Autor: Erivaldo Alencar.
Letra: 12 03 2022 e
música:
Sou da roça sim senhor
Reconheço o meu valor
Creio em Deus criador
Que vai haver bom inverno
Será vasta a plantação
Muito grande a produção
Com inverno no sertão
A seca vai para o inferno.
A chuva me dar alegrar
Faz o calor esfriar
Ai que saudade me dar
Da vida lá no sertão
Para falar a verdade
Hoje moro na cidade
Mas não tira a saudade
Que tenho do meu rincão.
Nascido no interior
Sou filho de cantador
Da linda de agricultor
Eu entendo muito bem
Da casa onde eu nasci
Eu nunca que esqueci
Dos bons tempos que vivi
Nunca esqueci também.
Da casa dosmeus avós
Das mijadas dos potós
Dos preás e dos mocós
Do cachorro caçador
Da espingarda lazarina
Do clarão da lamparina
E do Galo-de-campina
Lavadeira e beija-flor
Eu Lembro do juriti
Do xexéu e bem-te-vi
Do peru e paturi
E do galo no poleiro
Do meu pé de cajarana
Oiticica e da banana
Da raposa e da cana
Do frondoso juazeiro.
Lembro a moça fagueira
Do banho na cachoeira
Do florar da catingueira
E do pé de mulungú
Lembro a pedra atravessada
Avoante em revoada
A canafístula florada
Dopar-darco e coaçu.
Ainda lembro a cauã
Urubu e jaçanã
E sempre pela manhã
Seriemas em dueto
Da Asa-branca também
Da andorinha e vem-vem
A mãe–da-lua no além
Teotônio catando graveto.
Do cântico do inhambu
Alganzarra do jacu
Camaleão e teú
Lagartixa na parede
Lembro a cobra jararaca
Do tsiu e curicaca
Manjericão, alfavaca
E eu dormindo na rede.
Eu lembro aquele lajedo
Ali passando bem cedo
As vezes me dava medo
De coisas do outro mundo
Lembro o cantar do xexéu
No universo o véu
E das estrelas no céu
Do velho sujo e corcundo.
Lembro a cobra corredeira
Da cascavel na pedreira
Do roço da capoeira
Da cata do algodão
Lembro o roço das estradas
E das enormes boadas
Das festas de vaquejadas
Da debulha do feijão.
Do meu pé de aroeira
Limoeiro e pinheira
Marmeleiro e laranjeira
Do sabiá na floresta
Do luar da cor de prata
Prateando a verde mata
Corduniz em serenata
Rolinhas fazendo festa.
Lembro os pombos no
terreiro
O meu cavalo bacheiro
Do jumento traiçoeiro
E do burro machador
Carcará e mergulhão
Garças brancas e carão
Do vaqueiro de gibão
Do socó e do pescador.
Inda lembro as cantorias
Caçadas e pescarias
Saborosas iguarias
Da floresta e matagal
Lembro as cabras no
chiqueiro
O futebol no terreiro
Do aboio do vaqueiro
E das vacas no curral.
Das ovelhas que criei
Dos caminhos que passei
Lugares por onde andei
Da minha lida com gado
Das moças que namorei
Das roças que trabalhei
E tudo que eu passei
Eu ainda estou lembrado.
Francisco Erivaldo Pereira
Alencar
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