segunda-feira, 17 de maio de 2021

2.750 - JULIO AIRES PEREIRA.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

 Letra: 16 05 2021 e música:

 

 Dê licença vou falar

Dum cidadão de valor

Cearense brasileiro

Da terra do lavrador

Agricultor e político

Comerciante cantador.

 

O Julio Aires Pereira

Este é o nome seu

Dia quinze de dezembro

No Comboeiro nasceu

Mil novecentos vinte e oito

Pra vida resplandeceu.

 

Seus pais Pedro Aires Pereira

E Maria Pereira Alencar

Dos três Julio que o casal

Com prazer podegerar

Os dois morreram crianças

Sem da morte se escapar.

 

É um Alencar da gema

De origem do Quincuncá

Região de Farias Brito

A antiga Quixará

Em novecentos e dez

Seus avós vieram pra cá.

 

O Julio Aires Pereira

Foi grande sua irmandade

Valdevino Aires Pereira

Um cidadão de verdade

O Joaquim Aires Pereira

Homem de capacidade.

 

Dois Julios e três Marias

Que ele não conheceu

Francisco Aires Pereira

Que afogado morreu

Francisco Pereira de Assis

Em São Paulo faleceu.

 

Antonia Aires Pereira

Morreu logo ao se casar

José Pereira Alencar

O único que vivo estar

Heleno e Hiranildo

São Martins de Alencar.

 

Ainda muito criança

Começou a trabalhar

Na roça com irmãos e pais

Pra nas despesas ajudar

Cuidava das criações

Sem tempo pra estudar.


Mesmo com a dificuldade

Ele buscava o saber

Com alguns meses de aulas

Ele pode aprender

Com esforços aprendeu

A ler e a escrever

 

Foi criança educada

E filho obediente

Desde cedo demonstrava

Ser muito inteligente

Amigo doutras crianças

Jovem fino e competente.

 

Foi um cidadão descente

De muita capacidade

Jovem esbelto e de visão

De responsabilidade

Foi querido das meninas

Curtiu sua mocidade.

 

Ao perder a sua mãe

Inda em sua mocidade

Casou-se em quarenta e sete

Com dezoito de idade

Com a Maria de Lourdes

Buscou a felicidade.

 

Desta comunhão feliz

Doze filhos ele gerou

Primeiro foi Erivaldo

Sou eu que aqui estou

O segundo foi Arlindo

Que pro céu já viajou.

 

A terceira foi a Lúcia

Que foi para o céu também

A quarta foi a Eunice

Em Ribeirão vive bem

O quinto foi Manoel

Que vive com Deus amém.

 

O sexto foi Neviwton

Hoje é comerciante

Sétima foi Edileuza

Com nove foi pra distante

Oitava foi Espedita

Pra nós é muito importante.

 

Em nono veio a Rita

Funcionária concursada

Em décimo Aparecida

Que por Deus Pai foi levada

Décima primeira a Fátima

Indaiatuba fez morada.

 

 

Décima segunda a Corrinha

Funcionária se tornou

No ano setenta e cinco

Julio Aires viuvou

Com a jovem Creusiomar

Em setenta e seis secasou.

 

Em seguida veio Cherline

Com Daniel é casada

Depois veio Juliana

Uma jovem preparada

E por último um aborto

Em gravidez complicada.

 

Júlio era muito jovem

Quando a sua mãe morreu

No mesmo ano casou-se

E muito feliz viveu

Com quarenta e cinco anos

A sua esposa faleceu.

 

O seu pai Pedro Pequeno

Em segundo casamento

Casou-se com Gumercinda

Foi viver novo momento

Que para alguns de seus filhos

Provocou constrangimento.

 

Depois da morte da mãe

Julio Aires se casou

Seu irmão Joaquim Pequeno

Pra sua casa mudou

Depois foi Zezinho Pequeno

Pra mesma casa rumou.

 

Depois os dois se casaram

O Joaquim com a Guiomar

Zezinho com a Luzanira

Para seus lares formar

São duas irmãs Alcântaras

Com dois irmãos Alencar.

 

No ano cinquenta e dois

Julio formou novo plano

Ir embora pra São Paulo

Pois naquele mesmo ano

O destino traiçoeiro

Traçou-lhe um contra-plano.

 

Seus filhos adoeceram

Em São Paulinho foi parar

Tinha vendidos os bens

Pra em São Paulo morar

Só escapou a terrinha

Porque ninguém quis comprar.

 

Na vila de São Paulinho

Um comércio instalou

Por vender tudo fiado

Em pouco tempo quebrou

Sem recursos e sem saúde

Um novo plano formou .

 

Sua casa estava ocupada

Procurou outro lugar

No sítio Riacho Fundo

Com a família foi morar

Montou um novo comércio

Tentando continuar  

.

Sem qualquer meio de vida

Foi trabalhar alugado

De empreita e diária

Para ganhar um trocado

Na Serra do Comboeiro

Pelo patrão humilhado. 

 

No ano cinquenta e seis

A situação melhorou

A herança de um irmão

O Julio Aires comprou

Ainda no mesmo ano

Uma vaquinha arrumou.    

 

No ano cinquenta e oito

Outra herança comprou

Com a venda da forragem

E uma burrinha pagou

Numa frente de serviço

Bravamente trabalhou.    

 

No ano cinquenta e oito

Passando dificuldade

Era uma seca danada

Com muita serenidade

Trabalhando de alugado

Pela sustentabilidade.

