Autor: Erivaldo Alencar.
Letra: 19 08 2015 e música:
Tenho a bênção de Deus
Inspiração de Jesus
Pra escrever em cordel
A Trindade me conduz
Folguedos, lendas e folclore
A descrever me dispus.
Acopiara é rica
Em eventos culturais
Pois o folclore e as lendas
A enriquece bem mais
Terra de povo humilde
Defensor dos ideais.
Tem fogueira de São Pedro
Santo Antonio e São João
Tem festa a noite inteira
No terreiro e no salão
O povo dança quadrilha
Ao redor do fogueirão.
O São João no sertão
É muito mais animado
Tem compadre e tem comadre
Padrinho e afilhado
Tem canjica tem pamonha
Milho cozido e assado.
Também tem primo e prima
Tem casamento e noivado
Tem balão tem trac e bomba
Jerimum na brasa assado
Chuvinha e rabo de saia
Deixa o povo animado.
Anda-se de pés descalços
Por cima do braseirão
Na folia também se pega
Brasa acesa com a mão
Eufórica moçada pula
Por cima do fogueirão
No Olho D’água do Chão
Tem um pé de oitizeiro
Uma árvore milenar
Próximo a um despenhadeiro
Árvore misteriosa
Perto da Pedra do Letreiro.
O oitizeiro que falo
Planta espetacular
Ela não é muito alta
A mais grossa do lugar
São preciso sete homens
Pra poder lhe abraçar.
Nele há assombrações
Se ouve falar e cantar
Ouve toque de sanfona
E se ver galho quebrar
No dia seguinte está
Tudo no devido lugar.
A festa do maneiro-pau
Que antigamente havia
Era uma festa bonita
Com cassetetes e cantoria
Formando uma grande roda
Cantavam com alegria.
Dançando e requebrando
Com cassetetes de pau
E batendo um no outro
Dando batida igual
Cantando bonitas trovas
Lindo cerimonial.
A festa de São Gonçalo
Também era tradição
Hoje é menos freqüente
Mas inda há no sertão
É uma dança bonita
Ao santo com devoção.
Forma-se duas fileiras
E o santo em um altar
Um tocador um pandeirista
E duas moças pra acompanhar
Cruzando em forma de oito
Diante do santo a dançar.
Lá nas serras que circundam
O Olho D’água do Chão
Tem um enorme lajedo
E bem no seu centro então
Tem a pedra com letreiro
E a forma de uma mão.
Várias pessoas já foram
Visitar o oitizeiro
E muitos também já foram
Ver a Pedra do Letreiro
Duas belezas turísticas
Pertos da Serra Comboeiro.
E as festas de caretas
Que era muito praticada
Folguedo tradicional
Que no sertão é brincada
Anda um pouco esquecida
Bastante modificada.
Formam-se um grande grupo
De pessoas encaretadas
Usam vestimentas próprias
Coloridas esfarrapadas
Saiam pelas estradas
Com fanfarra e palhaçadas.
Passavam dias inteiros
Objetos coletando
Armados de chiqueirador
Uns aos outros açoitando
As coisas que eles colhiam
Numa roça iam botando.
Fazia o Judas de panos
E o enforcavam num madeiro
Com pedras e armas de fogo
Extinguiam o traiçoeiro
E o forró tomava contas
Do salão e do terreiro
Com o roçado montado
Caretas iam pastorar
Ladrões sem camisa iam
Os objetos roubar
Os caretas açoitavam
Para não deixar levar.
As brincadeiras de rodas
Eram comuns no passado
Formavam-se grandes rodas
Mãos dadas e lado a lado
Homens, mulheres e crianças
Nada era ignorado.
Brincava-se de ciranda
Alegres todos cantando
Alguém ficava no centro
Em volta todos dançando
E os de fora ficavam
Com palmas ovacionando.
Cantando se davam ordens
Pra ser cumprida na hora
Pra quem estava no círculo
Obedecendo sem demora
Cantava um verso bonito
Dava adeus e ia embora.
Da serra Cachoeirinha
Pra Serra do Comboeiro
Há um boqueirão, lajedo
Riacho e despenhadeiro
Entre as serras ocorre
Um gigantesco luzeiro.
E a lenda da Caipora
No sertão é conhecida
Se alguém fosse caçar
E não lhe levasse comida
Ou fumo papel e fogo
A caçada era perdida.
No terreiro se reunia
Para de anel brincar
Com as mãos fechadas o anel
Pra nas mãos de alguém deixar
Quem adivinhasse onde estava
Quem ia o anel passar.
Na brincadeira do trisco
Se guarda na manja, então.
Se corre pra não ser pego
Pra sair diz palavrão
Ó mourão, mourão quem me
Pegar é filho do cão.
Cantadores de viola
Todo o sertão percorria
A pé, montado, com sono.
Carro e moto não havia
Nas horas quentes do dia
Pra noite fazer cantoria.
Também tinha os comboieiros
Indo e vindo pela estrada
Transportando alimentos
Numa difícil jornada
Às vezes com fome e sede
Em viagem demorada.
Era costume também
Quando nascia um bebê
Soltavam-se vários fogos
Para o povo saber
Tinha cachaça alemã
Para a gestante beber.
O contador de histórias
Vocês precisam conhecer
Mui outras coisas fantástica
É necessário saber
Folguedos, lendas e folclore.
Há muito que escrever
Francisco Erivaldo Pereira Alencar
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