quinta-feira, 30 de março de 2023

3.108 - O BEM-TE-VI E O GAVIÃO.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 28 03 023 e música:

 

 

Peço licença ao leitor

Pra fazer a narração

De Jesus Cris e Deus

Eu quero inspiração

Bem-te-vi e o Gavião.

 

Eu amo a natureza

Tenho prazer em dizer

Amo os animais e faço

Tudo pra os defender

O que eu faço por eles

Faço com muito prazer.

 

Foram criados por Deus

Pra viver em liberdade

Pois cada animalzinho

Tem sua utilidade

Eles não foram criados

Pra viver presos na grade.

 

Tenho admiração

Por todos os animais

Merecem nosso respeito

E tratados por iguais

Se não podem ajudá-los

Más maltratá-los jamais.

 

Hoje escolhi duas aves

Conhecidas no sertão

Diferentes uma da outra

Que merece atenção

Vou falar das peripécias

Do Bem-te-vi e o Gavião.

 

Onze espécies existem

De Bem-te-vis no Brasil

Povoa o continente

Esta ave varonil

Uma ale corajosa

Valente, veloz e sutil.

 

Família dos Tiranídeos

Com habitat na campina

Ele tem por predador

Cobras e aves de rapina

Gosta de pegar insetos

Na chuva fina e neblina.

 

 

É uma ave esperta

Que vive em sociedade

Tanto habita no campo

Como também na cidade

Se alimenta de sementes

Tem amor a liberdade.

 

Mundo afora existem muitos

Espécies de gaviões

Da família Acipitrídeos

São centros das atenções

Como ave de rapina

Tem fama de valentão.

 

O Bem-te-vi e o Gavião

Nunca se entenderam bem

O Gavião predador

Quando a presa detém

Faz dela seu alimento

Da forma que lhe convém.

 

O Bem-te-vi ao contrário

Um excelente cantor

Canta o seu próprio nome

Um pássaro bom voador

Amigo das outras aves

Tá sempre de bom humor.

 

Sempre que se encontravam

Era aquela confusão

Com indiretas e insultos

Cada qual mais valentão

O encontro das duas aves

Terminava em discursão.

 

Gavião tinha vontade

De pegar o Bem-te-vi

Certa vez ao vê-lo longe

Disse, cara vem aqui

Quero falar com você

Más não posso ir ai.

 

Balançando a cabeça

Bem-te-vi disse não vou

Se quiser falar comigo

Você sabe aonde estou

Não confio em você

Saiba que trouxa não sou.

 

Gavião se levantou

Com a cara de zangado

Dizendo vou te pegar

Seu Bem-te-vi depenado

Eu vou te estraçalhar

E vou te comer assado.

 

 

O Bem-te-vi respondeu

Não é a primeira vez

Que você quer me pegar

Más de mim virou freguês

Com o meu bico afiado

Acaba tua estupidez.

 

O Gavião voou rápido

Para o Bem-te-vi pegar

Disse você não tem chance

Desta não vai escapar

Eu vou fazer de você

Delicioso jantar.

 

O Bem-te-vi mui esperto

Tirou o corpo de lado

Gavião passou direto

E caiu estatelado

Ainda gritou raivoso

Eita Bem-te-vi danado.

 

Bem-te-vi olhou pra ele

E de uma gargalhada

Bem que eu disse Gavião

Você não tá mais com nada

Com outra desta tu vais

Ficar de cara inchada.

 

O Gavião respondeu

Você se acha esperto

Diz que é um valentão

Más de mim não anda perto

No dia que eu te pegar

Vou te comer no deserto.

 

Bem-te-vi disse coitado

De valente só tem nome

Por que que não aproveita

Do meu caminho se some

Se ficar me perseguindo

Você vai morrer de fome.

 

O Gavião revoltado

É melhor eu ir embora

Tou cansado de você

Não vou te pegar agora

Não se preocupe cara

Que minha volta tem hora.

