Autor: Erivaldo Alencar.
Letra: 20 04 2023 e
música:
Ontem à noite eu sonhei
Um sonho muito esquisito
Eu vou tentar descrevê-lo
Para assim deixar escrito
Sonho não tão bom pra eu
Más que me deixou aflito.
Tento entender não consigo
Este sonho que sonhei
Que me deixou assustado
Hoje quando acordei
Foi pesadelo ou sonho
Ou premunição não sei
Eu sonhei que eu estava
Na casa que me criei
Lá no sítio Comboeiro
Que há muitos anos deixei
Ela nem existe mais
Dela não esquecerei.
Ela era de tijolos
Como a mesma era chamada
Igualzinha aos velhos
tempos
Permanecia zelada
Más eu não moro mais lá
Porque que sonhei do nada?
No sonho eu morava lá
Lidava com a bicharada
Gato, cachorro, galinhas
Era uma casa animada
Eu permanecia jovem
Igual época passada.
Eu estava com a família
Parecia está chovendo
As portas todas fechadas
É mesmo que eu estou vendo
Eu não lembro o que fazia
Sei que estava
escurecendo.
Quando ouvi bater na porta
Fiquei mui preocupado
Um gemido de animal
Que vinha do mesmo lado
Que seria, não sabia
Deixou-me mais assustado.
Fui em direção a porta
Cuidadosamente abri
Molhado ao pé da porta
Um cachorrinho eu vi
Olhando para o bichinho
Algo estranho eu senti.
Faltava-lhe uma orelha
E na pá grande bicheira
Ele olhava pra mim
Em incessante choradeira
Botei-lhe dentre de casa-
Grunia com tremedeira.
Já como fosse onde moro
Fui buscar o mata bicheira
Num quarto ceio de livros
Guardado na prateleira
Sem encontrar o remédio
Comecei pensar besteira.
Busquei em outros lugares
Más nada de encontrar
Como que desapareceu
Fiquei a imaginar
Eu tenho que ir às pressas
Mata bicheira comprar.
Já com o comércio fechado
Eu pensei onde que eu vou
Continuava chovendo
E muito não demorou
Deu um relâmpago tão forte
Que a amplidão clareou.
Um tenebroso trovão
De estalo veio em seguida
Já como fosse no sítio
Para salvar uma vida
Saí apressadamente
Numa estrada tão comprida.
Tava tudo muito escuro
E a chuva continuava
Com a roupa toda molhada
Mesmo assim eu não parava
Enfrentando desafios
Caminho não encontrava.
Deparei-me com um rio
Que estava muito cheio
A correnteza tão forte
Passá-lo tive receio
Com as águas aumentando
Eu não tive outro meio.
Então busquei um desvio
Com muita dificuldade
Era um lamaçal danado
Más com força de vontade
Quanto mais andava ficava
Mas distante da cidade.
Depois de muito andar
Em um açude cheguei
Muito longe da parede
Más não me desanimei
Para os confins do açude
Firmemente caminhei.
Eu busquei novos desvios
Já me achando cansado
Más nada de desistir
Descalço em chão molhado
Pra salvar o animal
Estava predestinado.
Pensava comigo mesmo
Eu sei que vou conseguir
Compra o mata bicheira
Disto não vou desistir
Não nasci pra ser vencido
Ninguém vai me proibir.
Dei uma volta maior
Pra o açude rodear
Eu andei e andei tanto
Más nada de chegar
Em meio as matas fechada
E a chuva sem parar.
Cheguei em um outro rio
Por sinal bem diferente
A chuva se foi embora
Com pouca água corrente
Vou passar pro outro lado
E seguir caminho a frente.
A água estava pouca
Eu consegui atravessar
Ali no meio da mata
Eu pude observar
Muitas casas abandonadas
Tinha naquele lugar.
Bem as margens deste rio
Bem logo na ribanceira
Como se fosse uma vila
Construída na barreira
Um lugar muito esquisito
E com muita seboseira.
Prédios ligados um ao
outro
Más já outros separados
Tinham pouquíssimas casas
Pois muitos eram sobrados
Quase a totalidade
Estavam desocupados.
Más alguns metros dali
Tinha um espaço aberto
Um trator cortando a terra
Deixando tudo deserto
Eu segui a passos largos
Para ver tudo de perto.
Chegando ao descampado
Eu fiquei a imaginar
Olhando a o meu redor
Eu pude observar
Um outro grande açude
Tinha naquele lugar.
Dirigi-me ao açude
Percebi que estava cheio
Suas águas poluídas
Fez dele um açude feio
Igualmente as outras vezas
Procurei um arrodeio.
Bem ao final da represa
Passei para o outro lado
Com a água na cintura
Eu por completo molhado
E sem saber onde estava
Completamente ariado.
Olhei para um lado e outro
Logo tive a impressão
Perto passava uma estrada
Escolhendo a direção
Segui o rumo da venta
Pisando firme no chão.
Imaginava ser estrada
Iguatu-Acopiara
Más logo veio a surpresa
Pensei eu quebrei a cara
Era outra rodovia
De pavimentação rara.
Uma estrada muito larga
Grande pavimentação
Transportes indo e
voltando
Muita movimentação
Perdido no mato sem
Qualquer orientação
E agora que faria
Pra passar pro outro lado
Carros indo carros vindo
Ali eu fiquei parado
Sem puder atravessar
Sem que eu fosse
atropelado.
De repente em minha frente
Um viaduto apareceu
Olhando o movimento
Ao outro lado passei
O desafio vencido
Logo me reanimei.
Segui por uma vereda
Por sinal muito
estreitinha
Em uma mata escura
Companhia alguma tinha
Meio o mato orvalhado
Que falta de sorte minha.
Sem lanterna e sem facho
Não havia claridade
Perdido no matagal
Bem distante da cidade
E sem encontrar ninguém
Que tivesse a hombridade.
Que me ensinar o caminho
Que eu pudesse seguir
Para o lugar desejado
Com segurança eu ir
E de uma vez por todas
Daquela mata sair.
Nenhuma estrela no céu
Para me orientar
Lua também não havia
Nem sequer raio solar
Longe de tudo e de todos
Sem ouvir galo cantar.
Segui o rumo da venta
Sem nenhuma direção
Eu tropeçava em tudo
Dava cada escorregão
Me segurando no nada
Me estabacava no chão.
Perdido em mata estranha
Sem saber ir nem voltar
Desesperado pedi
A Deus pra me ajudar
Sentia perder as forças
Sem jamais me entregar.
Depois de muito andar
A suposta estrada cheguei
Más inda muito confuso
Para os lados eu olhei
Estranhei muito porque
Nenhum carro avistei.
Olhei para um lado e outro
Sem saber rumo seguir
Tudo parecia estranho
Sem saber pra onde ir
A estrada era aquela?
Não sabia discernir.
Esperei por algum tempo
Nenhum carro apareceu
Totalmente desiludido
E desesperado eu
Cheguei a Deus novamente
E Ele me socorreu.
Naquele feliz momento
Do sonho eu despertei
Embora angustiado
Dele me libertei
Dei graças ao Criador
Pois do sonho acordei.
O remédio não comprei
Pra salvar o cachorrinho
Fiz tudo que foi possível
Para salvar o bichinho
Não sei se salvou ou não
O doente animalzinho.
Dizem que sonho é aviso
Outros é premonição
Para outros não é nada
Para outros ilusão
Seja como for o sonho
Há uma justa razão.
Francisco Erivaldo Pereira
Alencar.
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