Autor: Erivaldo Alencar.
Letra: 18 07 2015 e música;
Peço inspiração a Deus
Pra o poeta brasileiro
Pra contar neste cordel
Um ocorrido verdadeiro
De quando eu era criança
Que assombrou o sertaneiro.
Foi na década de sessenta
Lá no sítio Cajazeiras
Lugar de nome Fechado
Terra boa hospitaleira
Quem está vivo inda lembra
Desta história verdadeira.
Foi em uma sexta feira
Quando o vento fez açoite
Já estava muito tarde
E o povo fazia pernoite
Passava das onze horas
Chegou o Vaqueiro da Noite.
Como Vaqueiro da Noite
Foi assim intitulado
Eu não se ele existiu
Ou se é fantasma criado
Mas veio naquela noite
Pra deixar o povo assombrado.
Os nomes que aqui são dados
Eles são dados por mim
Não correspondem aos nomes
Ditos verdadeiros em fim
Pra dar conteúdo aos fatos
Que aconteceram sim.
Foi numa noite sem lua
Com o céu muito estrelado
Num caminho que ligava
Açude Velho ao Fechado
Caminho torto e lúgubre
Num lugar muito isolado.
Como disse era tarde
A população já dormia
Só aquele que dorme
Ao fato presenciaria
Eu como estava dormindo
Nada disso eu ouvia.
De repente se ouviu
No trecho grande alarido
Uma chocalheira forte
Fazia doer ouvido
Gritos desesperadores
No mato grande estalido.
Extenso aboio se ouviu
Sem se saber quem aboiava
E ao final o aboio
Fortemente ele gritava
Rei La boi, rei La boiada
Aboiando ele falava.
Rei La vaca Asa Branca
Violeta e Castanhola
Patativa e Coruja,
Belinha, Preta e Viola.
Manga Larga, Severina,
Peixeira, roxa e Patola.
Também se ouvia o latido
De um cachorro feroz
Que corria atrás do gado
Como se fosse um algoz
E aos gritos o vaqueiro
Mandava vai Albatroz.
No reboliço se ouvia
Mato fazendo regaço
Vento fazendo açoite
Como se dando o compasso
E a escuridão da noite
Não oferecia embaraço.
Também se ouvia o tropel
Como se alguém cavalgava
Horas estava distante
Mas logo se aproximava
O povo fechava as portas
E o barulho se afastava.
Em seu aboio saudoso
Tanto gritava e cantava
Pelo nome de Joãozinho
Constantemente chamava
Em dueto com o vaqueiro
Um forte aboio soltava.
O Vaqueiro enfurecido
Chamava por Mariquinha
Inda citava outros nomes
Venha de pressa Rosinha
Pedro, Cosme e Apolônio
Izabel, Rita e Zefinha.
Venham de pressas molengas
Tangem o gado ligeiro
Cuidado com o garrote
Pra não ir pro formigueiro
E sem cessar estumava
O seu cachorro trigueiro.
Em meio a tanta turbulência
Ouvia-se o gado berrar
O barulho das esporas
Também dava pra escutar
Como o ranger da cela
E o chicote estalar.
Parecendo irritado
E de forma eloqüente
Gritava pros companheiros
Cuidado o touro é valente
Com seus chifres afiados
Não venha ferir a gente.
Com temor se escutava
Um cavalo relinchando
Ouvia-se porco roncar
Ovelha e cabra berrando
Constantemente se ouvia
Uma criança chorando.
Mais ou menos meia noite
Apareceu um clarão
Como se fosse um incêndio
Junto um grito de atenção
Apaguem o fogo de pressa
Evitem a destruição.
Ouvia-se quebrar ramos
E o fogo aumentando
Um fumaceiro escuro
Pela mata espalhando
E no açoite dos ramos
Alguém diz tou me queimando
Alguém diz pegue a água
Para o fogo apagar
Uma batedeira de latas
Também se pode escutar
Barulho da água no fogo
Também se ouviu jogar.
Em pouco tempo o clarão
Dali desapareceu
Mas se ouviram três tiros
Que a terra estremeceu
E com o nascer da lua
O fantasma emudeceu.
Quando o dia amanheceu
A notícia se espalhou
Todos ficaram suspensos
Por saber o que passou
Sem ninguém saber quem foi
Que a noite a terrorizou.
O povo se perguntava
Quem será este vaqueiro
Que deu muito o que falar
Naquele sertão inteiro
Talvez no passado ali tenha
Morrido algum boiadeiro.
Um grupo de moradores
Foram ao caso investigar
Vistoriaram as matas
Sem vestígio encontrar
Nas veredas e caminhos
Tava tudo no lugar.
Não tinha rastro na estrada
E o mato tava normal
E do incêndio na mata
Não tinha nenhum sinal
O ocorrido foi descrito
Como sobre natural.
Existem muitos mistérios
Lugar com assombração
Tem gente que não acredita
Mas preste bem atenção
Pra quando ver não correr
Precisa ser valentão.
Francisco Erivaldo Pereira Alencar.
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