 

O Gavião se mandou

Pela mata capengando

O Bem-te-vi sorridente

Ficou da fera mangando

Desta escapei por pouco

E daqui vou me mandando.

 

 

Depois de um mês passado

Do incidente ocorrido

Gavião recuperado

Más inda não esquecido

Já é chegado o momento

De eu pegar o atrevido.

 

Eu sei onde ele passa

Todo dia pra caçar

Vou pegar o Bem-te-vi

Desta vez não vou falhar

Tou com meu papo vazio

Dele vou me alimentar.

 

Gavião se exercitou

Voou e partiu ligeiro

Vou armar uma tocalha

Na folhagem do juazeiro

Quando Bem-te-vi chegar

Darei o bote certeiro.

 

Ele não vai perceber

De estar sendo tocalhado

Estou morrendo de fome

Eu tenho que ir vexado

Lá pra o pé de juazeiro

Vou logo tou atrasado.

 

Assim foi o Bem-te-vi

Sem nada desconfiar

Que o maldito Gavião

Estava a lhe esperar

Com as garras afiadas

Para o Bem-te-vi pegar.

 

Ao chegar ao juazeiro

Tudo parece normal

De repente o Gavião

Com instinto infernal

Saiu do esconderijo

Com cara de bicho mal.

 

Atrapalhou na folhagem

E saiu da direção

Atropelou sua caça

E se estendeu no chão

Bem-te-vi diz assim não vale

Querer pegar-me a traição.

 

Gavião inconformado

Depressa se levantou

Bem-te-vi da mesma forma

Para o galho voltou

Disse monstro traiçoeiro

Outra vez não me pegou.

 

 

Gavião desnorteada

Pôs a voar sem destino

Bem-te-vi voou atrás

Foi bicando o assassino

Se torcendo o gavião diz

Para com isto menino.

 

Bem-te-vi não dava chance

Ao pobre do Gavião

Fazia malabarismo

Ao levava tanto bicão

Tu hoje vais aprender

Deixar de ser valentão.

 

Vem me pegar Gavião

Tu não reages porquê?

Cadê sua valentia

Não tenho medo de você

Você só tem arruaça

Eu tenho ódio de ocê.

 

O Gavião foi embora

Com ódio e revoltado

Corpo todo dolorido

Por muito ter apanhado

Jurando consigo mesmo

Um dia eu serei vingado.

 

O Bem-te-vi nem aí

Curtia sua liberdade

Observava consigo

Movimento da cidade

Caçando, cantarolando

Sem responsabilidade.

 

O Gavião não cansava

De arquitetar vingança

De pegar o Bem-te-vi

Sua última esperança

Eu estou passando fome

Preciso encher minha pança.

 

Eu sou maior e mais forte

Porque que eu perco pra ele?

Vou esmagar o Bem-te-vi

Não vou mais apanhar dele

De uma forma ou de outra

Vou botar as garras nele.

 

Eu irei agora mesmo

Procurar o Bem-te-vi

A fome está demais

Eu vou sair por ai

Hoje mato minha fome

Fome igual nunca senti.

 

 

Gavião saiu às pressas

Quando de longe avistou

O Bem-te-vi entretido

Pro Gavião não ligou

Cauteloso o Gavião

Dele se aproximou.

 

Gritou para o Bem-te-vi

Dai-me um pouco de atenção

Eu vim marcar um duelo

Já que tu és valentão

Vamos fazer uma aposta

Quem vencer é campeão.

 

Caso você me vencer

Eu te faço um juramento

Não te perseguirei mais

Meu compromisso sustento

Eu serei o teu escravo

Vou sofrer más eu aguento.

 

Se por acaso o duelo

Para mim você perder

Farei de ti um almoço

Gotoso pra eu comer

Aceita ou não duelo?

Responda quero saber.