 

Mais ou menos ao meio dia

Sentou o joelho no chão

De mãos postas olhou pro céus

E ao santo de devoção

Pediu um outro trabalho

Pra puder ganhar o pão.

 

Ele fez uma promessa

Nas horas quentes do dia

Se a santa lhe ajudasse

Lhe daria a garantia

Metade do primeiro ganho

Para a santa ele daria.

 

Ao se levantar da terra

Sentindo forte calor

Sentiu no seu coração

A resposta do Senhor

Vou comprar uma viola

Porque vou ser cantador.

 

Logo ele foi convidado

Pra primeira cantoria

Na casa de Antonio Lopes

Sua filha se casaria

Ele foi cantar sozinho

Com bastante alegria

 

Ele só cantou romances

Inda não poetizava

Ganhou bastante dinheiro

Com a profissão que agarrava

Foi pra casa muito eufórico

Agradecido falava.

 

Amanhã vou pra cidade

Minha promessa pagar

Arreou o seu cavalo

Se dispôs a viajar

Se decepcionou quando

A igreja adentrar.

 

Ao adentrar a igreja

O padre ele avistou

Aonde que está o cofre

Ao padre ele perguntou

O cofre aqui sou eu mesmo

O padre lhe replicou.

 

 

Ele disse para o padre

Minha promessa vim saldar

O padre disse meu filho

Deus vai lhe abençoar

Estou aqui pra receber

Pode o dinheiro passar.

 

Julio entregou o dinheiro

O padre riu sem querer

O dinheiro está rasgado

Não devia receber

Julio disse está com sorte

Pelo dinheiro eu trazer.

 

Na profissão do repente

Em muitos lugares cantou

Com a viola nas costas

Pelo sertão viajou

Andou a pé com montado

Muita poeira levou.


Naquela época passada

Era tudo diferente

O cantador de viola

Tinha que enfrentar sol quente

De casa em casa andando

Pedindo pra cantar repente.

 

Quando chegava a casa

Dum ilustre cidadão

Cansado e empoeirado

Já pedia de anti-mão

Uma comida e se podia

A noite cantar baião.

 

Vezes recebia um sim

Em outras vezes um não

A notícia se espalhava

Ali por toda região

Cantava a noite toda

No terreiro ou no salão. 

 

Não é como hoje em dia

Que tem a facilidade

Transporte para os locais

No sertão e na cidade

Cantam duas ou três horas

Termina a festividade. 

 

Com muitos profissionais

Julio Aires fez cantoria

Escreveu vários poemas

Com rigor e maestria

Foi grande profissional

No mundo da poesia.

 

Em setenta com a família

Veio morar na cidade

Em nossa Acopiara

De grande prosperidade

Vindo lá do Comboeiro

De sua propriedade.

 

Inda no ano setenta

Na política se lançou

Em lugar de Paulo Florentino

Que a política abandonou

Candidato vereador

Primeira suplência ficou.

 

Teve a oportunidade

Na condição de suplente

No lugar de dona Auríce

Assumiu interinamente

Em pouco tempo demonstra

Que é político competente.

 

No ano setenta e dois

Ganhou pra vereador

Provou pra seus eleitores

Deles ser seu defensor

Mesmo sem nada ganhar

Mostrou seu real valor.

 

 

No ano setenta e seis

Disputou a reeleição

Foi eleito por seis anos

Ao lado do Dr. João

Sempre prestando serviço

A nossa população.

 

No ano oitenta e dois

Nova eleição disputou

Um mandato de seis anos

Esta eleição ganhou

Durante dezesseis anos

Um bom trabalho prestou.

 

No ano oitenta e oito

Nova eleição disputou

Mas teria sido eleito

Com a votação que tirou

Roubado na apuração

Na suplência ele ficou.

 

Tiraram parte de seus votos

Para outro eleger

Sugeri a recontagem

Mas ele não quis fazer

Ficou decepcionado

Por esta eleição perder.

 

Com a licença da Luíza

Por pouco tempo assumiu

Foi fiel ao seu partido

O mesmo que o traiu

Depois disto se isolou

E da política saiu.

 

Entre tantos os serviços

Ao o seu povo prestado

A luz elétrica do Ebrom

Por Gonzaga instalado

O Açude Riacho Fundo

Por ele foi arranjado.

 

No cargo de vereador

Muitos serviços prestou

Passou por todas comissões

A presidente chegou

Como prefeito interino

Nove dias governou.


Durante a vida ele foi

Agricultor, criador,

Foi cantador repentista

E poeta escritor.

Comerciante e aposentado

Três vezes vereador.  

 

Durante a vida ele foi

Agricultor, criador,

Foi cantador repentista

E poeta escritor.

Comerciante e aposentado

Rês vezes vereador.

 

 Duas vezes ele foi

Suplente vereador

Por nove dias prefeito

Da terra do Lavrador

Nas ausências por viagens

Do vice e do gestor.

 

Com quase oitenta e um

Julio Aires faleceu

Dia cinco de setembro

Lá em Iguatu morreu

No ano dois mil e nove

Assim escreve o filho seu.

 

Foi bom pai foi bom marido

Foi cidadão educado

Amante da sua terra

Profissional preparado

Partiu do mundo dos vivos

Mas deixou grande legado


Até hoje o Julio Aires

É pelo povo lembrado

Com sua simplicidade

Seu nome foi emprestado

Numa artéria da cidade

Seu nome foi confirmado. 

 

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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