sexta-feira, 14 de abril de 2017

2.189 - MAS O CONFORTO QUE TENHO NO PRESENTE, NÃO VAI FAZER ESQUECER MEU PASSADO

Autor: Erivaldo Alencar.

Letra: 14 04 2017 e música:  


Lembro muito bem que antigamente
Era tão difícil para se viver
Para poder fazer o que comer
Tínhamos que trabalhar ao sol quente
O passadio também era duro
Sem conforto previdência e seguro
Colhia do que se tinha plantado
A vida era muito diferente
Mas o conforto que tenho no presente
Não vai fazer esquecer meu passado.

Naquele tempo só o fazendeiro
Que armazenava grande riqueza
Usufruindo o luxo da nobreza
Precisava e muito do seu vaqueiro
Que para deslocar uma boiada
Vaqueiro a levava pela estrada
Não havia carro pra levar o gado
Enfrentando aguaceiro e sol quente
Mas o conforto que tenho no presente
Não vai fazer esquecer meu passado.

Para tratar da saúde no passado
Era feito com muita dificuldade
Somente havia médicos na cidade
O paciente teria que ir montado
Não havia carro nem ambulância
Muitas vezes em redes à distância
Era pra cidade em ombros levado
Era grande o sofrimento da gente
Mas o conforto que tenho no presente
Não vai fazer esquecer meu passado.

Outro problema que se enfrentava
Quando alguém era pra ser enterrado
Cemitério só tinha no povoado
Lá no sítio caixão não se usava
Na sentinela cantava pro defunto
E numa rede levava o presunto
Em prato o corpo na cova jogado
Após enterro se tomava aguardente
Mas o conforto que tenho no presente
Não vai fazer esquecer meu passado.

Ainda lembro quando fui criança
Quando água no ombro carregava

Com tarrafas no açude pescava
Nas noites de São João tinha festança
Gostava muito de ir cantoria
No São Gonçalo com muita alegria
Ouvia o povo cantar animado
Nas bancas bebia cerveja quente
Mas o conforto que tenho no presente
Não vai fazer esquecer meu passado.

Era gostoso quando no curral
Tomava leite mugido na hora
Soltava um aboio que  ouvia da flora
O eco expandido sobre o matagal
Canta a mãe da lua em noite enluarada
O alvorecer toda madrugada
Na escuridão o Céu estrelado
O sertanejo acordar contente
Mas o conforto que tenho no presente
Não vai fazer esquecer meu passado.

Inda recordo com muita saudade
Quando acordava ouvindo o trovão
E as biqueiras caindo no chão
Relâmpago fazendo claridade
Com as goteiras caindo na rede
A chuva forte lavando a parede
E a ventania levando o telhado
O medo tomava o coração da gente
Mas o conforto que tenho no presente
Não vai fazer esquecer meu passado.

Eu sei que a vida era dispendiosa
Mas em nossa casa havia fartura
A gente vivia da agricultura
Nossa família era harmoniosa
Na nossa casa existia o amor
Em nossos corações a paz do Senhor
O nosso lar por Deus abençoado
Tudo que passei eu guardo na mente
Mas o conforto que tenho no presente
Não vai fazer esquecer meu passado.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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