 

Más é claro que aceito

O Bem-te-vi respondeu

Precisamos dum juiz

Que não seja meu nem teu

Juiz imparcial que não

Favoreça tu nem eu.

 

Gavião disse tá certo

Pode ser o Carcará

Bem-te-vi se espantou

Pior que ele não há

Nós vivemos em conflitos

Carcará não servirá.

 

Sugeriu o Urubu

Um sujeito cauteloso

O Gavião disse não

Urubu é preguiçoso

Ele não dar pra juiz

Pelo o mesmo ser medroso.

 

Vamos chamar a Cauã

É uma ave mui fina

Bem-te-vi diz Deus me livre

Para juiz não combina

Ela é igual a tu

Uma ave de rapina.

 

 

Gavião fica nervoso

Diz: Você é um problema

Sei que não vai descordar

Da cantora Seriema

Ela é forte e tem pulso

A honradez é seu lema.

 

O Bem-te-vi cantarola

Tai, gostei da proposta

A Seriema é séria

De arbitrar ela gosta

Temos que falar com ela

Ver se ela tá disposta.

 

Dali saíram os dois

Pra falar com a Seriema

Depois da proposta feita

Ela diz há um problema

Não faço apadrinhamento

Seriedade é meu lema.

 

Eles marcaram a data

Dia vinte de janeiro

As duas horas da tarde

Partindo do juazeiro

Pra o desfecho do duelo

A rinha, o sertão inteiro.

 

Também ficou decidido

Em caso de haver empate

Em duas horas de luta

Se encerrava o embate

Os dois selavam a paz

Pondo fim todo debate.

 

Dali os dois se mandaram

Cada um pra seu reduto

O Bem-te-vi saltitante

Dos pássaros o mais astuto

Dia vinte de janeiro

Vou matar aquele bruto.

 

Gavião diz pra si mesmo

Pensam que eu sou menino

Vou fazer o impossível

Sem jamais perder o tino

No duelo vou comer

Este Bem-te-vi granfino.

 

Os dias foram passando

E a data se aproximando

Enquanto trocavam farpas

Seriema se preparava

Pra arbitrar o duelo

Coisa que ela mais amava.

 

 

Na véspera do evento

Seriema foi lembrar

O duelo é amanhã

Vocês não vão atrasar

Lá sou eu que dar as ordens

O melhor quem vai ganhar.

 

É chegado o grande dia

Do grande acontecimento

Gavião e Bem-te-vi

Chegaram para o evento

Seriema também chegou

Naquele mesmo momento.

 

Ela uniformizada

Toda cheia de razão

Disse: vem cá Bem-te-vi

E vai pra ali Gavião

Logo que eu apitar

Comecem a competição.

 

Seriema em seguida

Com muita força apitou

No juazeiro então

O duelo começou

Os dois se engalfinharam

Um no outro se grudou.

 

Os dois caíram do galho

Passaram a rolar no chão

Uma hora o Bem-te-vi

Em cima do Gavião

Outra hora o Gavião

Em cima do valentão.

 

O Gavião se soltou

E começou a voar

O Bem-te-vi em cima dele

Sem dele se desgarrar

Gavião deu corrupio

Para o Bem-te-vi pegar.

 

A briga continuava

Os dois brigavam igual

Os xingamentos se ouviam

No espaço sideral

Seriema diz meu Deus que

Duelo fenomenal.

 

Os dois muito machucados

Sem forças caíram ao chão

Seriema fez a contagem

Os dois sem mover ação

O juiz deu porte empate

Duelo se campeão.

 

 

 

Gavião e o Bem-te-vi

Continuaram no chão

Seriema diz deu empate

Acabou competição

Não terá mais brigas entre

Bem-te-vi e Gavião.

 

Levantem e vão pra casa

Cada um pra seus abrigos

Por favor, derem as asas

Pois não são mais inimigos

Vivam em paz e felizes

Eternamente amigos.

 

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

 

 

 

 

 

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