segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

2.090 - OS BICHOS.

Autor: Erivaldo Alencar.

Letra: 12 12 2016 e música:


Por lugares onde andei
Eu vi bichos em ação
Exercendo profissão
Que jamais imaginei
Eu vi bicho inteligente
Bem mais sábio que a gente
Em versos posso provar
Não estou fazendo enredo
Estou desvendando segredo
Sem ter medo de errar.

Eu vi os bichos na selva
Procurando o que fazer
Pra que eu pudesse entender
Eu fui descansar na relva
No sertão e na cidade
Com muita capacidade
Mostravam o seu valor
Há bichos de toda parte
Unidos fazendo arte
Pra analfabeto e doutor.

Vi um pato discursando
Um teiú lendo jornal
Gavião na capital
Numa praia se banhando
Gato ensinando inglês
Garça um poema fez
Gambá guiando corola
Um cágado com preguiça
Jacu celebrando missa
Macaco jogando bola.

Vi camaleão cantando
Girafa na autarquia
Que fazia profecia
E um preá digitando
Urubu em cantoria
Um caranguejo assovia
Uma raposa bordando
Vi um bode que pescava
A ovelha que dançava
Um socó velho chorando.

Vi tatu batendo sola
Uma aranha parteira
Cachorro com uma peixeira
Burro tocando viola
Cavalo no escritório

Um vaca no velório
Piau fazendo sermão
Tartaruga de celoura
Tentando comer cenoura
E um galo tabelião.

Vi um touro resmungando
Cururu batendo telha
Vi uma garça vermelha
A um curral vigiando
Um morcego de batina
Uma cascavel granfina
Triste jogando baralho
Carneiro bater pandeiro
Pavão contando dinheiro
Coral tocando chocalho.

Vi coruja no espelho
Maritaca no volante
Vi um cancão arrogante
Um inambu de joelho
Sheshel torrando pipoca
Tetéu comendo paçoca
Saracura de grinalda
Rato batendo pandeiro
Um caititu sanfoneiro
E uma cutia de fralda.

Vi raposa benzedeira
Tico-tico no fubá
Bentevi e carcará
De gibão bota e perneira
Um corduniz capinando
A lavandeira lavando
A farda do rouxinol
Rolinha comendo broa
Pardal remando canoa
Codorna roubando o sol.

Jararaca com bodega
Pintassilgo de muleta
Vi uma onça sem teta
Lobo guiar cobra cega
Um cachorro farmacêutico
Um calango terapêutico
Veado ser professor
O leão advogado
O tubarão deputado
Peba médico doutor.

Vi guaxinim promotor
Andorinha costureira
Seriema cozinheira
Mosquito agricultor
João de barros jornalista
O cardeal radialista
Periquito engenheiro
Formiga ser construtora
Curicaca professora
O leopardo pedreiro.

Vi girafa ser vigia
O gueopardo um soldado
Vi um jaburu fardado
Tigre casar com cutia
Beija-flor arruaceiro
Avestruz ser violeiro
Uma ema fuxiqueira
A mutuca estilista
Papagaio lendo revista
E a águia ser faxineira.

Vi um cavalo alado
Pilotando avião
Traíra num caminhão
Por um mucuim puxado
Um tamanduá bandeira
Fazendo compras na feira
Asa branca de chuteira
Um cassaco de gravata
Moriçoca de alpargata
Muçum dançar gafieira.

Vi um ganso ser padre
Fura-barreira pastor
Maracajá cantador
Jaguatirica ser madre
O porco dançar forró
Saci com a perna só
Dançar bolero e tango
Vi um peru boiadeiro
Gafanhoto seresteiro
De amizade com calango.

Eu vi o papa lagarta
Chamando por anum preto
Teotônio buscando graveto
Uma lagartixa farta
Um capote no terreiro
Sabiá no juazeiro
Rindo e dando gargalhada
Leão comendo capim
Louva-deus casar com soim
Zebra morrer engasgada.

Eu vi rã pilando milho
Procotó tocando flauta
A guariba em voz alta
Se equilibrar no trilho
Jabuti fazer carroça
Caçote plantando roça
Surubim curtindo couro
Uirapuru profetizar
Patativa campear
Coleiro amansar touro.

Vi baleia de colete
Anum-branco de jaqueta
Um caboré de careta
Gaivota com capacete
Urso tocar violão
Um tilápia de gibão
O siri de paletó
Camelo cortando pano
Picapau serrando cano
Pinguim comendo jiló.

Vi avoante fazer mel
Abelha beber cachaça
Besouro fumar na praça
Percevejo de chapéu
Papa-vento motoqueiro
O cauã caminhoneiro
Bicudo fazendo pão
Sanhaço guiando o trem
Vem-vém pilando xerém
Tisiu com enxada na mão.

Vi bacurau humorista
Caboclinho ser ferreiro
O coelho ser tropeiro
Salamanta desenhista
Um chimpanzé feiticeiro
Leão-dourado celeiro
O peixe-boi aboiar
Bicho preguiça valente
Coala fazer repente
Tucano se embriagar.

Vi gia fazendo fogo
Barata dançar xaxado
Gorila ser machucado
Porque não pagou o jogo
O mergulhão de sapato
Canastra querer ser gato
Pelicano embaixador
Marimbondo virar rato
Búfalo lavando fato
Graúna governador.

É grande adversidade
Espalhado mundo afora
Só destes lembrei agora
Muito longe da metade
Na cidade e no sertão
No ar na água e no chão
Tanto nas ruas e lixos
Dispus verdades narrar
Mas quem não acreditar
Faz favor contar os bichos.


Francisco erivaldo Pereira Alencar

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