quarta-feira, 3 de setembro de 2014

1.759 – FAÇAM POR MIM ENQUANTO TENHO VIDA E NÃO SOMENTE DEPOIS QUE EU MORRER

Autor: Erivaldo Alencar.

Letra: 03 09 2014 e música:

Todas as pessoas em minha cidade
Conhecem-me e sabem aonde moro
Todos sabem que passo necessidade
E conhecem a dor pela qual eu choro
Até as crianças sabem quem eu sou
De onde vim e para onde vou
Mas fingem não conhecer o meu sofrer
Não tenho residência desconhecida
Façam por mim enquanto tenho vida
E não somente depois que eu morrer.

É claro que tive momentos felizes
E que colhi bons frutos no passado
Mas porém nos momentos infelizes
Ao abismo do fracasso fui lançado
Já nem lembro mais quantas vezes caí
Nem quantas vezes levantei e persisti
Com propósito de em pé permanecer
Aos que podem rogo de cabeça erguida
Façam por mim enquanto tenho vida
E não somente depois que eu morrer.

Eu nasci lá no sítio Comboeiro
Na zona rural de Acopiara
Sou cearense cidadão brasileiro
Dotado de inteligência rara
Na roça cedo eu fui trabalhar
E lá não tive chance de estudar
Cuidar da criação foi meu lazer
Sendo pobre rogo de mão estendida
Façam por mim enquanto tenho vida
E não somente depois que eu morrer.

Sai da roça e fui ser empregado
Mas logo voltei à terra natal
Também fui feirante em tempo passado
Na oficina e comércio foi legal.
No futebol time e ligas fundei.
Eu gastei tudo que eu tinha quebrei
Foi aí que começou o meu sofrer
Então vou a voz com alma constrangida
Façam por mim enquanto tenho vida
E não somente depois que eu morrer.

Sou inquietante e jamais descansei
Também criei associação comunitária
Em defesa dos artistas fundei
Uma instituição literária
No esporte trabalhei com criança
Deficitário mas na esperança
De ver a nossa cultura crescer
Pelo que fiz peço em contrapartida
Façam por mim enquanto tenho vida
E não somente depois que eu morrer.

Seja talvez por infelicidade
Ou mesmo por falta de competência
Já quase aos sessenta e seis de idade
Quase ao final da minha existência
Doente sentindo o corpo cansado
Por meu fracasso não me sinto culpado
Pois a sorte cuidou de me esquecer
Por toda luta por mim desferida
Façam por mim enquanto tenho vida
E não somente depois que eu morrer.

Pois de há muito tempo para cá
Tudo para mim está dando errado
Rebolo-me de cá e busco de lá
Mas só consigo ter mal resultado
Não consigo descobrir que é isso
Se é coincidência ou é feitiço
Ou se nasci somente pra sofrer.
Pra sair desta, rogo de mão erguida.
Façam por mim enquanto tenho vida
E não somente depois que eu morrer.

O meu sofrimento só vai se acabar
Quando alguém se compadecer em fim
Ou quando o poder público criar
Uma pensão vitalícia pra mim
Não esperem que eu me vá embora
Preciso muito ajudem-me agora
Só vocês podem acabar meu sofrer
Ouçam o apelo de quem cabalida
Façam por mim enquanto tenho vida
E não somente depois que eu morrer.


Francisco Erivaldo Pereira Alencar.

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