quinta-feira, 24 de março de 2016

2.011 - AS CRUELDADES DA MORTE.

Autor: Erivaldo Alencar.

Letra; 24 03 2016 e música:


Sei que não sou quase nada
Mas eu tenho passaporte
Pra viajar neste barco
Tem que ter espírito forte
Eu descrevo com revolta
As crueldades da morte.

É preciso muita sorte
Pra poder não morrer cedo
Já tenho sessenta e sete
De morrer não tenho medo
Sei que a vida na terra
Não passa de um degredo.

Na sombra dum arvoredo
Eu me dispus a pensar
Nas crueldades da morte
Que foi feita pra matar
Ela não ama a vida
E nem sabe perdoar.

Na profissão de matar
Aproveita-se do doente
Quando não adoecemos
Ela mata de repente
E em todos acidente
A morte se faz presente.

Não me conformo com a tese
Que todos têm de morrer
Pra se ter vida na terra
Primeiro tem que nascer
A morte é o fim da vida
Não há como se esconder.

A morte nos traz tristeza
E nos faz humilhação
Quando alguém está morrendo
Pede socorro em vão
No velório o cara fica
Duro e preso num caixão.

Na funerária local
Tem-se a boca colada
Numa igreja qualquer
Sua alma é recomendada
Lá o morto ouve tudo

Mas não pode dizer nada.

Levado por multidões
Pra poder ser enterrado
Num cemitério qualquer
Num buraco é botado
E é coberto com terra
Preso num caixão lacrado.

A morte é traiçoeira
A ciência comprovou
Mesmo tomando remédio
Da morte não se salvou
Vou citar alguns exemplos
De alguém que a morte matou.

Nosso grande Teixeirinha
Maior trovador brasileiro
Com sua voz encantou
No Brasil e no estrangeiro
Sua morte inesperada
Abalou o mundo inteiro.

Meu pai Julio Aires foi
Repentista cantador
Foi bom marido bom pai
E poeta escritor
Foi católico praticante
Político vereador.

Foi uma pessoa amiga
Cidadão inteligente
Do terrível mal de Pakson
Ficou quinze anos doente
Aos oitenta foi traído
Por esta inconsequente.

O grande Gildo de Freitas
Trovador sul riograndense
Com seu estilo e versos
Ao Brasil todo convence
Venceu muitos desafios
Mas a morte ele não vence.

Antonio Maracajá
Um cantador viajado
Com a viola nas costas
Foi poeta respeitado
Não conseguiu se salvar
Pela morte foi levado.

Veja o grande romancista
O José de Alencar
Escreveu vários romances
Messejana é seu lugar
Acadêmico da ABL
Dela não pode escapar.

Luiz Gonzaga que foi
O nosso Rei do Baião
O cantor da Asa branca
Encantou toda nação
Traiçoeiramente a morte
Levou nosso Gonzagão.

O célebre Chico Alves
O cantor das multidões
Com sua voz imponente
Alegrou os corações
Num acidente de carro
Deixou de cantar canções.

Leandro Gomes de Barros
Paraibano varonil
Poeta introdutor
Do cordelismo no Brasil
Da poesia foi um
Gênio versátil e sutil.

Carlos Lacerda que foi
Jornalista destemido
E defensor da nação
Profissional atrevido
Detentor de inimigos
Foi por ela destruído.

Jânio Quadros inda lembro
Nosso país governou
Pra se eleger presidente
Uma vassoura usou
Depois com vassoura e tudo
A morte o eliminou.

O grande apresentador
Chacrinha e sua buzina
Os programas de calouros
Na televisão anima
Descobridor de talentos
Mas a morte o assassina.

Também Dom Pedro segundo
Imperador do país
Expulso pela república
Junto com a imperatriz
Foi pra França onde a morte
Dele fez tudo que quis.

A Princesa Izabel
A Lei Áurea assinou
Os escravos do Brasil
A princesa libertou
Foi expulsa do Brasil
Na França a morte a levou.

Patativa do Assaré
Rei da poesia matuta
Ele cantou sua terra
E a seca de forma astuta
Estudado lá na França
É vencido pela bruta.

Padre Cícero Romão
Grande santo do Nordeste
Atrai grandes romarias
Dos sertões e do agreste
O cearense do século
Foi morto por esta peste.

O Doutor Getúlio Vargas
Que derrubou presidente
Governou nosso Brasil
Um ditador competente
Num suicídio à bala
A morte o levou da gente.

Marechal Castelo Branco
Instalou a ditadura
Presidente do Brasil
O governou com bravura
Num acidente aéreo
Foi parar na sepultura.

São Francisco de Assis
Maior servo de Jesus
Renunciou a riqueza
Pra seguir o Rei da cruz
O irmão dos animais
Faleceu na santa luz.

Simão Pedro foi apóstolo
Do Cristo filho de Deus
Negou a Jesus três vezes
Mas perdoa os erros seus
Pedro foi assassinado
Por incrédulos ateus.

A morte não manda aviso
Não aceita sugestão
Não respeita autoridade
Raça nem religião
Não ama não faz acordo
Não erra nem dar perdão.

Eu vou parar por aqui
Com a minha narração
Se por acaso eu errei
De todos quero o perdão
Mas se falei a verdade
Quero de Deus a bênção.

Francisco Erivaldo Pereira Alencar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário