domingo, 9 de dezembro de 2012

1.591 – AINDA TENHO LEMBRANÇA

Autor; Erivaldo Alencar.

Letra; 09 12 2012 e música;


Ainda tenho lembrança
Do meu tempo de criança
Tempo bom e de esperança
Que não esqueço jamais
Da minha primeira idade
Até minha mocidade
Eu me sentia a vontade
Junto aos meus queridos pais.

Inda lembro os caminhos
E de todos os vizinhos
Dos alegres passarinhos
Nos galhos do juazeiro
Da rolinha, do nambu.
Do paturi, do jacu.
Das galinhas, do Peru.
Criados lá no terreiro.

Também lembro o periquito
O papagaio, o cebito.
Cancão pássaro bonito
Asa-branca e o gambá.
Na pedreira o mocó
Na pescaria o socó
Na mata o pixoxó
Do bravo Lobo-guará.

Da casa que eu nasci
Onde morei e cresci
Da água que eu bebi
Da roça que eu trabalhei
Do gado que eu campeava
Dos borregos que eu curava
Cabritos que eu chiqueirava
Do mato que eu capinei.

Inda lembro o terreiro
O aboio do vaqueiro
O escuro nevoeiro
Jogando chuva no chão
Relâmpago no nascente
O pôr do sol no poente
Do banho na água corrente
E o gemido do trovão.

De quando o inverno chegava
Das covas que eu cavava
Da semente que semeava
Das plantas que vi nascer.
O milho sair do chão
Da debulha do feijão
Da cata do algodão
Sem aos besouros temer.

Lembro o mel da abelha
A estrela que centelha
Meu avô fazendo telha
Lá na sua olaria
Inda lembro na floresta
Pássaros fazendo festa
Jovens fazendo seresta
E o meu pai cantoria.

Da minha mãe trabalhando
No rio roupas lavando
E dos seus filhos cuidando
Com muita dedicação                                                                                                                                                                              Do meu pai lá no roçado
Trabalhando alugado
Para ganhar um trocado
Pra nossa alimentação.

Do gado que encurralava
Das vacas que desleitava
E do leite que eu tomava
Leite mugido na hora
Das festas de São Gonçalo
Da corrida de cavalo
E do cântico do galo
Cedo ao romper da aurora.

Nunca esqueci, sou franco.
Do velho cavalo branco
E da mulher de tamanco
Da cangalha e da cela
E do macaco soim
Das formigas e cupim
Quando queimei o capim
Da tramela e da cancela.

Da mordida da mutuca
De uma velha caduca
Quando fazia arapuca
Para pegar passarinho
O Canário cantador
O gavião caçador
E do veloz beija-flor
Arquitetando seu ninho

Do banho de cachoeira
Do roço da capoeira                                                                                                                                                                               Do broto da catingueira
Na vinda da primeira chuva
Da raposa galinheira
Do meu pé de aroeira
Da foice e da roçadeira
Que usei sem usar luva.

Da broca que eu fazia
Da amanhecência do dia
Maneiro pau e cantoria
Da noite enluarada
Do o lindo amanhecer
Domingos ao entardecer
E do sol se esconder
Ao fim da sua jornada

Lembro o Vento Aracati
Na mata o Juriti
O valente bem-te-vi
E do tempo de bonança
Do meu berço idolatrado
Do estio prolongado                                                                                                                                                                                 O que vivi no passado
Ainda tenho lembrança.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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