Autor: Erivaldo Alencar.
Letra: 28 – 09 2025.
Eu sou poeta roceiro
Nascido no Comboeiro
Sou cidadão brasileiro
E filho de cantador
Cearense cabeça chata
Onde a lua cor de prata
Enaltece a verde mata
Da terra do lavrador.
Eu nasci lá no sertão
As margens do estradão
Eu adoro meu rincão
Abençoado por Deus
Eu adoro minha terra
Meu querido pé de serra
Lá não se conhece guerra
Terra dos parentes meus.
Eu nasci numa palhoça
Simples de taipa na roça
Comigo não há quem poça
Sou matuto orgulhoso
Crente em Cristo Salvador
Em Deus Jeová criador
Rei dos reis, Redentor,
Pai misericordioso.
Na roça eu me criei
Na lavoura trabalhei
Sem escola me eduquei
Aprendi ler e escrever
Eu lido com muita calma
Pra mim muitos batem palma
Não tenho medo de alma
Muito menos de morrer.
Guardo no peito a saudade
Da minha primeira idade
Quando em minha mocidade
Arranjei primeiro amor
Brinquei festas de São João
Também desbulhei feijão
E catei muito algodão
Fui vaqueiro aboiador.
Cruzei com muitas boiadas
Percorri longas estradas
Eu brinquei de vaquejadas
Das corridas de cavalos
Tinha um cachorro trigueiro
Eu também varri terreiro
Pus galinhas no poleiro
Ante do cantar do galo.
Também fui agricultor
E pequeno criador
De futebol jogador
E contador de histórias
Fui uma esperta criança
Com a nossa vizinhança
Eu cresci com esperança
De alcançar grandes vitorias.
Sou poeta escritor
Repentista trovador
Cordelista, embolador
Amante da poesia
Sou amante do saber
A leitura é meu lazer
Eu adoro escrever
E admiro a cantoria.
Na profissão de poeta
Poesia me completa
Versando eu sou profeta
Gosto de profetizar
Inda é pouco meu cartaz
Mas estou correndo a traz
Meus versos levam a paz
A todos que me escutar.
Sou cidadão destemido
Igual um leão ferido
Sem motivo não revido
Sou um sujeito prudente
Sou um cara cauteloso
Honesto e ponderoso
Minha raiva e meu nervoso
Descarrego no repente
Sou um sujeito ativo
Minha vida bem eu vivo
Não sou cara vingativo
Sou um cara doutrinado
Amante da natureza
Amo a verdade e a certeza
Piso no chão com firmeza
Nunca serei derrotado.
No mundo sou conhecido
Muito bem evoluído
Até pareço sabido
No mundo do conhecer
Jamais critico alguém
Antes eu dou parabém
Só escrevo o que convém
Sem de ninguém desfazer.
Sou um pequeno poeta
Gosto da coisa correta
Não sou bobo nem pateta
Mas muito inteligente
Sou amante da verdade
Desconjuro a falsidade
Tenho nojo da maldade
Adoro que é descente.
Eu sou observador
Experto pesquisador
Contista historiador
Autêntico cordelista
Sou travador brasileiro
Nordestino soneteiro
E lido no mundo inteiro
Compositor e letrista.
Criei-me comendo angu
Comendo mel de enxu
Cafinfim e capuxu
Marimbondo e jandaíra
Sanharol e inxuÍ
Italiana e jati
Boca torta e monduri
Arapuá e cupira
Comi carne de galinha
De capote e de rolinha
Curimatã e sardinha
Avoante e juriti
Carne de pato e peru
De veado e de teu
Vaca, cabra e nambu
Marreca e paturi.
Galinha d’água e jacu
Mergulhão, Peba e tatu,
Cajarana e embu
Maxixe e seriema
Arroz e amendoim
Espece de gergelim
Rapadura e alfenim
Batida, cocada e ema.
Banana e bananada
Goiaba e goiabada
Abacate e abacatada
Manga, embu e cajá
Tamarindo, graviola,
Inhame e acerola
Seriguela e carambola
Laranja e trapiá.
Comi ponche e cajarana
Eu capinei jitirana
E apanhei de iguana
Temido camaleão
Comi carne de gambá
Vi guaxinim e guara
Como e lindo o sabiá
Cantando em oração.
Eu botei fogo em broca
Pequei cassaco na toca
Pesquei peixes em maloca
Banhei-me em cachoeira
Eu bebi água de pote
Comi carne de capote
Faço versos de magote
Cacei de baladeira.
Eu cacei de espingarda
Eu corri de onça parda
Eu tomei chá de mustarda
De erva-doce e cidreira
Comi xerém e mungunzá
Também degustei fubá
Abacaxi e aluá
Brinquei trisca e carreira
Também bebi aguardente
Fui pedreiro, fui servente,
Em Jesus Cristo sou crente
Não cumpridor do dever
Eu tomei banho de biqueira
O machado e roçadeira
Na roça foi meu lazer.
Eu sou poeta rochedo
De nada eu tenho medo
Eu sempre guardei segredo
Sou grosso, mas não grosseiro,
Sou líder comunitário
Desportista, literário,
Não ganho nenhum salário
Como poeta roceiro.
Francisco Erivaldo Pereira Alencar