AUTOR: Erivaldo Alencar.
Letra; 08 05 2023 e
música:
Havia um fazendeiro
No interior do Nordeste
Região localizada
Entre o Norte e o Sudeste
Próximo da África entre
Atlântico e Centro Oeste.
Este fazendeiro era
O mais rico da região
Dono de gado e escravos
E metido a valentão
Felisberto é seu nome
Conhecido por Barão.
Dono de quinze fazendas
Próprias pra criação
Ovelhas, cabras e porcos
Ele tinha de montão
Galinha, peru, capote
Ganso, pato e carão.
Muita criação de gado
Muitas casas na cidade
De uma rede de bancos
Loja de variedade
Duas minas e carruagens
Um homem sem piedade.
Dono de muitos cavalos
De campeio e montaria
Burros e jumentos de
cargas
O chefão da freguesia
A sua ordem era lei
De nada ele temia.
O Barão era perverso
Um homem sem coração
Dono de grande arsenal
Maior de toda nação
Um ateu inveterado
Não cria na salvação.
Achava-se o próprio deus
Homem de grande poder
Até mesmo o governo
Tinha de lhe obedecer
Ai daquele que ousasse
Em lhe desobedecer.
Veio lá de Portugal
Por ser ele um desertor
Ele fugiu pra o Brasil
Aportou em Salvador
Partiu pra o desconhecido
Com destino ao interior.
No interior do nordeste
Uma fazenda comprou
Construiu um casarão
Com uma índia se juntou
De nome Panacabi
Dezoito filhos criou.
Era um monstro sem
escrúpulos
Metido a conquistador
Estuprava as crianças
Nulheres de morador
Não respeitava ninguém
Causava medo e terror.
Dos dezoito filhos dele
Cinco eram femeninas
Todas muito educadas
Eram bonitas meninas
Ai de quem se aproximasse
Das suas cinco boninas.
A mais velha Carmelita
A segunda Isabel
A terceira Mariquinha
A quarta era Raquel
A mais bonita das cinco
Chamava-se Dimabel.
Os treze filhos do Barão
O mais velho era João
Henrique foi o segundo
Pedro, Joab e Sansão
Malaquias, Eleutério,
Juarêz e Jamelão.
Tibúrcio e Jeremias
Judas e Benedito
Benedito o caçula
Mais elegante e bonito
O mais amado e mais sábio
Não gostava de atrito.
Sua esposa Panacabi
Uma índia cearense
Da tribo dos tabajaras
Da região ipuense
Amiga de toda gente
Que ao nordeste pertece.
A Fazenda Pedra Azul
No Estado do Maranhão
Era a maior fazenda
Que possuia o Barão
Lugar onde residia
E causava assombração.
Tinha ciúmes das filhas
Não cansava de avisar
Nenhuma de minhas filhas
Não adianta pensar
Ter amizades com pobres
Com pobretão se casar.
Principalmente a caçula
A tratava com dureza
Não se atreva Dimabel
Querer rapaz da pobreza
Só se casará um dia
Com um rapaz da nobreza.
Ai daquele pobretão
Que de ti se aproximar
Mandarei o acorrentá-lo
E o madarei castrar
O botarei na fogueira
E vivo mandarei queimar.
As quatro filhas mais
velhas
Casaram-se muito bem
Com rapazes muito ricos
E foram morar além
E os treze filhos homens
Casaram-se bem também.
Dimabel vivia presa
Pela sua rebeldia
Os pretendentes que o pai
Para Dimabel trazia
Nenhum fazia seu gosto
E espragueijando dizia.
Eu só me caso um dia
Com o rapaz que eu gostar
Não quero saber de rico
Deixe que sei procurar
Com rapaz de sua escolha
Eu jamais vou me casar.
Ou eu caso com quem quero
Ou não caso com ninguém
Nenhum dos que me arranja
Não servem, nem me convém,
Quero um marido pra mim
Por todo o sempre amém.
A vida é minha meu pai
O senhor concorde ou não
Não vou casar com um cara
Pra lhe dar satisfação
Pode achar bom ou ruim
Sou dona do meu coração.
Não se atreva Dimabel
Há me desobecer
Sei que você tem juizo
Más se isto acontecer
Dou uma surra de chicote
Depois lhe mando prender.
Não é com ignorância
Que o senhor vai me domar
Eu não vou fazer seu gosto
Busque se conscientizar
Só casarei com rapaz
De quem eu muito gostar.
Virou as costas e saiu
Dizendo eu vou sair
Não lhe direi onde vou
E nem tente me seguir
Vou fazer o que eu quero
E não tente me impidir.
O velho ficou bufando
Diz: não posso acreditar
Esta moleca atrevida
Não vai me derrespeitar
Viro o mundo pelo averso
Se com pobre se casar.
Dimabel foi pra cidade
Dizendo hoje é meu dia
Não vou ficar pra donzela
Vou casar a revelia
Se não encontrar aqui
Busco noutra freguesia.
Entrou em uma pensão
Numa cadeira sentou
Pediu um lance a gosto
Quando um moço ali chegou
Para merendar com ela
Ao jovem convidou.
O moço muito acanhado
Respondeu-lhe obrigado
Ela lhe diz vem meu jovem
Não se faça de acanhado
Venha merendar comigo
E sente-se ao meu lado.
O rapaz sentou com ela
Um tanto quanto sem jeito
Dimabel olhou pra ele
E lhe diz tu és perfeito
Você é meu escolhido
Pra mim tu não tens
defeito.
Ela diz para o rapaz
Eu me chamo Dimabel
Diga-me como se chama
Ele diz sou Rafael
Sou um pobre potiguar
Das bandas de São Miguel.
