sexta-feira, 27 de outubro de 2017

2.262 - SÓ RESTA SAUDADE.

Autor: Erivaldo Alencar.

Letra: 26 10 2017 e Música:


Há uma coisa na vida
Que me dá recordação
É meu tempo de criança
No meu querido sertão.

Bons tempos que se passaram
Que não voltarão jamais
Ainda guardo saudades
Lá da casa dos meus pais.

Morava numa choupana
De taipa bem conservada
Sem reboco e sem ladrilho
As margens de uma estrada.

Era costume da gente
Levantar de madrugada
No clarão do novo dia
Ao despertar da passarada.

O dia ainda escuro
Pro curral a gente ia
Para desleitar as vacas
No amanhecer do dia.

Dava um aboio bonito
O eco rasgava a aurora
Cheio de espumas tomava
Leite mugido na hora.

Ainda lembro do galo
Que cantava no poleiro
Pra receber as galinhas
Ele descia primeiro.

Todos os dias cedinho
Forrava bem o cangote
Fazendo fila na estrada
Pra botar água no pote.

Ainda tenho lembrança
Da primeira namorada
Primeiro beijo que dei
Lá na curva da estrada.

Quando queimava a broca
Ouvindo o mato gemer
E os insetos fugindo

Pra no fogo não morrer.

Anda tenho lembrança
Da noite enluarada
Do céu límpido estrelado
Silenciosa madrugada.

Relâmpago caracol
Trovejando a noite inteira
Chuva molhando o chão
O estalido da biqueira.

Da chegada do inverno
Cheiro da terra molhada
Da plantação do legume
E da roça capinada.

Recordo a mata verde
Do canto do sabiá
Gemido da juriti
E do temível guará.

Inda lembro das boiadas
Cortando o sertão inteiro
Do aboio afinado
De um saudoso vaqueiro.

Do açude de água doce
Onde a gente se banhava
O riacho transbordando
Nadando se atravessava.

Lembro a virada do milho
Da desbulha do feijão
Do roço da capoeira
E da cata do algodão.

Das festas de São Gonçalo
Da fogueira de São João
O milho assado na brasa
E pegar brasa com a mão.

Festas de maneiro pau
Dos caminhos que andei
Do campo de futebol
Onde futebol joguei.

O meu pé de cajarana
Que tem a minha idade
Do meu tempo de criança
Hoje só resta saudade.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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