Autor: Erivaldo Alencar.
Letra: 22 12 2024.
Eu sou filho do Nordeste
Nascido no Comboeiro
Na terra do lavrador
Sou poeta brasileiro
Cearense cabeça chata
E filho de violeiro.
Eu sou o filho primeiro
Pelos meus pais fui amado
Em uma casa de taipa
Eu nasci e frui criado
As margens duma estrada
No meu torrão9 adorado.
Cresci lidando com gado
Naquela localidade
Meu pai me levou pra roça
Com cinco anos de idade
Aprendi lidar com a terra
Em nossa propriedade.
Durante minha mocidade
Na roça eu trabalhei
Aprendi todos ofícios
Das criações eu cuidei
E no meu cavalo branco
Na campina cavalguei.
Cabritos brabos peguei
Para a bicheira curar
Também cuidei das ovelhas
E as levei pra pastar
Botei mochilas e boqueiras
Pro cabritos não mamar.
Eu aprendi aboiar
E pelo nome eu chamava
Arreava a bezerrada
Leite das vacas tirava
Depois soltava o gado
E para o pasto levava.
Com meus irmãos eu tomava
Leite mugido na hora
Não há de que reclamar
A minha vida de outrora
Com saudade do passado
Meu pobre coração chora.
Sinto saudade agora
Da saborosa iguaria
Coalhada com rapadura
Do nascer do novo dia
Da sombria madrugada
Das aves em cantoria.
Do vento em harmonia
Balançando a verde mata
Massageando o meu corpo
E da lua cor de prata
Clareando o meu sertão
Em noite de serenata.
Da água lá na cascata
Descendo grande ladeira
Fazendo chuã chuã
Espumando a cachoeira
Grandes bolhas de espumas
Se desfaz na ribanceira.
No roço da capoeira
No trato do algodão
Na colheita despeitado
Quem seria o campeão
Só alegria reinava
Nas quebradas do sertão.
Na debulha do feijão
Eu sempre fui maior
Tinha bolo e café
Aplausos para o melhor
As vezes até tinha dança
Pra se sair da pior.
Sei que não sou o menor
Dos poetas brasileiros
Escolas que conheci
Foi roça e despenhadeiros
Amava ouvir cantorias
Duelos de violeiros.
Joguei bolas nos terreiros
Peteca e maneiro pau
As brincadeiras de rodas
Empalhei milho em jirau
Também brinquei de caretas
Trisca e pião dei o grau.
Eu ouvi o bacurau
Cantando lá no agreste
Descalço pisei espinhos
Voei no espaço celeste
Tenho orgulho em dizer
Eu sou filho do nordeste.
Francisco Erivaldo Pereira
Alencar
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