Fixando os olhos no moço
Começou a lhe falar
Sou solteira e bonita
A mais rica deste lugar
Responda-me com franqueza
Quer comigo se casar?
Rafael lhe respondeu
Eu sou um pobre lascado
Eu sai da minha terra
Aqui sou recemchegado
Não tenho nada na vida
E estou desempregado.
Ela diz não é problema
Gostei muito de você
Pobreza não é defeito
Também não vejo o porquê
De me recusar assim
Está querendo o quê.
Um jovem que ali estava
Começou a replicar
Não entre nessa meu jovem
Se não quer se encrencar
O pai dela não aceita
Ela com pobre casar.
O pai dela é perverso
Um homem sem coração
Se você ficar com ela
Vai arranjar confuzão
Afaste-se quanto é tempo
Dos capangas do Barão.
Ele baixou a cxabeça
Sem saber o que dizer
Ela lhe diz Rafael
O que tu vais resolver
Tô pra o que der e vier
Más jamais vou te perder.
Vamos levante a cabeça
Enfrente o meu pai Barão
Você não gostou de mim?
Não sirvo pra você então
Juro-te fidelidade
Aceite o meu coração.
O meu pai é violento
Isto não vou te negar
Que jamais vai permitir
De com pobre me casar
Más jamais vai impedir
De com pobre me juntar.
Rafael ficou vermelho
Não tenho medo de nada
Para casar com você
Toparei qualquer parada
Vou enfrentar o seu pai
Com toda sua cabrarada.
Muito bem diz Dimabel
Tu podes contar comigo
Eu preciso me casar
Viver sem ti não consigo
O meu pai queira ou não
Só caso se for contigo.
Vou te levar lá em casa
Pois é chagado o momento
Gosto de homem valente
Prove seu atreveento
Enfrente o velho meu pai
E me peça em casamento.
Rafael diz vou agora
Falar com teu pai Barão
Vou pedir ao seu pai em
Casamento a sua mão
Se ele não consentir
Está feito a confusão.
Dali sairam os dois
Para a casa do pai dela
Planejando o futuro
Tanto pra ele e pra ela
Encontraram o Barão
Deburçado na janela.
O velho olhou pra os dois
Diz-me quem tu és rapaz
Eu me chamo Rafael
E vim em missão de paz
Trazido por minha filha?
Não coisa que se faz.
Diz o velho o que tu
queres
Falar de tão importante
Fale logo tenho pressa
Más não seja arrogante
Faça favor, não gagueje
Despresível viajante.
Rafael diz estar bem
Pois é chegado o momento
Eu vim pedir ao senhor
Dimabel em casamento
Não venha com lerolero
Quero seu consentimento.
O Barão diz nem em sonho
Vou lhe dizer o porquê
Não aceito o casamento
Pois você não tem com que
Minha filha não se casa
Com pobre igual a você.
Rafael diz eu sou pobre
Más sou homem de respeito
Me caso com Dimabel
O senhor não vai dar jeito
Dimabel e eu formamos
Um casalzinho perfeito.
Nisto o velho levantou-se
Não estar no seu querer
Você só casa com ela
Só depois que eu perecer
Não suporto desaforo
Fuja se não quer morrer.
Já gritou pra cabroeira
Peguem logo este safado
Cortem sua língua atrevida
Depois de tê-lo castrado
Pendurem-o lá na forca
Para morrer enforcado.
Rafael pulou de costas
Já com uma faca na mão
Deu um grito estarrecedor
Vem enfrentar-me Barão
Por Dimabel mato e morro
Comigo não há perdão.
Dimabel amarra a saia
Com um facão amolado
Com ódio entrou na briga
Ao lado do namorado
Enfrentando os cangaceiros
Meio ao sangue derramado.
Rafael gritou pros cabras
Com vocês vou divertir
Seus bonecos do Barão
Mortos no chão vão cair
Pra não brigar dou dez
pulos
Dou cem para não sair.
Com duas horas de briga
Cem mortos tinha no chão
O restante foi embora
Naquele momento então
Rafael partiu pra cima
E aberturou o Barão.
Dimabel disse meu bem
Provastes que é valentão
Largue meu pai e descanse
Deixe comigo o Barão
Pai o senhor foi vencido
Dá ou não a permissão?
Barão tremendo de medo
Sem levantar do assento
Minha filha não me mate
Dou-lhe o consentimento
Cuide dos preparativos
Para o seu casamento.
Eu vou convidar o povo
Para se fazer presente
Farei uma grande festa
Só pra lhe deichar
contente
A fazenda Pedra Azul
Eu lhe darei de presente.
Com menos de uma semana
Já se deu o casamento
Foram três dias de festas
Com intenso movimento
O velho os abençoou
Logo após o sacramento.
O Barão diz Rafael
Tu serás meu genro amado
Cuide bem da minha filha
Da fazenda e do gado
Mesmo contra a vontade
Me sinto velho e cansado.
Foram pra lua de mel
Na cidade Salvador
Longe de tudo e de todos
Com alegria e fervor
Em um hotel cinco estrelas
Fazendo juras de amor
Depois de duas semanas
Retornaram pra fazenda
Rafael muito feliz
Ao lado de sua prenda
Ela sonhando falava
Este veio de encomenda.
Com pouco tempo depois
Panacabi faleceu
O Barão ficou cordeiro
Primeiro neto nasceu
Com dois anos o Barão
Bateu as botas e morreu.
Anos foram se passando
E muitos filhos nasceram
Rafael e Dimabel
Muito felizes viveram
Cuidando de todos bens
Que do Barão receberam.
A vida deste casal
Foi sempre lua de mel
Ele um esposo leal
E ela esposa fiel
Essa é a história de
Rafael e Dimabel.
Francisco Erivaldo Pereira
Alencar.
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