domingo, 28 de setembro de 2025

3.401 - EU SOU POETA ROCEIRO.

 

Autor: Erivaldo Alencar.

 

Letra: 28 – 09 2025.

 

 

Eu sou poeta roceiro

Nascido no Comboeiro

Sou cidadão brasileiro

E filho de cantador

Cearense cabeça chata

Onde a lua cor de prata

Enaltece a verde mata

Da terra do lavrador.

 

Eu nasci lá no sertão

As margens do estradão

Eu adoro meu rincão

Abençoado por Deus

Eu adoro minha terra

Meu querido pé de serra

Lá não se conhece guerra

Terra dos parentes meus.

 

Eu nasci numa palhoça

Simples de taipa na roça

Comigo não há quem poça

Sou matuto orgulhoso

Crente em Cristo Salvador

Em Deus Jeová criador

Rei dos reis, Redentor,

Pai misericordioso.

 

Na roça eu me criei

Na lavoura trabalhei

Sem escola me eduquei

Aprendi ler e escrever

Eu lido com muita calma

Pra mim muitos batem palma

Não tenho medo de alma

Muito menos de morrer.

 

Guardo no peito a saudade

Da minha primeira idade

Quando em minha mocidade

Arranjei primeiro amor

Brinquei festas de São João

Também desbulhei feijão

E catei muito algodão

Fui vaqueiro aboiador.

 

Cruzei com muitas boiadas

Percorri longas estradas

Eu brinquei de vaquejadas

Das corridas de cavalos

Tinha um cachorro trigueiro

Eu também varri terreiro

Pus galinhas no poleiro

Ante do cantar do galo.

 

Também fui agricultor

E pequeno criador

De futebol jogador

E contador de histórias

Fui uma esperta criança

Com a nossa vizinhança

Eu cresci com esperança

De alcançar grandes vitorias.

 

Sou poeta escritor

Repentista trovador

Cordelista, embolador

Amante da poesia

Sou amante do saber

A leitura é meu lazer

Eu adoro escrever

E admiro a cantoria.

 

Na profissão de poeta

Poesia me completa

Versando eu sou profeta

Gosto de profetizar

Inda é pouco meu cartaz

Mas estou correndo a traz

Meus versos levam a paz

A todos que me escutar.

 

Sou cidadão destemido

Igual um leão ferido

Sem motivo não revido

Sou um sujeito prudente

Sou um cara cauteloso

Honesto e ponderoso

Minha raiva e meu nervoso

Descarrego no repente

 

Sou um sujeito ativo

Minha vida bem eu vivo

Não sou cara vingativo

Sou um cara doutrinado

Amante da natureza

Amo a verdade e a certeza

Piso no chão com firmeza

Nunca serei derrotado.

 

No mundo sou conhecido

Muito bem evoluído

Até pareço sabido

No mundo do conhecer

Jamais critico alguém

Antes eu dou parabém

Só escrevo o que convém

Sem de ninguém desfazer.

 

Sou um pequeno poeta

Gosto da coisa correta

Não sou bobo nem pateta

Mas muito inteligente

Sou amante da verdade

Desconjuro a falsidade

Tenho nojo da maldade

Adoro que é descente.

 

Eu sou observador

Experto pesquisador

Contista historiador

Autêntico cordelista

Sou travador brasileiro

Nordestino soneteiro

E lido no mundo inteiro

Compositor e letrista.

 

Criei-me comendo angu

Comendo mel de enxu

Cafinfim e capuxu

Marimbondo e jandaíra

Sanharol e inxuÍ

Italiana e jati

Boca torta e monduri

Arapuá e cupira

 

Comi carne de galinha

De capote e de rolinha

Curimatã e sardinha

Avoante e juriti

Carne de pato e peru

De veado e de teu

Vaca, cabra e nambu

Marreca e paturi.

 

Galinha d’água e jacu     

Mergulhão, Peba e tatu,

Cajarana e embu

Maxixe e seriema

Arroz e amendoim

Espece de gergelim

Rapadura e alfenim

Batida, cocada e ema.

 

Banana e bananada

Goiaba e goiabada

Abacate e abacatada

Manga, embu e cajá

Tamarindo, graviola,

Inhame e acerola

Seriguela e carambola

Laranja e trapiá.

 

Comi ponche e cajarana

Eu capinei jitirana

E apanhei de iguana

Temido camaleão

Comi carne de gambá

Vi guaxinim e guara

Como e lindo o sabiá

Cantando em oração.

 

Eu botei fogo em broca

Pequei cassaco na toca

Pesquei peixes em maloca

Banhei-me em cachoeira

Eu bebi água de pote

Comi carne de capote

Faço versos de magote

Cacei de baladeira.

 

Eu cacei de espingarda

Eu corri de onça parda

Eu tomei chá de mustarda

De erva-doce e cidreira

Comi xerém e mungunzá

Também degustei fubá

Abacaxi e aluá

Brinquei trisca e carreira

 

Também bebi aguardente

Fui pedreiro, fui servente,

Em Jesus Cristo sou crente

Não cumpridor do dever

Eu tomei banho de biqueira

O machado e roçadeira

Na roça foi meu lazer.

 

Eu sou poeta rochedo

De nada eu tenho medo

Eu sempre guardei segredo

Sou grosso, mas não grosseiro,

Sou líder comunitário

Desportista, literário,

Não ganho nenhum salário

Como poeta roceiro.

 

 

Francisco Erivaldo Pereira Alencar

 

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