quinta-feira, 20 de abril de 2023

3.124 - UM SONHO ESQUESITO.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 20 04 2023 e música:

 

 

Ontem à noite eu sonhei

Um sonho muito esquisito

Eu vou tentar descrevê-lo

Para assim deixar escrito

Sonho não tão bom pra eu

Más que me deixou aflito.

 

Tento entender não consigo

Este sonho que sonhei

Que me deixou assustado

Hoje quando acordei

Foi pesadelo ou sonho

Ou premunição não sei

 

Eu sonhei que eu estava

Na casa que me criei

Lá no sítio Comboeiro

Que há muitos anos deixei

Ela nem existe mais

Dela não esquecerei.

 

Ela era de tijolos

Como a mesma era chamada

Igualzinha aos velhos tempos

Permanecia zelada

Más eu não moro mais lá

Porque que sonhei do nada?

 

No sonho eu morava lá

Lidava com a bicharada

Gato, cachorro, galinhas

Era uma casa animada

Eu permanecia jovem

Igual época passada.

 

Eu estava com a família

Parecia está chovendo

As portas todas fechadas

É mesmo que eu estou vendo

Eu não lembro o que fazia

Sei que estava escurecendo.

 

Quando ouvi bater na porta

Fiquei mui preocupado

Um gemido de animal

Que vinha do mesmo lado

Que seria, não sabia

Deixou-me mais assustado.

 

 

Fui em direção a porta

Cuidadosamente abri

Molhado ao pé da porta

Um cachorrinho eu vi

Olhando para o bichinho

Algo estranho eu senti.

 

Faltava-lhe uma orelha

E na pá grande bicheira

Ele olhava pra mim

Em incessante choradeira

Botei-lhe dentre de casa-

Grunia com tremedeira.

 

Já como fosse onde moro

Fui buscar o mata bicheira

Num quarto ceio de livros

Guardado na prateleira

Sem encontrar o remédio

Comecei pensar besteira.

 

Busquei em outros lugares

Más nada de encontrar

Como que desapareceu

Fiquei a imaginar

Eu tenho que ir às pressas

Mata bicheira comprar.

 

Já com o comércio fechado

Eu pensei onde que eu vou

Continuava chovendo

E muito não demorou

Deu um relâmpago tão forte

Que a amplidão clareou.

 

Um tenebroso trovão

De estalo veio em seguida

Já como fosse no sítio

Para salvar uma vida

Saí apressadamente

Numa estrada tão comprida.

 

Tava tudo muito escuro

E a chuva continuava

Com a roupa toda molhada

Mesmo assim eu não parava

Enfrentando desafios

Caminho não encontrava.

 

Deparei-me com um rio

Que estava muito cheio

A correnteza tão forte

Passá-lo tive receio

Com as águas aumentando

Eu não tive outro meio.

 

 

Então busquei um desvio

Com muita dificuldade

Era um lamaçal danado

Más com força de vontade

Quanto mais andava ficava

Mas distante da cidade.

 

Depois de muito andar

Em um açude cheguei

Muito longe da parede

Más não me desanimei

Para os confins do açude

Firmemente caminhei.

 

Eu busquei novos desvios

Já me achando cansado

Más nada de desistir

Descalço em chão molhado

Pra salvar o animal

Estava predestinado.

 

Pensava comigo mesmo

Eu sei que vou conseguir

Compra o mata bicheira

Disto não vou desistir

Não nasci pra ser vencido

Ninguém vai me proibir.

 

Dei uma volta maior

Pra o açude rodear

Eu andei e andei tanto

Más nada de chegar

Em meio as matas fechada

E a chuva sem parar.

 

Cheguei em um outro rio

Por sinal bem diferente

A chuva se foi embora

Com pouca água corrente

Vou passar pro outro lado

E seguir caminho a frente.

 

A água estava pouca

Eu consegui atravessar

Ali no meio da mata

Eu pude observar

Muitas casas abandonadas

Tinha naquele lugar.

