Autor; Erivaldo Alencar.
Letra; 09 04 2014 E MÚSICA;
Sou Erivaldo Alencar
Nascido no Comboeiro
Acopiara, Ceará.
Neste torrão brasileiro
Da prole de Julio Aires
Eu sou o filho primeiro.
Nasci em quarenta e oito
De novembro o dia três
Às nove horas do dia
Em uma quarta talvez
Numa casinha de taipa
Que o tempo já a desfez.
Aos cincos anos de idade
Comecei a trabalhar
Lá na roça com meu pai
E com criações lidar
Levava a vida em paz
Com os vizinhos do lugar.
No sítio em que nasci
Eu vivi em liberdade
Ia pra onde queria
Com responsabilidade
Nossa casa era farta
E reinava felicidade.
Minha mãe prenda do lar
O meu pai agricultor
Com o dom da poesia
Se tornou um cantador
Na política ele foi
Três vezes vereador.
La naquela região
Todos os meus irmãos nasceram
Numa vida armoniosa
Quase todos ali cresceram
Com a exceção dos três
Que muito cedo morreram.
Embora a vida pacata
Mas havia união
Mamãe dava vizinhança
Ao matar a criação
A gente não reclamava
Da vida La no sertão.
Eu trabalhava na roça
Também lidava com gado
Cavalo, burro e jumento
Era por mim bem zelado
Ovelhas, cabras e porcos,
Eu tinha muito cuidado.
Mamãe criava galinha
Peru, pato e capote,
Carregávamos a água
Em galão, cabaça e pote.
A lenha ia do mato
Transportada no cangote.
Tinha leite e coalhada
E angu pra merendar
Feijão com pão, carne assada.
Rapadura no almoçar
E muncunzar com toicinho
A noite para jantar.
Nas noites enluaradas
Havia muita diversão
Ciranda cirandinha
Anel e adivinhação
Maneiro pau e caretas
E os festejos de São João.
Tinha o futebol de meia
Jogos de bilas no terreiro
As corridas de cavalo
Trisca, futebol, vaqueiro.
Adjuntos, casamentos,
E tinha boi mandingueiro.
Tinha o cachorro trigueiro
Cantador e cantoria
Reisado e São Gonçalo
O forró e pescaria
Tinha compadre e comadre
Cavalo de montaria.
Tinha história de Trancoso
Caçadores e louceiras
Engenho, mel e garapa.
Farinhadas e parteiras
A disbulha do feijão
E o roço da capoeira.
Tinha broca e a queimada
Brincadeira e seresta
Tinha banho de cascata
E passeio na floresta
Naquele tempo a vida
No meu sertão era festa.
Francisco Erivaldo Pereira Alencar.
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