas onde trilhei

A primeira namorada

A minha prima amada

Também lembro o bouqueirão

Do chiquerador de trança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Com cinco anos de idade

Eu aprendi trabalhar

Com onze fiz a vontade

Fui pra escola estudar

Em quatro meses somente

Aprendi o suficiente

Ler e escrever então

Com esforço e perseverançao

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Quatro foram os professores

O meu pai foi o primeiro

Com estes educadores

Eu aprendi a ler ligeiro

Carta de ABC e cartilha

Eu jamais perdi a trilha

E o primeiro livro então

Taboada com nuança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Ainda estou lembrado

Do banho de cachoeira

Da foice e do machado

Enxadeque e roçadeira

Da chibanca e da enxada

Da picareta quebrada

Da perneira e do gibão

E da boa vinzinhança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Lembro o açude e a barragem

Do riacho inundando

Da estrada de rodagem

E do açude sangrando

Do roço da capoeira

Do tiritá da biqueira

Da chuva molhando o chão

Da colheita em bonança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Das caçadas de tatu

De viado e de rolinha

Dos peritos e peru

Ganso, pato e galinha

Do jacu e do capote

Da água fria do pote

Baião de dois e pirão

Do que é bom não se cansa

Aninda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Lembro o ponche de cajá

Carne frita do teú

Goiaba e maracujá

E do pé de mulungu

Das flores da catingueira

Do sítio da bananeira

Pinha, laranja e limão

Mesmo com tanta mudança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Inda lembro do moinho

A gente moendo o milho

Mamãe falando filhinho

Cuidado com o porvilho

Que é para fazer angu

Guarde bem o cherém tu

Não deixe cair no chão

Lá era tudo festança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Lembro o arroz de chapada

Da pamanoha e do chorice

Leite cozido e qualhada

Bons tempos de menenice

O gostoso mel de cana

Doce feito da banana

E o saboroso capitão

Para nós encher a pança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.


Eu jamais vou esquecer

Do queijo com rapadura

Vale apenas rever

O toicim feito fritura

Jeremum e melancia

Chapéu de couro, iguaria

Farofa de carne com pão

Com melão encia a pança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Há e o leite com pão

E o mungunzá com fava

Com toicim torrado então

As surras que mamãe me dava

Cangica e angu melado

Milho cozido e assado

Cajarana e o mamão

Eu comia sem lambança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Andar montado em cavalo

Campear gado no mato

Ouvir o cantar do galo

Bater da colher no prato

Tamarindo e trapiá

Macauba e fubá

Pipoca, cajá, melão

Fogão a lenha e balança

Anda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Inda hoje lembrado estou

Da dança de São Gonçalo

Elogiar aqui eu vou

O amançador de cavalo

A brincadeira de roda

O passa anel era moda

Em toda aquela região

Festa de forró com dança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Brincava de casamento

Contava historia de Trancoso

Botava água no jumento

Brincar do trisca era gostoso

Pegar parelha e nadar

Rios cheios atravessar

Jogar peteca e pião

Enquanto o tempo avança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

 

 

Eu lembro a cantoria

Da fogueira de São João

Asa-branca que alegria

E a desbulha de feijão

Lembro a quebra do milho

A caçada do novilho

Na cata do algodão

Cabra fazendo lambança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

Lembro quando brocava

Da tiração da madeira

Quando a roça acerava

Como se fosse brincadeira

Lembro do fogo de broga

Encendiários em toca

Fumaçava a amplidão

Povo gritava em festança

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu ertão.

 

Quanta saudade me dar

Da minha vida no passado

Até choro em lembrar

Do pouco que tou lembrado

Por enquanto pararei

Depois continuarei

Em outra ocasião

A minha mente não cansa

Ainda tenho lembrança

Das coisas do meu sertão.

 

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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