 

Bem as margens deste rio

Bem logo na ribanceira

Como se fosse uma vila

Construída na barreira

Um lugar muito esquisito

E com muita seboseira.

 

 

Prédios ligados um ao outro

Más já outros separados

Tinham pouquíssimas casas

Pois muitos eram sobrados

Quase a totalidade

Estavam desocupados.

 

Más alguns metros dali

Tinha um espaço aberto

Um trator cortando a terra

Deixando tudo deserto

Eu segui a passos largos

Para ver tudo de perto.

 

Chegando ao descampado

Eu fiquei a imaginar

Olhando a o meu redor

Eu pude observar

Um outro grande açude

Tinha naquele lugar.

 

Dirigi-me ao açude

Percebi que estava cheio

Suas águas poluídas

Fez dele um açude feio

Igualmente as outras vezas

Procurei um arrodeio.

 

Bem ao final da represa

Passei para o outro lado

Com a água na cintura

Eu por completo molhado

E sem saber onde estava

Completamente ariado.

 

Olhei para um lado e outro

Logo tive a impressão

Perto passava uma estrada

Escolhendo a direção

Segui o rumo da venta

Pisando firme no chão.

 

Imaginava ser estrada

Iguatu-Acopiara

Más logo veio a surpresa

Pensei eu quebrei a cara

Era outra rodovia

De pavimentação rara.

 

Uma estrada muito larga

Grande pavimentação

Transportes indo e voltando

Muita movimentação

Perdido no mato sem

Qualquer orientação

 

 

E agora que faria

Pra passar pro outro lado

Carros indo carros vindo

Ali eu fiquei parado

Sem puder atravessar

Sem que eu fosse atropelado.

 

De repente em minha frente

Um viaduto apareceu

Olhando o movimento

Ao outro lado passei

O desafio vencido

Logo me reanimei.

 

Segui por uma vereda

Por sinal muito estreitinha

Em uma mata escura

Companhia alguma tinha

Meio o mato orvalhado

Que falta de sorte minha.

 

Sem lanterna e sem facho

Não havia claridade

Perdido no matagal

Bem distante da cidade

E sem encontrar ninguém

Que tivesse a hombridade.

 

Que me ensinar o caminho

Que eu pudesse seguir

Para o lugar desejado

Com segurança eu ir

E de uma vez por todas

Daquela mata sair.

 

Nenhuma estrela no céu

Para me orientar

Lua também não havia

Nem sequer raio solar

Longe de tudo e de todos

Sem ouvir galo cantar.

 

Segui o rumo da venta

Sem nenhuma direção

Eu tropeçava em tudo

Dava cada escorregão

Me segurando no nada

Me estabacava no chão.

 

Perdido em mata estranha

Sem saber ir nem voltar

Desesperado pedi

A Deus pra me ajudar

Sentia perder as forças

Sem jamais me entregar.

 

 

Depois de muito andar

A suposta estrada cheguei

Más inda muito confuso

Para os lados eu olhei

Estranhei muito porque

Nenhum carro avistei.

 

Olhei para um lado e outro

Sem saber rumo seguir

Tudo parecia estranho

Sem saber pra onde ir

A estrada era aquela?

Não sabia discernir.

 

Esperei por algum tempo

Nenhum carro apareceu

Totalmente desiludido

E desesperado eu

Cheguei a Deus novamente

E Ele me socorreu.

 

Naquele feliz momento

Do sonho eu despertei

Embora angustiado

Dele me libertei

Dei graças ao Criador

Pois do sonho acordei.

 

O remédio não comprei

Pra salvar o cachorrinho

Fiz tudo que foi possível

Para salvar o bichinho

Não sei se salvou ou não

O doente animalzinho.

 

Dizem que sonho é aviso

Outros é premonição

Para outros não é nada

Para outros ilusão

Seja como for o sonho

Há uma justa razão.

 

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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