domingo, 22 de dezembro de 2024

3.286 - EU SOU FILHO DO NORDESTE.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 22 12 2024.

 

 

Eu sou filho do Nordeste

Nascido no Comboeiro

Na terra do lavrador

Sou poeta brasileiro

Cearense cabeça chata

E filho de violeiro.

 

Eu sou o filho primeiro

Pelos meus pais fui amado

Em uma casa de taipa

Eu nasci e frui criado

As margens duma estrada

No meu torrão9 adorado.

 

Cresci lidando com gado

Naquela localidade

Meu pai me levou pra roça

Com cinco anos de idade

Aprendi lidar com a terra

Em nossa propriedade.

 

Durante minha mocidade

Na roça eu trabalhei

Aprendi todos ofícios

Das criações eu cuidei

E no meu cavalo branco

Na campina cavalguei.

 

Cabritos brabos peguei

Para a bicheira curar

Também cuidei das ovelhas

E as levei pra pastar

Botei mochilas e boqueiras

Pro cabritos não mamar.

 

Eu aprendi aboiar

E pelo nome eu chamava

Arreava a bezerrada

Leite das vacas tirava

Depois soltava o gado

E para o pasto levava.

 

Com meus irmãos eu tomava

Leite mugido na hora

Não há de que reclamar

A minha vida de outrora

Com saudade do passado

Meu pobre coração chora.

 

 

Sinto saudade agora

Da saborosa iguaria

Coalhada com rapadura

Do nascer do novo dia

Da sombria madrugada

Das aves em cantoria.

 

Do vento em harmonia

Balançando a verde mata

Massageando o meu corpo

E da lua cor de prata

Clareando o meu sertão

Em noite de serenata.

 

Da água lá na cascata

Descendo grande ladeira

Fazendo chuã chuã

Espumando a cachoeira

Grandes bolhas de espumas

Se desfaz na ribanceira.

 

No roço da capoeira

No trato do algodão

Na colheita despeitado

Quem seria o campeão

Só alegria reinava

Nas quebradas do sertão.

 

Na debulha do feijão

Eu sempre fui maior

Tinha bolo e café

Aplausos para o melhor

As vezes até tinha dança

Pra se sair da pior.

 

Sei que não sou o menor

Dos poetas brasileiros

Escolas que conheci

Foi roça e despenhadeiros

Amava ouvir cantorias

Duelos de violeiros.

 

Joguei bolas nos terreiros

Peteca e maneiro pau

As brincadeiras de rodas

Empalhei milho em jirau

Também brinquei de caretas

Trisca e pião dei o grau.

 

Eu ouvi o bacurau

Cantando lá no agreste

Descalço pisei espinhos

Voei no espaço celeste

Tenho orgulho em dizer

Eu sou filho do nordeste.

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar

Nenhum comentário:

Postar um comentário