Autor: Erivaldo Alencar.
Dum cidadão de valor
Cearense brasileiro
Da terra do lavrador
Agricultor e político
Comerciante cantador.
O Julio Aires Pereira
Este é o nome seu
Dia quinze de dezembro
No Comboeiro nasceu
Mil novecentos vinte e
oito
Pra vida resplandeceu.
Seus pais Pedro Aires
Pereira
E Maria Pereira Alencar
Dos três Julio que o casal
Com prazer podegerar
Os dois morreram crianças
Sem da morte se escapar.
É um Alencar da gema
De origem do Quincuncá
Região de Farias Brito
A antiga Quixará
Em novecentos e dez
Seus avós vieram pra cá.
O Julio Aires Pereira
Foi grande sua irmandade
Valdevino Aires Pereira
Um cidadão de verdade
O Joaquim Aires Pereira
Homem de capacidade.
Dois Julios e três Marias
Que ele não conheceu
Francisco Aires Pereira
Que afogado morreu
Francisco Pereira de Assis
Em São Paulo faleceu.
Antonia Aires Pereira
Morreu logo ao se casar
José Pereira Alencar
O único que vivo estar
Heleno e Hiranildo
São Martins de Alencar.
Ainda muito criança
Começou a trabalhar
Na roça com irmãos e pais
Pra nas despesas ajudar
Cuidava das criações
Sem tempo pra estudar.
Mesmo com a dificuldade
Ele buscava o saber
Com alguns meses de aulas
Ele pode aprender
Com esforços aprendeu
A ler e a escrever
Foi criança educada
E filho obediente
Desde cedo demonstrava
Ser muito inteligente
Amigo doutras crianças
Jovem fino e competente.
Foi um cidadão descente
De muita capacidade
Jovem esbelto e de visão
De responsabilidade
Foi querido das meninas
Curtiu sua mocidade.
Ao perder a sua mãe
Inda em sua mocidade
Casou-se em quarenta e
sete
Com dezoito de idade
Com a Maria de Lourdes
Buscou a felicidade.
Desta comunhão feliz
Doze filhos ele gerou
Primeiro foi Erivaldo
Sou eu que aqui estou
O segundo foi Arlindo
Que pro céu já viajou.
A terceira foi a Lúcia
Que foi para o céu também
A quarta foi a Eunice
Em Ribeirão vive bem
O quinto foi Manoel
Que vive com Deus amém.
O sexto foi Neviwton
Hoje é comerciante
Sétima foi Edileuza
Com nove foi pra distante
Oitava foi Espedita
Pra nós é muito
importante.
Em nono veio a Rita
Funcionária concursada
Em décimo Aparecida
Que por Deus Pai foi
levada
Décima primeira a Fátima
Indaiatuba fez morada.
Décima segunda a Corrinha
Funcionária se tornou
No ano setenta e cinco
Julio Aires viuvou
Com a jovem Creusiomar
Em setenta e seis secasou.
Em seguida veio Cherline
Com Daniel é casada
Depois veio Juliana
Uma jovem preparada
E por último um aborto
Em gravidez complicada.
Júlio era muito jovem
Quando a sua mãe morreu
No mesmo ano casou-se
E muito feliz viveu
Com quarenta e cinco anos
A sua esposa faleceu.
O seu pai Pedro Pequeno
Em segundo casamento
Casou-se com Gumercinda
Foi viver novo momento
Que para alguns de seus
filhos
Provocou constrangimento.
Depois da morte da mãe
Julio Aires se casou
Seu irmão Joaquim Pequeno
Pra sua casa mudou
Depois foi Zezinho Pequeno
Pra mesma casa rumou.
Depois os dois se casaram
O Joaquim com a Guiomar
Zezinho com a Luzanira
Para seus lares formar
São duas irmãs Alcântaras
Com dois irmãos Alencar.
No ano cinquenta e dois
Julio formou novo plano
Ir embora pra São Paulo
Pois naquele mesmo ano
O destino traiçoeiro
Traçou-lhe um
contra-plano.
Seus filhos adoeceram
Em São Paulinho foi parar
Tinha vendidos os bens
Pra em São Paulo morar
Só escapou a terrinha
Porque ninguém quis
comprar.
Na vila de São Paulinho
Um comércio instalou
Por vender tudo fiado
Em pouco tempo quebrou
Sem recursos e sem saúde
Um novo plano formou .
Sua casa estava ocupada
Procurou outro lugar
No sítio Riacho Fundo
Com a família foi morar
Montou um novo comércio
Tentando continuar
.
Sem qualquer meio de vida
Foi trabalhar alugado
De empreita e diária
Para ganhar um trocado
Na Serra do Comboeiro
Pelo patrão
humilhado.
No ano cinquenta e seis
A situação melhorou
A herança de um irmão
O Julio Aires comprou
Ainda no mesmo ano
Uma vaquinha arrumou.
No ano cinquenta e oito
Outra herança comprou
Com a venda da forragem
E uma burrinha pagou
Numa frente de serviço
Bravamente trabalhou.
No ano cinquenta e oito
Passando dificuldade
Era uma seca danada
Com muita serenidade
Trabalhando de alugado
Pela sustentabilidade.
