sábado, 12 de março de 2022

2.866 - EU AINDA ESTOU LEMBRADO.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 12 03 2022 e música:

 

 

Sou da roça sim senhor

Reconheço o meu valor

Creio em Deus criador

Que vai haver bom inverno

Será vasta a plantação

Muito grande a produção

Com inverno no sertão

A seca vai para o inferno.

 

A chuva me dar alegrar

Faz o calor esfriar

Ai que saudade me dar

Da vida lá no sertão

Para falar a verdade

Hoje moro na cidade

Mas não tira a saudade

Que tenho do meu rincão.

 

Nascido no interior

Sou filho de cantador

Da linda de agricultor

Eu entendo muito bem

Da casa onde eu nasci

Eu nunca que esqueci

Dos bons tempos que vivi

Nunca esqueci também.

 

Da casa dosmeus avós

Das mijadas dos potós

Dos preás e dos mocós

Do cachorro caçador

Da espingarda lazarina

Do clarão da lamparina

E do Galo-de-campina

Lavadeira e beija-flor

 

Eu Lembro do juriti

Do xexéu e bem-te-vi

Do peru e paturi

E do galo no poleiro

Do meu pé de cajarana

Oiticica e da banana

Da raposa e da cana

Do frondoso juazeiro.

 

Lembro a moça fagueira

Do banho na cachoeira

Do florar da catingueira

E do pé de mulungú

Lembro a pedra atravessada

Avoante em revoada

A canafístula florada

Dopar-darco e coaçu.

 

Ainda lembro a cauã

Urubu e jaçanã

E sempre pela manhã

Seriemas em dueto

Da Asa-branca também

Da andorinha e vem-vem

A mãe–da-lua no além

Teotônio catando graveto.

 

Do cântico do inhambu

Alganzarra do jacu

Camaleão e teú

Lagartixa na parede

Lembro a cobra jararaca

Do tsiu e curicaca

Manjericão, alfavaca

E eu dormindo na rede.

 

Eu lembro aquele lajedo

Ali passando bem cedo

As vezes me dava medo

De coisas do outro mundo

Lembro o cantar do xexéu

No universo o véu

E das estrelas no céu

Do velho sujo e corcundo.

 

Lembro a cobra corredeira

Da cascavel na pedreira

Do roço da capoeira

Da cata do algodão

Lembro o roço das estradas

E das enormes boadas

Das festas de vaquejadas

Da debulha do feijão.

 

Do meu pé de aroeira

Limoeiro e pinheira

Marmeleiro e laranjeira

Do sabiá na floresta

Do luar da cor de prata

Prateando a verde mata

Corduniz em serenata

Rolinhas fazendo festa.

 

Lembro os pombos no terreiro

O meu cavalo bacheiro

Do jumento traiçoeiro

E do burro machador

Carcará e mergulhão

Garças brancas e carão

Do vaqueiro de gibão

Do socó e do pescador.


Inda lembro as cantorias

Caçadas e pescarias

Saborosas iguarias

Da floresta e matagal

Lembro as cabras no chiqueiro

O futebol no terreiro

Do aboio do vaqueiro

E das vacas no curral.

 

Das ovelhas que criei

Dos caminhos que passei

Lugares por onde andei

Da minha lida com gado

Das moças que namorei

Das roças que trabalhei

E tudo que eu passei

Eu ainda estou lembrado.

 

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar

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