Mais ou menos ao meio dia
Sentou o joelho no chão
De mãos postas olhou pro
céus
E ao santo de devoção
Pediu um outro trabalho
Pra puder ganhar o pão.
Ele fez uma promessa
Nas horas quentes do dia
Se a santa lhe ajudasse
Lhe daria a garantia
Metade do primeiro ganho
Para a santa ele daria.
Ao se levantar da terra
Sentindo forte calor
Sentiu no seu coração
A resposta do Senhor
Vou comprar uma viola
Porque vou ser cantador.
Logo ele foi convidado
Pra primeira cantoria
Na casa de Antonio Lopes
Sua filha se casaria
Ele foi cantar sozinho
Com bastante alegria
Ele só cantou romances
Inda não poetizava
Ganhou bastante dinheiro
Com a profissão que
agarrava
Foi pra casa muito
eufórico
Agradecido falava.
Amanhã vou pra cidade
Minha promessa pagar
Arreou o seu cavalo
Se dispôs a viajar
Se decepcionou quando
A igreja adentrar.
Ao adentrar a igreja
O padre ele avistou
Aonde que está o cofre
Ao padre ele perguntou
O cofre aqui sou eu mesmo
O padre lhe replicou.
Ele disse para o padre
Minha promessa vim saldar
O padre disse meu filho
Deus vai lhe abençoar
Estou aqui pra receber
Pode o dinheiro passar.
Julio entregou o dinheiro
O padre riu sem querer
O dinheiro está rasgado
Não devia receber
Julio disse está com sorte
Pelo dinheiro eu trazer.
Na profissão do repente
Em muitos lugares cantou
Com a viola nas costas
Pelo sertão viajou
Andou a pé com montado
Muita poeira levou.
Naquela época passada
Era tudo diferente
O cantador de viola
Tinha que enfrentar sol
quente
De casa em casa andando
Pedindo pra cantar
repente.
Quando chegava a casa
Dum ilustre cidadão
Cansado e empoeirado
Já pedia de anti-mão
Uma comida e se podia
A noite cantar baião.
Vezes recebia um sim
Em outras vezes um não
A notícia se espalhava
Ali por toda região
Cantava a noite toda
No terreiro ou no salão.
Não é como hoje em dia
Que tem a facilidade
Transporte para os locais
No sertão e na cidade
Cantam duas ou três horas
Termina a festividade.
Com muitos profissionais
Julio Aires fez cantoria
Escreveu vários poemas
Com rigor e maestria
Foi grande profissional
No mundo da poesia.
Em setenta com a família
Veio morar na cidade
Em nossa Acopiara
De grande prosperidade
Vindo lá do Comboeiro
De sua propriedade.
Inda no ano setenta
Na política se lançou
Em lugar de Paulo
Florentino
Que a política abandonou
Candidato vereador
Primeira suplência ficou.
Teve a oportunidade
Na condição de suplente
No lugar de dona Auríce
Assumiu interinamente
Em pouco tempo demonstra
Que é político competente.
No ano setenta e dois
Ganhou pra vereador
Provou pra seus eleitores
Deles ser seu defensor
Mesmo sem nada ganhar
Mostrou seu real valor.
No ano setenta e seis
Disputou a reeleição
Foi eleito por seis anos
Ao lado do Dr. João
Sempre prestando serviço
A nossa população.
No ano oitenta e dois
Nova eleição disputou
Um mandato de seis anos
Esta eleição ganhou
Durante dezesseis anos
Um bom trabalho prestou.
No ano oitenta e oito
Nova eleição disputou
Mas teria sido eleito
Com a votação que tirou
Roubado na apuração
Na suplência ele ficou.
Tiraram parte de seus
votos
Para outro eleger
Sugeri a recontagem
Mas ele não quis fazer
Ficou decepcionado
Por esta eleição perder.
Com a licença da Luíza
Por pouco tempo assumiu
Foi fiel ao seu partido
O mesmo que o traiu
Depois disto se isolou
E da política saiu.
Entre tantos os serviços
Ao o seu povo prestado
A luz elétrica do Ebrom
Por Gonzaga instalado
O Açude Riacho Fundo
Por ele foi arranjado.
No cargo de vereador
Muitos serviços prestou
Passou por todas comissões
A presidente chegou
Como prefeito interino
Nove dias governou.
Durante a vida ele foi
Agricultor, criador,
Foi cantador repentista
E poeta escritor.
Comerciante e aposentado
Três vezes vereador.
Durante a vida ele foi
Agricultor, criador,
Foi cantador repentista
E poeta escritor.
Comerciante e aposentado
Rês vezes vereador.
Suplente vereador
Por nove dias prefeito
Da terra do Lavrador
Nas ausências por viagens
Do vice e do gestor.
Com quase oitenta e um
Julio Aires faleceu
Dia cinco de setembro
Lá em Iguatu morreu
No ano dois mil e nove
Assim escreve o filho seu.
Foi bom pai foi bom marido
Foi cidadão educado
Amante da sua terra
Profissional preparado
Partiu do mundo dos vivos
Mas deixou grande legado
Até hoje o Julio Aires
É pelo povo lembrado
Com sua simplicidade
Seu nome foi emprestado
Numa artéria da cidade
Seu nome foi confirmado.
Francisco Erivaldo Pereira
Alencar.
Parabéns poeta 👏👏
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